O Estado de S. Paulo
Bolsonaro é réu, inelegível e doente, Lula
beira os 80 anos, cansado e impopular; 2026 é grande incógnita
A nova cirurgia de Jair Bolsonaro, de 12
horas, joga luzes sobre a grande incógnita da eleição presidencial de 2026,
quando os dois principais líderes políticos do País, Bolsonaro, pela extrema
direita, e Luiz Inácio Lula da Silva, pela esquerda, dão sinais de que terão
dificuldades para se candidatar e, portanto, para manter a sólida polarização
brasileira.
Bolsonaro, 70 anos, tem sofrido efeitos colaterais bastante graves da facada que quase o matou durante a campanha de 2018, que ele venceu, e não se pode dizer que tenha exatamente uma saúde de ferro.
Mas o pior é que ele, além de inelegível,
enfrenta um julgamento difícil e carregado de provas como “chefe da organização
criminosa”, segundo a PGR, que planejou e tentou dar um golpe de Estado no
País. Seu grande risco é estar atrás das grades na eleição.
Lula, 79 anos, curou-se de um câncer de
garganta, mas, já no terceiro mandato, levou um tombo no banheiro e teve de
fazer mais de um procedimento para estancar um sangramento intracraniano. Terá
80 anos na posse do futuro presidente e 84 no fim do próximo mandato
presidencial. Além disso, Lula enfrenta popularidade preocupante, um Congresso
hostil, uma oposição muito articulada e uma montanha de críticas,
principalmente na mídia e inclusive entre aliados.
A diferença é que Bolsonaro está rouco de
tanto dizer, e tentar convencer, que será candidato, mas, ao contrário de Lula,
sofre uma competição cada vez maior no próprio bolsonarismo.
O nome mais em evidência é o de Tarcísio de
Freitas, governador de São Paulo, mas ele é seguido pela ex-primeira-dama
Michelle, governadores como Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado e os tais “outsiders”
que usam as pesquisas e abusam das redes sociais.
O problema de Lula é inverso: a falta de um
sucessor, como já lhe cobraram dois ícones latino-americanos, Pepe Mujica, da
esquerda, e o cacique Raoni, líder indígena. É como se a esquerda nacional só
tivesse uma alternativa, ou Lula ou Lula. De uma pobreza de dar dó – dó e um
certo pânico, que permeia os debates de Brasília, mas é tratado sob
constrangimento. Quem mais tem, ou teria coragem, de botar o dedo nessa ferida
para Lula, como Mujica e Raoni?
Se Lula e Bolsonaro são incertos e não
sabidos e a polarização está em risco, era de se esperar que o centro se
articulasse para entrar de cabeça nesse vácuo, mas quem, e o que, sobrou do
centro no Brasil? O País é dividido entre 30% da esquerda, 30% do bolsonarismo
e 30% que não é de nenhum dos dois lados. Está num limbo, sem ver a luz no fim
do túnel. Um ano e meio antes das eleições, 2026 é uma enorme incógnita.
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