segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Opinião do dia: Persio Arida

Qual candidatura rival representa o maior risco ao País?
Bolsonaro é um risco à democracia. No passado, várias vezes falou em fechar o Congresso. A vocação totalitária está clara. Alguém que diz que seu livro de cabeceira é do Coronel Ustra empreende uma tentativa de revisão da ditadura como algo positivo, o que é um risco. Conheci Ustra. Fui preso, passei noites ouvindo os gritos das torturas que aconteciam. O revisionismo que se tenta fazer hoje é arrepiante. É exatamente o revisionismo na Alemanha de quem tenta dizer que nunca houve holocausto.

Bolsonaro é o maior risco?
Se Haddad de fato for o Lula, é um risco também. Alguém que incita o povo contra a Justiça, procura fazer o descrédito da Justiça e ataca as instituições é um risco à democracia, sim.


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Persio Arida, economista, coordenador do programa econômico de Geraldo Alckmin. ‘Bolsonaro faz o mesmo que Hugo Chaves’, entrevista, O Estado de S. Paulo, 16/9/2018

Marcus André Melo: Voto útil e a vantagem estratégica do centro

- Folha de S. Paulo

Bolsonaristas e petistas preferem um candidato de centro a seus antípodas ideológicos

O voto útil converteu-se no principal protagonista das eleições. Não podia ser diferente dada à forte fragmentação de candidaturas e seu elevado grau de competitividade.

O quadro é consequência do choque da Lava Jato que se abateu sobre os dois partidos que vertebravam a disputa política. A atual foi prefigurada no cenário “bispo contra comunista” do pleito do Rio em 2016.

Candidaturas extremistas só se tornam viáveis quando o centro entra em colapso. Mas no nível federal este foi assimétrico.

Embora a Lava Jato tenha abatido a o líder da antiga oposição e também debilitado brutalmente o PT, o quadro foi parcialmente revertido em relação a este partido. Isto se deveu a três fatores.

Primeiro, a ascensão de Bolsonaro que fez o PT ressurgir das cinzas, o que por sua vez alimentou a própria candidatura do capitão reformado.

Segundo, a prisão de Lula e a estratégia de vitimização perseguida que lhe permitiram tornar-se o ponto focal da cobertura midiática.

Vinicius Mota: País terá de conviver com a direita popular

- Folha de S. Paulo

Repulsa a políticos tradicionais, antipatia à elite da burocracia e do mercado e clamor por ordem se enraízam na população

O espectro de um inédito movimento de massas de direita ronda o Brasil. Ativou-se em 2013 como derivado silencioso das marchas dos mais ricos nas ruas.

Constitui-se de pequenos proprietários, como os caminhoneiros recém-rebelados e os empreendedores familiares dedicados a arrancar em ambiente hostil o sustento que não vem do emprego.

Alastra-se pelo gigantesco setor de serviços de baixa produtividade. Caixas, frentistas, cobradores, motoristas, secretários, operadores de telemarketing, mecânicos, entregadores.

Ganha corpo nas densas categorias de remuneração inferior da burocracia dos governos. São policiais e integrantes das Forças Armadas, técnicos e auxiliares administrativos.

Atrai simpatizantes entre quem depende da aposentadoria do INSS acima do salário mínimo. A direita popular brasileira não tem pele clara e está mais próxima do cotidiano violento das cidades.

Celso Rocha de Barros: Os bolsonaristas querem dar um golpe

- Folha de S. Paulo

Resta perguntar como chegamos ao ponto de essa proposta liderar as pesquisas

Bom, é isso, amigo. Se você quiser eleger Bolsonaro, aproveite, porque deve ser seu último voto. Depois da última semana, não há mais dúvida de que o plano dos bolsonaristas é dar um golpe. Golpe mesmo, golpe raiz, não esses golpes Nutella de hoje em dia.

Sejamos honestos, nunca houve motivo para suspeitar que Jair Bolsonaro fosse um democrata.

Nunca vi uma entrevista em que Bolsonaro prometesse reconhecer o resultado da eleição em caso de derrota. O que vi várias vezes foi discurso picareta sobre urnas eletrônicas.

Bolsonaro defendeu a ampliação do número de membros do Supremo Tribunal Federal, o que é a página 2 do manual do ditador. Chávez fez, a ditadura militar fez, todo ditador faz. Afinal, a Constituição é o que o Supremo disser que é: se você encher o Supremo de puxa-sacos, a Constituição passa a ser o que você quiser. Daí em diante, você é ditador.

Bolsonaro escolheu como companheiro de chapa Hamilton Mourão. Em entrevista recente à GloboNews, Mourão defendeu que o presidente da República (qualquer presidente? Um eventual presidente Boulos?) tem o direito de dar um "autogolpe" se perceber que há uma situação de anarquia.

Na verdade, ninguém tem mais condições de criar anarquia do que o próprio presidente da República. Por esse motivo, nenhum país sensato deixa que o presidente vire ditador se achar que há anarquia demais.

O mesmo Mourão agora defendeu que se faça uma nova Constituição sem essa frescura de envolver gente eleita pela população.

A Constituição seria feita por uma comissão de notáveis; "notável" é como ditador chama os próprios puxa-sacos.

Fernando Gabeira: Ninguém responde ao general

- O Globo

Não acho que valha a pena agora uma discussão sobre 1964 ou a Guerra do Paraguai. O agora é muito delicado

De novo na estrada, no centro de Minas, a 700 quilômetros do Rio. Deixei um clima político bastante polarizado. A série de entrevistas com candidatos mostrou como o mesmo trabalho pode parecer contrário ou a favor do entrevistado, dependendo do ângulo do espectador.

Eu mesmo fui criticado por não ter respondido ao general Mourão sobre heróis e tortura. As pessoas talvez desconheçam a fronteira entre uma entrevista e um debate.

Como jornalista, ouço as pessoas, registro no meu caderno ou gravo as opiniões colhidas. Às vezes, refaço a pergunta, apenas para obter mais transparência nas ideias e projetos. Quando a entrevista é em conjunto, trata-se de um ritual coletivo que tem como objetivo oferecer uma visão mais completa do personagem, dentro de um determinado prazo.

Se alguém diz “heróis matam”, não posso contestá-lo. E se o fizesse, diria apenas que heróis também matam, a julgar pela História, inclusive da esquerda e das lutas anticoloniais.

Heróis morrem pela liberdade, ora lutando pelos irmãos de cor, como Martin Luther King, ora pela paz, como Mahatma Ghandi. Herói apenas salvam vidas, como a professora Helley Abreu, na escola incendiada em Janaúba.

Às vezes, heróis não matam nem morrem. Simplesmente dedicam-se a ajudar os outros. Conheci Noel Nutels no aeroporto de Belém, e ele me contou como cuidava dos índios, sobretudo de seu pulmão. Fiquei impressionado com ele até hoje. Isso tem mais de meio século.

Não conheci Nise da Silveira pessoalmente. Mas quando vi o que fez pelos doentes mentais, livrando-os do choque elétrico e despertando sua visão estética, compreendi que sua vida também teve um grande propósito.

Quanto à tortura, sou bastante tranquilo ao condená-la. Hoje, o Brasil subscreve acordos internacionais que a varrem de nossas práticas cotidianas. Não significa que cessaram: apenas são ilegais.

Ao defender a tortura em nome de grandes ideais, a direita cai na mesmo equívoco da esquerda. Adota o lema: os fins justificam os meios.

Rosiska Darcy de Oliveira: Salvadores e justiceiros, não

- Globo

A construção de uma nação é uma tarefa de séculos, sua ruína pode ser precipitada por uma irreparável sucessão de desastres. Um país destroçado, tanta violência no ar, o medo ditando gestos, o ódio na ponta da língua, afiado como a loucura na ponta da faca. Falsos profetas vendem felicidade a preço de voto.

A radicalização entre extremos vem sendo alimentada por aqueles a quem ela interessa. Bolsonaro e o PT alimentam-se um do outro, sacudindo a bandeira do medo, o pior dos conselheiros. Ambos se querem como adversários no segundo turno. Em proveito próprio, reduzem ao “nós contra eles” a complexidade de um país diverso, de uma sociedade perplexa e assustada.

Essa falsa polarização deforma a imagem do Brasil como um espelho de circo. Anula a metade dos eleitores que recusa esses extremos e matiza seu voto nos tons da diversidade de opiniões, do pensamento sem cabresto. Será um trágico mal-entendido se, por um jogo de circunstâncias — uma fragmentação de candidaturas similar à que elegeu Crivella prefeito do Rio — um ou outro extremo sair vencedor, deixando atrás de si mágoas e juras de vingança do derrotado que se arrastarão pelos anos vindouros. E, frustrada e excluída, a metade dos eleitores que se recusam a participar dessa guerra de facções.

O enfrentamento dos problemas que nos assombram caberá a quem souber somar os honestos e competentes, e esses, sim, saberão se multiplicar. Não subtraindo nem dividindo. Falando de paz e não de guerra, de futuro, não de regressão.

Cacá Diegues: Para vencer a razão

- O Globo

Não podemos deixar de perseguir utopia democrática. Mas precisamos imaginar novas formas de pensá-la

No caos que nos atordoa, às vésperas de uma eleição que nos parece imprevisível e decisiva, o que nos consola é saber que o tempo que vivemos vai passar um dia. E será certamente lembrado como um tempo de tensão, que quase nos levou ao terror. Só não o conseguiu porque, no fim desse tempo, há uma inevitável eleição que todos exigem democrática. Todos os partidos que disputam o sucesso eleitoral se consideram viáveis, não havendo por que evitar ou alterar de modo irregular seu desfecho, por uma facada ou pelos dedos em forma de arma.

A democracia no Brasil, embora desmoralizada pela corrupção, pelo escárnio às leis e pela falta de representatividade, ainda é um valor cujo respeito assegura a viabilidade política do país. Ainda não precisamos argumentar com ameaças sociais para ignorá-la, como na Venezuela. Em vez disso, cada um luta para conquistar o voto dos cidadãos, algo que convencionamos ser indispensável para exercer o poder. Como diz Conrado Hubner Mendes, temos que evitar a raiva, porque “a raiva pode vencer a razão”.

Não sei se esta será a última eleição democrática no país, como alguns analistas julgam e começam a teorizar sobre, em vista do retorno das ameaças militares e do autoritarismo voluntarista da extrema esquerda. Não sei se os campos que sairão frustrados dessas eleições terão disposição e força para romper o compromisso democrático que os levou à urnas, apostando no golpe ou no caos para impor seu projeto. Por enquanto, os interesses múltiplos de todos os lados nos protegem dessas aventuras. Da crise da democracia representativa, entre nós e no mundo, é que ninguém tem como nos proteger.

Fernando Limongi: Os sem noção

- Valor Econômico

Ninguém contribuiu mais para a operação desastrada que Gilmar

"A prefeitura é, tradicionalmente, ao lado da vereança e da promotoria pública, um dos primeiros degraus da carreira política em nossa terra". O juízo é de Victor Nunes Leal, autor do clássico "Coronelismo, Enxada e Voto", escrito em 1949. A constatação se aplica à Primeira (1889-1930) e à Terceira República (1945-1964).

A Constituição de 1988 veda que promotores concorram a cargos eletivos. Foi o preço que a corporação aceitou pagar pelo reforço de seu poder e de sua autonomia.

Promotores obtêm seus cargos por meio de concursos. Para todos os efeitos, uma vez admitidos na carreira, exercem suas funções de defensores do povo pelo resto da vida. O controle e a fiscalização são mínimos, para não dizer que inexistem. Prevalecem a responsabilidade e a ética individual. Em português corrente: no interior da instituição, cada um faz o que acha certo.

Prefeitos e vereadores, como de resto os demais políticos, são eleitos e seus mandatos são renovados em intervalos regulares. No Brasil, as taxas de reeleição são altas, mas a anos luz de distância das verificadas nos Estados Unidos, onde cadeiras na Câmara são quase vitalícias.

O ministro Luís Roberto Barroso acredita que concursos têm sido mais democráticos do que eleições. Por meio de concursos, afirma o ministro, "pessoas vindas de diferentes origens sociais, desde que tenham cursado uma faculdade de direito e tenham feito um estudo sistemático aplicado, podem ingressar na magistratura". O mesmo raciocínio, obviamente, se estende ao Ministério Público.

*Denis Lerrer Rosenfield: O PT e o PCC

- O Estado de S.Paulo

Melhor um alerta lúcido que as consequências nefastas da renúncia à soberania nacional

O PCC está fazendo escola. Estabeleceu uma forma de organização presidida por criminosos em presídios, que dão ordens a todos os seus membros. Comandam da carceragem toda uma série de operações, que são executadas por comparsas agindo enquanto homens livres. Seu raio de ação abarca o território nacional graças a uma hierarquia claramente estabelecida, estendendo seus braços até para o exterior, como é o caso do comércio de armas e do narcotráfico. Presidente é presidente, independentemente de ser presidiário. Chefe é chefe e, como tal, deve ser obedecido.

Seria de esperar que esse modelo de atuação, além de ser devidamente combatido, ficasse restrito à sua esfera específica de influência. Evidentemente, a segurança do País disso depende. Esse modelo, porém, para surpresa geral foi imitado pelo PT, em particular por seu chefe, que segue, do ponto de vista formal, os mesmos moldes de operação.

O que menos se poderia esperar é que a política seguisse o modelo de uma organização criminosa. A política, em sua inspiração ateniense, seria um modo de congregação pública pela via da razão, não o apêndice de um partido que chama a si toda uma hegemonia pela ação de um presidiário. Presidiário condenado em todas as instâncias legais e constitucionais do País, tendo exercido o seu livre direito de defesa e sustentando publicamente suas posições, graças, em boa medida, a uma mídia e a jornais complacentes.

O ex-presidente Lula, condenado, está cumprindo pena. Goza, porém, de condições carcerárias não autorizadas para outros cidadãos. Trata-se de um criminoso especial. Costuma falar da igualdade de todos os brasileiros, mas não aceita, de modo algum, ser considerado um igual. Acima de todos os cidadãos e acima até mesmo das leis do seu país. Sua cela se tornou um centro de comando, com a anuência das autoridades públicas que deveriam ter exercido controle sobre essa falta de limites morais e jurídicos. Recebe partidários mascarados de advogados, com os quais discute a estratégia partidária a ser seguida. De lá emanam ordens que vão ser, depois, seguidas pelo partido. Ao contrário do PCC, que guarda sigilo, Lula e o PT fazem isso à luz do dia.

Cida Damasco: Pobres e desiguais

- O Estado de S. Paulo

Quadro social impõe agenda de combate a disparidades, inclusive de gênero

Esqueçam as discussões sobre metodologias e ideologias. Há dados de várias fontes e análises de vários especialistas que comprovam o avanço das desigualdades no País nesses tempos de recessão e crescimento microscópico – e deixam à mostra o tamanho dos desafios que serão enfrentados pelo novo ocupante do Palácio do Planalto e sua equipe, se a intenção for mesmo formular e ampliar políticas públicas destinadas especificamente a reverter essa trajetória.

Os programas de governo já apresentados ao público pelos candidatos à Presidência da República destinam um bom espaço para a arrumação do setor público e seu reposicionamento na economia do País – e é natural que seja assim. Afinal de contas, com um Estado endividado, inchado e disfuncional, não há programa de redução de pobreza e disparidades que vá em frente. Mas também com um rearranjo do setor público com foco concentrado, digamos, num equilíbrio “contábil”, sem a montagem de redes de proteção social, dificilmente vai acontecer alguma coisa significativa em matéria de redução de desigualdades. Pelo menos num prazo razoável.

Dois estudos recém-divulgados revelam o peso dessa realidade sobre a sociedade brasileira. O primeiro, da FGV Social, quantifica o impacto da crise econômica, especialmente do desemprego, no aumento da pobreza e das desigualdades. Foi um avanço de 33% na miséria nos últimos quatro anos, que resultou num contingente de 23,3 milhões de pessoas, o equivalente a 11,2% da população, vivendo abaixo da linha de pobreza, com rendimento de até R$ 232 por mês. No mesmo movimento, a desigualdade também se acentuou nesse período, como demonstra a evolução do chamado índice de Gini – que é mais elevado quanto maior é a desigualdade e vice-versa. A alta do índice ocorreu num ritmo 50% maior do que a queda observada nos bons tempos de melhora na distribuição de renda, iniciados em 2001. Em outras palavras, o aumento das disparidades sociais foi bem mais acelerado do que a sua redução.

Luiz Carlos Mendonça de Barros: Brasil e o caos político de Fellini

- Valor Econômico

O sistema político entrou em colapso e o vazio criado vem sendo ocupado por partidos caóticos e frágeis

Uma das últimas obras de Federico Fellini - "Ensaio de Orquestra"- em princípio seria uma ode aos instrumentos e à música clássica, mas acabou tornando-se um marco pela sua temática política. Sensibilizado pela radicalização na Itália dos anos oitenta do século passado, Fellini utiliza-se de uma orquestra como imagem de toda a sociedade italiana para explorar alguns caminhos da radicalização política que se vivia à época.

No início dos créditos do filme ouvimos o barulho de trânsito repleto de buzinas, simbolizando uma mescla de desorganização com falta de educação; e isto se concretiza com a chegada dos músicos na capela onde será feito o ensaio da orquestra. Neste momento conhecemos o maestro que, como todo líder, organiza as pessoas e inicia o ensaio. No filme ele tem a fala grossa e, não admitindo os erros dos músicos, os adverte de forma bastante agressiva, quase desrespeitosa.

Logo os músicos, infelizes com a situação "humilhante" a que estão sendo submetidos, se revoltam, quebram cadeiras da capela, cantam e escrevem nas paredes palavras de ordem, jogam dejetos nos quadros de músicos consagrados e acabam substituindo seu regente por um metrônomo. Como em todo processo de radicalização política, prontamente surgem diferenças entre os manifestantes que se encontram perdidos em meio ao caos que criaram; a baderna perdura até que uma tragédia - a morte de um músico - acontece e todos entram em desespero. O momento torna-se propício para o maestro voltar e restabelecer com autoridade a ordem local e, como uma paródia direta a Hitler, volta a comandar seus súditos de forma ditatorial e em alemão.

Angela Bittencourt: Com "esquerda" na mira, mercado avalia riscos

- Valor Econômico

Volpon alerta para necessária agenda de crescimento

A eleição presidencial ganha complexidade a exatas três semanas do 1º turno de votação. Jair Bolsonaro (PSL) deve ter seu favoritismo confirmado pelas pesquisas de escopo nacional CNT/MDA e Ibope, que serão divulgadas hoje e amanhã, e deixa de ser uma "questão" a ser discutida neste momento. Sua posição está consolidada. Para o 1º turno.

Hospitalizado, mas deixando a UTI ontem, Bolsonaro, apresentado em análises de bancos internacionais a grandes investidores como sendo de "direita" ou "extrema direita", já não se resguarda dos holofotes. Ontem circulava nas redes sociais um vídeo do deputado em sessão de fisioterapia e dando alguns passos. Nesta segunda, as atenções devem se voltar para o seu concorrente imediato. O empate nas intenções de voto de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), revelado pela pesquisa Datafolha na sexta, sugere uma disputa a ser travada no campo da esquerda.

As sondagens MDA e Ibope poderão confirmar quem, entre eles, leva vantagem ou se o empate prossegue. Seja qual for o resultado dessas pesquisas quanto a Haddad e Ciro, os investidores e também os especuladores poderão, mais uma vez, comprar ou vender ativos para ganho rápido.

Reposicionamento mais firme especialmente de bancos será postergado para a última semana do mês, que é quando altos executivos do sistema financeiro esperam ocorrer a transferência e a consolidação para Geraldo Alckmin (PSDB) de votos atualmente destinados a João Amoêdo (Novo) e Alvaro Dias (Pode).

Cresce a expectativa de que as transferências finais de voto assegurem ao tucano a vaga para disputar o 2º turno com Jair Bolsonaro. Se Alckmin não decolar, o voto útil contra a esquerda já tem dono: o capitão do PSL.

Ricardo Noblat: Mourão é Haddad

- Blog do Noblat

Sem filtros

O general da reserva Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), é o novo xodó de jornalistas à caça de quem lhes diga o que de fato pensa.

Perguntou, ele responde no ato. No último fim de semana, um deles perguntou-lhe qual seria o candidato mais fácil para ser derrotado por Bolsonaro em um eventual segundo turno.

Mourão disparou na hora: “Haddad”. Disse por que: dado ao sentimento contra o PT que ele sente por toda parte, e que as pesquisas de intenção de voto atestam.

Mourão ainda não desistiu do propósito de substituir Bolsonaro em debates na televisão. Diz estar pronto para isso. Não teme o confronto.

Como já disse
O chefe das Forças Armadas, segundo a Constituição, é o presidente da República. É ele, e somente ele, portanto, quem em nome delas pode falar sobre temas políticos de repercussão geral.

Aos comandantes das três armas – Exército, Marinha e Aeronáutica -, cabe falar sobre assuntos administrativos e aqueles diretamente afeitos aos cargos que ocupam.

Militar não é igual a civil. O que os distingue não é só a farda que um veste e o outro não. Militar tem acesso a armas pesadas, pilota brucutu, maneja tanques e é treinado para matar.

Se um deles fala qualquer coisa, soa diferente do civil que diga o mesmo. Porque um tem a força capaz de pulverizar literalmente quem quer que seja. O outro, só a força da palavra e do voto.

Ações em período eleitoral expõem o Judiciário e o MP: Editorial | Valor Econômico

Operações policiais deflagradas contra importantes políticos do PSDB e do PT em dias seguidos ressuscitaram na semana passada o debate sobre a atuação política do Ministério Público e do Judiciário em tempos de Lava-Jato. Quando a polícia prendeu o ex-governador do Paraná, Beto Richa, e fez buscas na casa do atual governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, o assunto já estava quente.

Semanas antes, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT, havia sido denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro às vésperas de ser confirmado como o candidato do PT à Presidência da República. Um de seus principais rivais na disputa, o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, foi acusado na mesma época de improbidade administrativa. Richa e Azambuja também vão concorrer nas eleições de outubro, o primeiro ao Senado e o segundo, à reeleição.

Independentemente das motivações, o fato é que as medidas tumultuaram o cenário eleitoral, o que para muita gente não precisava ter acontecido. Inclua-se entre esses o advogado Luiz Fernando Bandeira de Mello, membro do Conselho Nacional do Ministério Público. Na semana passada, ele protocolou na corregedoria do órgão um memorando pedindo apuração de supostas irregularidades nas medidas tomadas pelos procuradores contra os políticos.

O corregedor-geral do conselho, Orlando Rochadel, autorizou a abertura de uma reclamação disciplinar contra os promotores que atuaram nos casos de Haddad, Alckmin e Richa. A reação foi imediata, com vários integrantes do MP alegando uma tentativa de interferência nos trabalhos de investigação e persecução. Antes, qualquer crítica aos excessos se devia, segundo alegavam procuradores, a quem queria acabar com a Lava-Jato. Agora, simplesmente denunciam "mordaça". Tanto antes quanto agora nenhuma voz tomou a frente para dar explicações que possam esclarecer o momento para deflagrar as operações.

Gerir a herança: Editorial | Folha de S. Paulo

Candidatos precisam administrar expectativas para que próximo governo não assuma com crise

Qualquer candidato a presidente precisa ter consciência de que o sucesso de seu governo dependerá do bom manejo de receitas e despesas, além de condições favoráveis para o financiamento da crescente dívida pública.

Ainda em campanha, todo postulante deve fazer um exercício prático, ainda que simulado, de administração —explicar ao eleitorado como pretende lidar com o principal desafio de seu mandato.

Este será, necessariamente, o enorme déficit orçamentário, que torna necessário recorrer a dinheiro emprestado até para os gastos cotidianos como salários, aposentadorias, Bolsa Família, material escolar, água e luz.

Os presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas ao menos reconhecem o problema, em graus variados. Sem exceção, entretanto, todos têm se mostrado vagos ou pouco realistas ao explicar como pretendem enfrentá-lo.

Não bastam juras de austeridade ou metas ambiciosas de resultados. Há que expor uma estratégia factível, a começar pela viabilidade política; cumpre detalhar o que fazer quanto aos temas fundamentais da reforma da Previdência e do reajuste do salário mínimo.

Não há perspectiva, por ora, de que as contas se reequilibrem antes de 2021. Calcula-se rombo de R$ 139 bilhões no próximo ano, mesmo sem considerar os encargos de uma dívida em expansão diária.

Um pacote de modernização: Editorial | O Estado de S. Paulo

Para voltar a crescer e retornar ao grupo das economias dinâmicas, o Brasil precisa com urgência de impostos mais modernos e mais compatíveis com a eficiência. O País continua operando, e muito mal, com um sistema criado há meio século, coberto de remendos e ampliado com tributos inventados para extrair mais dinheiro do mercado, quase sem preocupação com a produtividade e o poder de competição internacional. Incentivos também foram inventados, mas seus efeitos positivos, às vezes muito limitados, tornaram o conjunto mais confuso, menos funcional e às vezes muito custoso para a União e para alguns Estados. Por todos esses fatos, é bem-vinda a iniciativa da equipe do Ministério da Fazenda de preparar um pacote de reformas para envio ao Congresso depois das eleições, ou, pelo menos, para legar ao próximo governo como contribuição.

São promissoras, até agora, as informações sobre as mudanças em estudo. Segundo informou a Agência Estado, o pacote inclui simplificação do sistema, novos critérios de tributação de lucros e dividendos, alteração do Supersimples e um começo de revisão e redução da enorme lista de isenções e reduções de encargos.

O efeito mais notável das inovações, se passarem pelo Congresso e forem sancionadas pelo próximo presidente da República, será um grande ganho de racionalidade. A proposta começa pela unificação do PIS e da Cofins num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) gerido pelo governo federal. A tributação do lucro empresarial será reduzida, para alinhar-se aos padrões internacionais, e ao mesmo tempo será tributada a distribuição de dividendos – um novidade no sistema brasileiro.

Universidades públicas precisam se reinventar: Editorial | O Globo

Além de apresentarem elevados déficits, não prestam contas como deveriam ao contribuinte

As universidades públicas têm de se reinventar, e com urgência. A virtual falência de duas instituições do Rio, a federal UFRJ e a estadual Uerj, é sintoma da exaustão de um modelo de política educacional que contempla uma expansão contínua de gastos financiados por orçamentos federais e estaduais cada vez mais limitados. Na primeira década deste século promoveu-se uma forte expansão do ensino superior público e gratuito. Das 45 universidades federais e 148 campi existentes em 2002, avançou-se para 63 universidades e 321 campi. Um programa de incentivos, executado entre 2007 e 2012, levou à ampliação dos cursos oferecidos (53%), do número de vagas (70%) e das matrículas (66%).

A propaganda oficial do período, focada nos dividendos eleitorais dessa iniciativa, encobriu o legado da desorganização governamental. Em 2013, meses depois do fim dos incentivos federais à ampliação universitária, a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior diagnosticou: “Com a expansão desordenada, os problemas estruturais que as universidades públicas enfrentavam se agravaram. Hoje, o que se vê, de Norte a Sul do país, são improvisações, obras inacabadas, equipamentos deteriorados e a mais absoluta falta de condições de lecionar e de fazer pesquisa.”

O que se tem, agora, é um quadro pior, como demonstra a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Neste ano, sua folha salarial vai consumir 87% do orçamento. Em 2013, representava 82%. Em apenas cinco anos, suas despesas com funcionários foram as únicas que cresceram acima da inflação. Somaram R$ 2,7 bilhões no ano passado, segundo dados do Ministério da Educação.

“Foi o PT que colocou o País nesta situação com 13 milhões de desempregados”, lembra Geraldo Alckmin

“É possível fazer o Brasil crescer muito sem deixar ninguém para trás” ,disse o candidato à Presidência Geraldo Alckmin, em visita a Rio Branco (AC) no último sábado (15). Ao tratar da grande capacidade empreendedora do brasileiro, o presidenciável salientou a importância de lançar um programa de fomento a micro, pequeno e médio empresários.

“O que o PT fez? O PT escolheu quem vai ficar bilionário, com crédito subsidiado do BNDES às grandes corporações pago pelos pobres. Isso aumentou o desemprego, porque quando concentra empresas, reduz a geração de vagas”, afirmou. “Eu andei por Rio Branco e tenho andado por todo o País. A gente vê as pessoas se virando como podem. O brasileiro quer trabalhar”, prosseguiu.

“É preciso ter uma visão de País: onde as pessoas precisam mais, o governo tem de estar mais presente. É tarefa dele reduzir a desigualdade”, afirmou. “O PT colocou o País nessa situação: 13 milhões de desempregados. O PT nos colocou na crise e Bolsonaro não tem a menor condição de nos tirar dela. O Brasil não vai voltar a crescer com radicalismo, nem de esquerda nem de direita”, disse Geraldo Alckmin (veja aqui as diretrizes gerais do programa de governo do candidato).

O PPS integra a coligação “Para Unir o Brasil” (PSDB, PTB, PP, PR, DEM, SOLIDARIEDADE, PPS, PRB e PSD) que apoia à candidatura do ex-governador de São Paulo.

Pesquisas
Sobre a disputa eleitoral, o tucano avaliou que as pesquisas apontam um cenário de estabilidade. “O processo eleitoral está em curso e muitas vezes isso se dá tão rápido que os institutos de pesquisa não conseguem pegar. Temos 51% das prefeituras do país. Isso vai fazer a diferença. Chegando ao 2º turno, vamos vencer a eleição. Governo não é pra fazer show, nem se perpetuar no poder. É para servir as pessoas”, afirmou.

”O PT, como sempre trabalhou para criar o nós contra eles, acabou criando os radicais do outro lado. E não é com radicalismo que vamos crescer. Não vamos atender as pessoas nos hospitais à bala, construir creches à bala, trazer investimentos e gerar empregos à bala. Tem muita gente votando no Bolsonaro porque é contra o PT. Um grande equívoco: votar nele é trazer de volta o PT”, disse Geraldo Alckmin. (Assessoria do candidato)

Para Alckmin, antipetistas deixarão Bolsonaro por voto útil

Por Estevão Taiar | Valor Econômico

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, reafirmou ontem confiança na sua estratégia de campanha, e disse recusar a hipótese de subir o tom das críticas contra seus adversários. Apesar de ser o dono do maior tempo de televisão, Alckmin vem encontrando dificuldades para subir nas pesquisas de opinião.

"Não adianta fazer campanha seis meses antes porque a definição é na chegada", disse durante caminhada no Campo Limpo, bairro na periferia da zona sul de São Paulo. "Não vou fazer campanha baseada em questões do momento."

Na pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, ficou numericamente em quarto lugar, com 9% das intenções de voto, atrás do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que lidera com 26%, do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), ambos com 13%.

De acordo com Alckmin, a tendência é que nas próximas semanas os eleitores antipetistas do candidato do PSL percebam que o voto no ex-capitão do Exército pode levar justamente à vitória de Fernando Haddad.

O ex-governador de São Paulo lembrou que Bolsonaro perde para os concorrentes nas simulações de segundo turno. No entanto, o deputado federal, além de liderar, é o candidato com o voto mais cristalizado no primeiro turno. Os eleitores do parlamentar são os que afirmam ter mais convicção e não mudarão de voto. E, na pesquisa espontânea, quando o entrevistado não tem a ajuda da cartela com o nome dos concorrentes, 22% já declaram voto em Bolsonaro, percentual próximo aos 26% da pesquisa estimulada.

Alckmin também tentou mais uma vez se mostrar como o candidato mais experiente para assumir o Palácio do Planalto. "Estamos preparados para colocar a casa em ordem", afirmou, citando o desequilíbrio das contas públicas e a piora do cenário externo.

Presidente do PPS e aliado de Alckmin, Roberto Freire também se disse confiante na estratégia atual, afirmando que a crise econômica fará com que o eleitor vote baseado na "razão". "A estratégia já está bem agressiva", disse.

Alckmin diz que segue com confiança e prega voto útil

Tucano disse que não irá fazer campanha em função das 'questões do momento'

Gustavo Schmitt | O Globo

SÃO PAULO — Até o momento sem decolar nas pesquisas para chegar ao segundo turno, o candidato GeraldoAlckmin (PSDB) disse neste domingo que segue com "confiança e sem stress" e negou qualquer mudança na sua estratégia de campanha, a despeito da pressão interna que enfrenta na campanha para subir o tom antipetista em seu discurso. Em corpo a corpo com eleitores na periferia da capital paulista, Alckmin voltou a defender neste domingo a possibilidade do voto útil em sua candidatura.

O tucano aparece estacionado com 9% de intenções de voto na última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira. Na sondagem, Alckmin foi ultrapassado pelo candidato Fernando Haddad (PT), cuja candidatura foi recém oficializada na semana passada, após o impedimento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquadrado na Lei da Ficha Limpa e que cumpre pena a 12 anos e um mês de prisão. Em primeiro lugar no levantamento está o ex-capitão Jair Bolsonaro (PSL), com 26%.

Segundo o Alckmin, a definição do voto do eleitorado deve ocorrer somente nos últimos 20 dias de campanha. Ao se apresentar como conciliador e o como o "único" candidato capaz fazer um ajuste fiscal nas contas públicas, Alckmin mirou nos adversários ao dizer que a situação da economia não será resolvida "com radicalismo, muito menos com populismo de esquerda, nem de direita".

— Eu não vou fazer a campanha em função das questões do momento. O que nós temos colocado é que não é na bala que resolve, nem com populismo. Vamos recuperar a economia com um grande ajuste fiscal, que traga crescimento e emprego. Vamos com confiança, sem estresse — disse o candidato, entre mordidas de pastel de queijo e goles de caldo de cana.

— A definição de voto é na chegada. Vai ser agora nesses 20 dias. Tem uma parte do eleitorado que está votando no Bolsonaro para derrotar o PT. Mas pode ser o contrário. Pode ser o passaporte pra volta do PT. Porque no segundo turno perde. Perde do PT — afirmou o candidato.

Na área de segurança, o candidato reiterou sua defesa por uma ação integrada de inteligência dos órgãos de segurança pra impedir a entrada de armas e drogas pelas fronteiras do país. O tucano visitou o Campo Limpo, um bairro da periferia da capital paulista e com histórico de violência. Ele lembrou que sua gestão no estado reduziu os homicios de 63 mil para 13 mil casos.

O candidato também comentou reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo. A matéria diz que decretos de desapropriações da gestão do tucano beneficiaram seus familiares que embolsaram R$ 3, 8 milhões. Ele negou qualquer irregularidade.

— Nenhum parente meu tem propriedades naquela região. O governo não pagou um único centavo. Quem paga é a concessionária. É muito triste você distorcer os fatos pra conseguir uma manchete.

Em SP, Alckmin faz apelo por voto útil no primeiro turno

Segundo o tucano, votar em Bolsonaro para derrotar o PT pode ser a estratégia errada

Marcelo Osakabe, O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, fez novo apelo, neste domingo, a favor da estratégia do voto útil já no primeiro turno da eleição deste ano. Segundo ele, existem eleitores que estão com Jair Bolsonaro (PSL)neste momento para tirar o PT do governo, mas a estratégia pode se mostrar errada.

"O que temos visto é que tem uma parte do eleitorado que está votando no Bolsonaro para derrotar o PT. Mas pode ser o inverso, pode ser um passaporte para a volta do PT. Porque no segundo turno, o Bolsonaro perde para todo mundo. Acho que isso vai ficar claro ao longo desses últimos 20 dias."

Alckmin cumpriu agenda de campanha na manhã deste domingo, no bairro do Campo Limpo, na periferia da zona Oeste da capital paulista. O tucano fez uma caminhada por uma avenida do bairro na companhia de Fernando Fernandes (PSDB), prefeito Taboão da Serra, cidade que faz divisa com o bairro. Cumprimentou lojistas e parou para comer um pastel de queijo e tomar caldo de cana na feira local.

O tucano, que tem tido dificuldade em crescer nas pesquisas mesmo com o maior tempo de TV entre todos os candidatos, também foi questionado sobre a possibilidade de elevar o tom contra o candidato do PT, Fernando Haddad, que tem subido rapidamente nas pesquisas de opinião desde que substituiu o ex-presidente Lula na chapa do partido. "O que temos dito é que não é na bala nem com radicalismos da esquerda ou direita que vamos fazer a economia voltar a crescer", despistou.

Rebateu suposto favorecimento a familiares
O presidenciável também criticou a matéria do jornal Folha de S. Paulo que afirma que ele teria assinado, enquanto governador do Estado, dois decretos que beneficiaram familiares e que renderam R$ 3,8 milhões a eles em um processo de desapropriação para a construção de uma rodovia em São Roque, a 70 km da capital.

"Uma das matérias mais injustas e inverídicas que já vi. Nenhum parente meu tem propriedade (na região). Um sobrinho da dona Lu foi casado com uma pessoa da região, em separação completa de bens, ela que tinha (propriedades). Não são mais casados", explicou. "O governo não pagou um centavo, quem pagou foi o consórcio e quem definiu o valor foi a Justiça."

Candidatos à Presidência atacam o PT

Os principais candidatos à Presidência concentraram ataques ao PT em suas atividades de campanha ontem. Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) criticaram Fernando Haddad, também alvo de Jair Bolsonaro (PSL), que, do hospital, falou ao vivo em rede social.

Adversários alinham discurso contra Haddad

Em campanha na capital paulista, Ciro se coloca como alternativa entre PT e Bolsonaro; Alckmin faz alusão a ‘populismo de esquerda’ e Marina Silva diz que Brasil não pode aceitar ‘promessas mentirosas de 2014’

Jussara Soares, Gustavo Schmitt e Dmitrius Dantas | O Globo

SÃO PAULO - Os presidenciáveis do PDT, do PSDB e da Rede aproveitaram suas agendas de campanha ontem em São Paulo para criticar o PT e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, que subiu para o segundo lugar nas intenções de voto depois que foi oficializado titular da chapa petista na disputa pelo Palácio do Planalto.

Empatado com Haddad nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) afirmou em conversa com militantes do movimento negro que o PT se acostumou ao poder e “abusa do carinho” dos brasileiros que sentem gratidão pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ciro evitou críticas diretas a Lula, mas disse que não se pode aceitar todas as determinações do ex-presidente nem que o “PT faça experiência com o Brasil”.

— Quando o Lula era presidente, o Brasil abriu mais de 20 mil indústrias. Se o céu é o mesmo, o chão é o mesmo, o povo é o mesmo, o que é que mudou? A política. O PT começou a abusar do carinho do povo. Botou a Dilma lá, que não tinha experiência, botou o Haddad aqui em São Paulo, que vocês conhecem. Não é porque somos gratos ao Lula que eles acham agora que o povo brasileiro tem que aceitar tudo o que o “seu” Lula mandar e acontecer.

No início da manhã, em um rápido discurso na entrada do Parque Ibirapuera, o pedetista voltou a afirmar que seu nome é a alternativa para quem não deseja ver eleito o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, nem quer um novo governo petista.

—Quero organizar todos os brasileiros, homens e mulheres decentes, que dão valor ao trabalho e que não querem ser levados a um segundo turno que os obrigue a escolher entre o fascismo ou premiar todas as contradições gravíssimas do PT — disse o candidato.

‘SEM ESTRESSE’
Ainda sem decolar nas pesquisas de intenção de voto, Geraldo Alckmin (PSDB) disse que segue com “confiança e sem estresse” e que acredita que o voto do eleitor só deverá se definir nos últimos 20 dias de campanha. Ao se apresentar como conciliador e como o “único” candidato capaz de fazer um ajuste fiscal nas contas públicas, Alckmin disse que a situação da economia não será resolvida “com radicalismo, muito menos com populismo de esquerda, nem de direita”.

—Eu não vou fazer a campanha em função das questões do momento. O que nós temos colocado é que não é na bala que resolve, nem com populismo.

‘PROMESSAS MENTIROSAS’
Marina Silva (Rede), que foi a principal prejudicada nas pesquisas de intenção de voto após a oficialização de Haddad como candidato do PT, disse que ainda há muita água para passar por debaixo da ponte e que não mudará seu discurso.

—O Brasil está diante de um grande desafio: vai entrar pelo caminho das promessas mentirosas de 2014, que a Dilma e o João Santana fizeram, e depois o Brasil foi para o buraco? Vai pelo caminho de dizer que a corrupção não tem problema, na lógica do rouba mas faz? O Brasil precisa firmar cada vez mais uma convicção de passar o país a limpo, de não permitir que nenhum daqueles que são contra a Lava-Jato voltem ao poder —afirmou Marina.

É triste saber que jornalismo é feito dessa forma, diz Alckmin sobre reportagem da Folha

Em compromisso de campanha em SP, presidenciável contestou texto publicado neste domingo

Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) contestou reportagem da Folha que mostrou que desapropriações em seu governo beneficiaram familiares.

"É duro", disse em caminhada em Campo Limpo, zona sul de São Paulo, neste domingo (16). "É triste saber que jornalismo é feito dessa forma."

Para o candidato, "é uma das matérias mais injustas e inverídicas" que já viu. "É vergonhoso a Folha de S.Paulo fazer isso."

"Nenhum parente meu tem propriedade naquela região. Um sobrinho da Lu [sua mulher] foi casado, não é mais, com uma moça em separação completa de bens. A família dessa moça é que tinha lá propriedade", disse.

Governador de São Paulo por quatro vezes, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) assinou dois decretos que levaram a desapropriações de terrenos envolvendo familiares.

As medidas, editadas em 2013 e 2014, mencionam como proprietários Othon Cesar Ribeiro, sobrinho do tucano, e Juliana Fachada Cesar Ribeiro, hoje sua ex-mulher e mãe de seus quatro filhos, para a construção de uma polêmica rodovia em São Roque, a 70 km da capital paulista. Os decretos resultaram em ações judiciais de desapropriação.

Othon é filho de Adhemar Ribeiro (irmão da ex-primeira dama Lu), cunhado de Alckmin citado em delações como arrecadador de caixa dois para campanhas do candidato.

Além de aparecer nos decretos, o sobrinho é também parte em um dos processos de desapropriação na Justiça que começou a tramitar em 2014.

Ele chegou a se apresentar pessoalmente em juízo ao lado da então mulher para tratar do assunto. Depois, em 2015, entrou com um pedido para ser retirado, alegando ser parte ilegítima pelo fato, segundo ele, de Juliana ser a proprietária e por eles serem, na época, casados no regime de separação total de bens. O juiz, porém, não o excluiu.

No Acre, Alckmin diz que segundo turno ainda está indefinido

Por Renato Rostás | Valor Econômico

SÃO PAULO - Ainda sem avanço expressivos nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse neste sábado durante agenda em Rio Branco (AC) que a eleição segue “indefinida”, segundo o G1. Para ele, ainda não há certeza de quem vai para o segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL).

“O que a gente identifica é que o segundo lugar está indefinido, vai ser definido agora nos próximos 20 dias. Está tudo na margem de erro e estamos trabalhando para chegar no segundo turno”, comentou o candidato.

A última pesquisa Datafolha mostra Bolsonaro liderando com 26%, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) empatados com 13% e Alckmin com 9%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo, os três têm empate técnico. Mas entre esses três, o tucano é o único que caiu, ficando mais próximo de Marina Silva (Rede), que teve 8%.

“Acho que o Brasil não aguenta mais ter populismo de esquerda do PT, que levou a 13 milhões de desempregados, nem populismo de direita do Bolsonaro, que não tem a menor condição de fazer o Brasil se recuperar”, afirmou Alckmin durante a caminhada em Rio Branco.

Marina ataca adversários em Vitória e mira discurso contra Dilma

Por Renato Rostás | Valor Econômico

SÃO PAULO - A candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, atacou hoje todos seus adversários durante agenda realizada em Vitória. Ela crê que a “decepção do povo brasileiro” com os resultados da hegemonia nas últimas décadas de PSDB, PT, MDB e DEM será o grande agente para lhe garantir a vitória.

“Eles entregaram o país pior do que encontraram, com mais de 13 milhões de desempregados”, criticou Marina. “Não vou cair no promessômetro nem nas mentiras. É preciso fazer o país voltar a crescer com credibilidade e nem PT nem PSDB são capazes disso.”

Um alvo específico de seu discurso foi a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016. A candidata da Rede afirmou que até o PT quer esconder o governo de Dilma. “É como se tivesse tido o governo do Lula e depois pulado para 2018”, declarou Marina.

Para a presidenciável, Dilma mentiu na campanha de 2014, quando foi reeleita. Naquelas eleições, a propaganda petista foi dura contra Marina, algo que a candidata já repreendeu anteriormente.

“O candidato do PT [Fernando Haddad] vai ter que explicar como o país do pleno emprego agora tem 13 milhões de desempregados”, afirmou Marina a jornalistas na capital do Espírito Santo. “É a mesma estratégia usada pela candidata que mentiu para o povo em 2014, fez promessas mentirosas e agora estamos pagando o preço. Ela estava com Temer e com o centrão e hoje o centrão está com Alckmin [PSDB].”

Queda de Marina gera reação e crítica interna

Por Daniela Chiaretti | Valor Econômico

SÃO PAULO - A 20 dias do primeiro turno das eleições, a candidatura de Marina Silva vive dois movimentos. A forte queda identificada nas últimas pesquisas de intenção de voto agravou críticas de pessoas próximas à ex-senadora sobre a estratégia adotada pela campanha. O momento delicado, contudo, também despertou intensa reação da militância nas redes sociais. O alerta fez a campanha se reprogramar para buscar reverter a queda.

"Temos uma candidatura ainda competitiva. Estamos a três semanas da eleição e estamos no páreo", disse ao Valor Lourenço Bustani, que divide a coordenação da campanha de Marina Silva com Andrea Gouvêa. "As últimas pesquisas, claro, mostram uma tendência, mas esta é a eleição mais incerta deste país. Podemos mexer no tabuleiro".

A "mexida no tabuleiro" começou no sábado. Militantes circularam novos vídeos nas redes sociais e promoveram "tuitaços" com a hashtag #ElaSim, identificando Marina, e em sintonia com o movimento de mulheres contra o candidato Jair Bolsonaro, expresso pela hashtag #EleNão. A disputa pelo eleitorado feminino, que responde por 52% do total, deu resultado virtual: por várias horas Marina esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter.

A outra meta é colocar a candidatura como "opção real de voto útil à nova polarização entre o PT e Bolsonaro", diz um colaborador. Na leitura do núcleo da campanha de Marina, hoje este espaço estaria sendo ocupado por Ciro Gomes, do PDT, e Geraldo Alckmin, do PSDB.

Neste esforço está saindo uma nova fornada de 13 vídeos com Marina e sem ela, feitos por cineastas e documentaristas como Fernando Meirelles e Tadeu Jungle ao lado de uma rede de outros voluntários.

"A campanha começa a mostrar os seus ativos", diz a fonte. Um dos vídeos lembra que o médico Eduardo Jorge, na chapa como vice-presidente, foi um dos criadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e co-autor da lei dos remédios genéricos. Diz que um dos criadores do Bolsa Família, o economista Ricardo Paes de Barros, e um dos nomes do Plano Real, Andre Lara Resende, têm em comum o fato de fazer parte da equipe de Marina Silva. "Governar com os melhores. Isso já começou", diz o slogan.

"Somos uma campanha que tem que fazer muito barulho com poucos recursos. Temos que nos diferenciar do emaranhado de conteúdo que está saturando os canais de TV e as redes sociais", segue Bustani, rebatendo as críticas da comunicação da campanha.

Um dos vídeos mais controversos exibidos recentemente mostra Marina gastando quase todos os 20 segundos de seu tempo empurrando um banquinho, sentando nele e respondendo "Não" à pergunta se ela é corrupta. "Quando o vi, confesso, quase enfartei", diz Pedro Ivo Batista, porta-voz do Rede e coordenador político da campanha. "Mas eu sou de outra geração. Depois entendi seu impacto"
.
O vídeo, diz Bustani, "viralizou". Foram quase 3 milhões de visualizações com um investimento de R$ 300. "Vemos com bons olhos quando a campanha está na boca do povo. Isso significa que estamos na pauta, o que, ao nosso ver, é positivo para uma campanha que não tem os mesmos megafones que outras."

Até agora, contudo, Marina perdeu metade de seu eleitorado em 20 dias, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. O desânimo abateu muitos "marineiros" na sexta-feira à noite, depois da divulgação do último Datafolha.

Diagnósticos de colaboradores do Rede enxergam fatores externos e internos explicando a queda de Marina. A entrada na disputa de Fernando Haddad, do PT, criou uma situação de maior clareza para parte do eleitorado. "Tem gente que achava que o candidato de Lula era a Marina", sugere um analista. "Marina tem grande penetração em setores de baixa renda, que são meio cativos do PT." A outra vertente externa seria a estratégia bem montada de Ciro Gomes, do PDT, que, no entender dos "marineiros" ganhou espaço com promessas demagógicas, mas com linguagem clara.

Outra farpa à campanha de Marina, de pessoas do círculo da ex-senadora, seria a maneira de conquistar os eleitores que estão descontentes com a política atual. Nos vídeos, Marina repete o bordão "Não dá mais". "O eleitor quer mudança, mas com proposta. Mas a campanha está focada na negação e isto é um equívoco. Tem que se fazer uma campanha que mostre que dá para mudar", diz um deles. "A linha adotada é contraditória com a postura de Marina, que é propositiva. Perdemos muito tempo com isso".

"O posicionamento de Marina é muito ambíguo. Ela é a favor ou contra o aborto? Joga a decisão para a sociedade ao falar em plebiscito, mas fica-se sem saber o que ela pensa", diz uma analista. "Existe também o pensamento mágico, a crença de que o carisma dela é suficiente. Eleição não funciona assim".

A logística da campanha de Marina também foi revista. Com poucos recursos e pouca capilaridade nos Estados, sua agenda irá buscar o equilíbrio entre visitas a capitais do Norte, Nordeste e do Sudeste. "Em uma eleição disputada como essa não podemos colocar o alvo em uma única região, temos que correr o país todo", diz Pedro Ivo. "O jogo não está encerrado. É recuperável o que perdemos".

Centrão se divide sobre estratégia para salvar campanha de Alckmin

Bloco está desnorteado com o imobilismo do tucano nas pesquisas de intenção de voto

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Fiador da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, o bloco conhecido como Centrão está desnorteado com o imobilismo do tucano nas pesquisas de intenção de voto. Em conversas reservadas, aliados avaliam que, se Alckmin não reagir nem mostrar fôlego em uma semana, a campanha entrará em fase de agonia.

Formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, o Centrão se divide agora sobre a estratégia a ser adotada, na tentativa de fazer o ex-governador de São Paulo decolar. A maior parte do grupo acha que é preciso concentrar o ataque no deputado Jair Bolsonaro(PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, e pregar o voto útil com mais vigor, deixando a artilharia pesada contra o petista Fernando Haddad para o final.

Os defensores dessa tática argumentam que Alckmin só chegará ao segundo turno se conseguir desconstruir Bolsonaro, mostrando também que o capitão reformado, se eleito, não terá governabilidade. Para eles, esse movimento deve ser reforçado, mesmo com o deputado internado. Desde que Bolsonaro sofreu um atentado e foi atingido por uma facada em Juiz de Fora (MG), no último dia 6, a equipe do PSDB deu uma trégua. Agora, no entanto, decidiu retomar a ofensiva.

Líderes do Centrão foram consultados para discutir mudanças no roteiro da campanha de Alckmin. Nos bastidores, porém, alguns dirigentes do bloco pedem que o tucano reforce as críticas a Michel Temer, para se descolar da imensa impopularidade do presidente. Outros querem que o bombardeio na direção de Haddad seja feito o quanto antes.

Alckmin vai investir cada vez mais na mensagem de que é o único concorrente capaz de derrotar o PT no segundo turno. Sem conseguir avançar nas pesquisas de intenção de voto, e embolado com Ciro Gomes (PDT) e Haddad (PT), o tucano tenta, ainda, atrair votos do pelotão que está empatado com 3%, como João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Álvaro Dias (Podemos).

Roberta Sá: Não posso esconder o que o amor me faz

Carlos Drummond de Andrade: A rua diferente

Na minha rua estão cortando árvores
Botando trilhos
Construindo casas.

Minha rua acordou mudada.
Os vizinhos não se conformam.
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas.

Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes,
a luz da solda autógena
e o cimento escorrendo nas formas