quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Bruno Boghossian – A fatura de Netanyahu fica mais alta

Folha de S. Paulo

Premiê prolonga conflito para adiar acerto de contas, mas frustração interna cobrará um preço alto

De tempos em tempos, o fantasma do pós-guerra dá um susto em Binyamin Netanyahu. Quando vê a assombração, o premiê fala grosso para reforçar a imagem de um líder irredutível. Dobra a aposta no massacre, enfrenta os rivais de Israel e adia o encontro final com a aparição.

A multidão que tomou as ruas de Tel Aviv e outras cidades do país nos últimos dias levou a um roteiro parecido. Pressionado a aceitar um cessar-fogo que permita a libertação de reféns, Netanyahu até pediu desculpas, mas disse que só vai parar a guerra quando o Hamas for eliminado.

A dimensão dos protestos sugere que os humores nacionais não vão se dissipar tão facilmente quanto Netanyahu gostaria. As manifestações podem ser insuficientes para forçar um cessar-fogo, mas o acúmulo de frustrações com a condução da guerra tem tudo para encaminhar o primeiro-ministro para um acerto de contas mais doloroso quando esse momento chegar.

Antes da notícia de que seis reféns israelenses haviam sido encontrados mortos, 67% dos cidadãos do país já diziam apoiar a criação de uma comissão independente para investigar as circunstâncias dos ataques de 7 de outubro do ano passado. Quase 90% do país concordava que era preciso determinar a responsabilidade de agentes políticos.

Netanyahu é o nome pintado no alvo de muitos desses israelenses. O pessimismo com o futuro da segurança nacional, tema caro aos eleitores, atingiu seu maior índice em anos. Muitos cidadãos de direita não conseguem mais sustentar bons níveis de apoio ao premiê nessa área.

Seus adversários sentiram o cheiro que vem das ruas. O centrista Yair Lapid anunciou adesão à greve geral convocada no país. Benny Gantz, da aliança de centro-direita, participou de um dos protestos contra Netanyahu.

A rede de apoio internacional ao premiê também se esgarça. Joe Biden disse que Netanyahu não faz o suficiente pelos reféns, e o governo do Reino Unido suspendeu a venda de algumas armas.

O prolongamento do conflito ajuda Netanyahu a evitar uma ruptura imediata, capaz de derrubar seu governo, mas a fatura política do pós-guerra vai ficando cada vez mais alta para o premiê.

2 comentários:

Daniel disse...

Quem deve ser eliminado é o GENOCIDA Netanyahu! Depois de comandar o assassinato de mais de 40 mil palestinos, a grande maioria mulheres e crianças, quase não restam mais crimes pelos quais possa ser acusado. Transformou Israel num Estado TERRORISTA, o que pesará sobre os judeus pelas próximas décadas. Depois de judeus terem sido brutalmente atingidos pelo Holocausto nazista, os judeus israelenses agora são responsáveis pelo GENOCÍDIO de dezenas de milhares de inocentes palestinos. Carregarão tal culpa esta e as próximas gerações de israelenses que apoiaram os CRIMES DE GUERRA das forças armadas de Israel, bem como seus diplomatas MENTIROSOS em todas as partes do mundo, que defenderam Netanyahu e atacaram a ONU e governos da África do Sul, Brasil e outras nações, que tentaram conter o GENOCÍDIO apoiado por EUA e Europa.

ADEMAR AMANCIO disse...

Pois é.