Regina Alvarez
DEU EM O GLBO
DEU EM O GLBO
Mesmo com o PAC, volume de recursos aplicados pela União não chega a 1% do PIB. Em 2001, era de 1,12%
BRASÍLIA. Apesar dos reforços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em janeiro de 2007 - e que recebeu mais R$142 bilhões só até 2010 em obras novas - o investimento público direto da União não chega a 1% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, foi alcançado o percentual de 0,97%, que é o maior número do governo Lula. No entanto, ele ainda está abaixo do melhor patamar dos últimos dez anos - o 1,12% de 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso. Este patamar, porém, recuou em 2002 a 0,69% do PIB. Considerando os gastos do Orçamento da União e das estatais, os investimentos públicos totais passaram de 2,29% do PIB em 1998 para 2,80% em 2008.
Carro-chefe do governo Lula, o PAC reúne investimentos financiados por várias fontes - Orçamento, estatais, bancos de fomento e setor privado - mas especialistas consideram que o melhor termômetro para medir a evolução dos investimentos de um país é o Orçamento da União, financiado com a arrecadação de impostos. É dele que saem recursos para a construção de rodovias, por exemplo.
No Brasil, os investimentos ficaram nos últimos dez anos próximos de 1% do PIB, patamar aquém das demais despesas do governo com custeio da máquina e pessoal. Mesmo nos últimos anos, quando a economia registrou crescimento robusto, a situação se manteve inalterada. Entre 1998 e 2008, a receita total do governo, impulsionada pelo aumento da arrecadação, passou de 18,74% para 25% do PIB.
- A expansão do gasto público está concentrada nas despesas correntes. O investimento cresceu em relação a valores irrisórios e permanece muito abaixo do patamar dos anos 70 - observa o economia Fábio Giambiagi, especialista em contas públicas.
"Preço por opção padrão de gasto é alto", diz economista
Na visão do economista, houve perda de oportunidade por parte do governo, quando em 2005 rejeitou propostas discutidas pela equipe econômica de conter despesas correntes e ampliar gastos com investimentos.
- O preço por uma opção padrão de gasto pode ser alto. Se tivéssemos optado pela contenção dos gastos correntes, teríamos mais gás para investir - afirma Giambiagi.
Para o economia Raul Velloso, outro especialista em finanças públicas, o PAC é uma tentativa de o governo agregar informações e dar visibilidade aos investimentos das estatais, o que não ocorria no passado de forma organizada. Mas ele destaca que os investimentos dessas empresas têm uma dinâmica própria, e o melhor medidor da capacidade do governo de investir é mesmo o Orçamento.
Ontem, a oposição atacou a ampliação, em R$142 bilhões, do orçamento do PAC até 2010. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que os números "são virtuais" e constituem "um factóide, um engodo". O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, rebateu:
- Quem disser que o PAC é uma maquiagem ou é eleitoreiro está fazendo política e proselitismo barato.
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