DEU EM O GLOBO
Sob pressão, Lula deve buscar agradar aos dois, sem prejudicar Dilma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje se mantém ou veta o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, em meio a uma forte pressão que rachou o governo e aliados. Parlamentares e ministros da área social temem que o veto ao aumento aprovado pelo Congresso prejudique a campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Mas a área econômica está unida contra o aumento, que representa uma despesa anual de R$ 1,6 bilhão, além do que o governo previra no Orçamento com o reajuste de 6,14%, já autorizado. A tendência é a de que o presidente adote uma solução intermediária e decida por um reajuste de 7%. Ontem, ele disse que não vai estragar sua "relação com aposentados", mas que não fará extravagâncias em ano eleitoral.
Pressão eleitoral sobre reajuste de aposentados
Aliados defendem os 7,7% por temer desgaste para Dilma, enquanto área econômica pede veto; Lula deve tentar agradar aos dois, dando 7%
Cristiane Jungblut
Às vésperas de o presidente Lula anunciar sua decisão sobre o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, cresceu no governo uma guerra interna entre parlamentares e ministros da área social, que defendem a manutenção do aumento de 7,7%, e a área econômica, que está unida na defesa do veto. Pressionado pelos dois lados, Lula deve conceder um reajuste intermediário de 7% - veta os 7,7% aprovados pelo Congresso, mas melhora o índice proposto inicialmente pelo governo, de 6,14%, que já vem sendo pago desde janeiro. A área política teme reflexos negativos do veto na campanha da petista Dilma Rousseff.
A alternativa foi apontada ontem por interlocutores que estiveram com o presidente Lula durante sua viagem a Minas. Hoje o presidente tem nova reunião com a equipe econômica, a partir das 9h, no CCBB, para dar a palavra final. Lula deve decidir sobre o assunto antes do jogo de estreia do Brasil na Copa da África. Hoje é o último dia para sanção, ou não, da lei.
O índice de 7% chegou a ser aceito pelo governo como limite durante as negociações com o Congresso, antes da votação final da medida provisória que tratava do reajuste. A área política do governo está preocupada com o desgaste junto aos aposentados e com respingos na campanha de Dilma. Segundo assessores, Lula já "ouviu todos os lados".
A pressão da área econômica para que Lula vete o reajuste cresceu no fim de semana, provocando uma reação de defensores do aumento. Na sexta-feira, o presidente dissera a um interlocutor que estava em dúvida sobre o que fazer, mas que os argumentos da área econômica eram muito fortes.
Os defensores da manutenção do reajuste de 7,7% esperavam contar com a simpatia de ministros da área social, como Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), e até de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos Eduardo Gabas (Previdência), que publicamente já haviam alertado que o presidente poderia vetar o aumento.
Aposentados não têm do que reclamar, diz líder
Ontem, integrantes da área econômica voltaram a dizer que, só com cortes em outras áreas, seria possível dar os 7,7%, que gera uma despesa de R$1,6 bilhão acima do que o governo previu no orçamento com o reajuste de 6,14%.
Principal defensor dos 7,7%, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse ontem que confia na sanção do reajuste pelo presidente Lula.
- Confiamos que o presidente Lula vai ouvir a área social (do governo) e não a área econômica. Caso ele vete tudo, a batalha será para derrubar o veto. Isso afeta muito, muito (politicamente), porque mexe com uma área que sempre foi abandonada - disse Paulinho, defensor da candidatura Dilma.
O PMDB engrossou as pressões para que o presidente Lula não ceda aos argumentos da área econômica. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que o partido pediu a Lula que mantenha os 7,7%, mesmo admitindo que os argumentos da área econômica são muito fortes.
- Que o presidente Lula não venha a vetar o aumento de 7,7%. A diferença não é tão absurda, de 7% (que o governo admitia) para 7,7%. Que o presidente consiga convencer a área econômica. O PMDB faz esse apelo - disse Henrique Alves, negando, porém, que haja preocupações eleitorais com o caso.
Já o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que os aposentados "não têm do que reclamar" ao terem ganhado um aumento de 6,14%:
- Os 6,14% foram um acordo entre as centrais (sindicais) e o governo federal. Não foi um número cabalístico. Os 7% eram o limite, nunca escondemos. Os aposentados não têm do que reclamar do presidente Lula, e não tem hipótese de comprarmos briga com os aposentados, porque eles ganham um aumento real.
Lula já decidiu vetar o fim fator previdenciário, também aprovado pelo Congresso. Criado em 1999, esse mecanismo que inibe aposentadorias precoces gerou, em dez anos, economia de R$10,1 bilhões ao governo. A estimativa é que o fim do fator previdenciário poderá ter um impacto financeiro, no primeiro ano, de R$2 bilhões.
Colaborou: Gerson Camarotti
Sob pressão, Lula deve buscar agradar aos dois, sem prejudicar Dilma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje se mantém ou veta o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, em meio a uma forte pressão que rachou o governo e aliados. Parlamentares e ministros da área social temem que o veto ao aumento aprovado pelo Congresso prejudique a campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Mas a área econômica está unida contra o aumento, que representa uma despesa anual de R$ 1,6 bilhão, além do que o governo previra no Orçamento com o reajuste de 6,14%, já autorizado. A tendência é a de que o presidente adote uma solução intermediária e decida por um reajuste de 7%. Ontem, ele disse que não vai estragar sua "relação com aposentados", mas que não fará extravagâncias em ano eleitoral.
Pressão eleitoral sobre reajuste de aposentados
Aliados defendem os 7,7% por temer desgaste para Dilma, enquanto área econômica pede veto; Lula deve tentar agradar aos dois, dando 7%
Cristiane Jungblut
Às vésperas de o presidente Lula anunciar sua decisão sobre o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, cresceu no governo uma guerra interna entre parlamentares e ministros da área social, que defendem a manutenção do aumento de 7,7%, e a área econômica, que está unida na defesa do veto. Pressionado pelos dois lados, Lula deve conceder um reajuste intermediário de 7% - veta os 7,7% aprovados pelo Congresso, mas melhora o índice proposto inicialmente pelo governo, de 6,14%, que já vem sendo pago desde janeiro. A área política teme reflexos negativos do veto na campanha da petista Dilma Rousseff.
A alternativa foi apontada ontem por interlocutores que estiveram com o presidente Lula durante sua viagem a Minas. Hoje o presidente tem nova reunião com a equipe econômica, a partir das 9h, no CCBB, para dar a palavra final. Lula deve decidir sobre o assunto antes do jogo de estreia do Brasil na Copa da África. Hoje é o último dia para sanção, ou não, da lei.
O índice de 7% chegou a ser aceito pelo governo como limite durante as negociações com o Congresso, antes da votação final da medida provisória que tratava do reajuste. A área política do governo está preocupada com o desgaste junto aos aposentados e com respingos na campanha de Dilma. Segundo assessores, Lula já "ouviu todos os lados".
A pressão da área econômica para que Lula vete o reajuste cresceu no fim de semana, provocando uma reação de defensores do aumento. Na sexta-feira, o presidente dissera a um interlocutor que estava em dúvida sobre o que fazer, mas que os argumentos da área econômica eram muito fortes.
Os defensores da manutenção do reajuste de 7,7% esperavam contar com a simpatia de ministros da área social, como Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), e até de Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos Eduardo Gabas (Previdência), que publicamente já haviam alertado que o presidente poderia vetar o aumento.
Aposentados não têm do que reclamar, diz líder
Ontem, integrantes da área econômica voltaram a dizer que, só com cortes em outras áreas, seria possível dar os 7,7%, que gera uma despesa de R$1,6 bilhão acima do que o governo previu no orçamento com o reajuste de 6,14%.
Principal defensor dos 7,7%, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse ontem que confia na sanção do reajuste pelo presidente Lula.
- Confiamos que o presidente Lula vai ouvir a área social (do governo) e não a área econômica. Caso ele vete tudo, a batalha será para derrubar o veto. Isso afeta muito, muito (politicamente), porque mexe com uma área que sempre foi abandonada - disse Paulinho, defensor da candidatura Dilma.
O PMDB engrossou as pressões para que o presidente Lula não ceda aos argumentos da área econômica. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que o partido pediu a Lula que mantenha os 7,7%, mesmo admitindo que os argumentos da área econômica são muito fortes.
- Que o presidente Lula não venha a vetar o aumento de 7,7%. A diferença não é tão absurda, de 7% (que o governo admitia) para 7,7%. Que o presidente consiga convencer a área econômica. O PMDB faz esse apelo - disse Henrique Alves, negando, porém, que haja preocupações eleitorais com o caso.
Já o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que os aposentados "não têm do que reclamar" ao terem ganhado um aumento de 6,14%:
- Os 6,14% foram um acordo entre as centrais (sindicais) e o governo federal. Não foi um número cabalístico. Os 7% eram o limite, nunca escondemos. Os aposentados não têm do que reclamar do presidente Lula, e não tem hipótese de comprarmos briga com os aposentados, porque eles ganham um aumento real.
Lula já decidiu vetar o fim fator previdenciário, também aprovado pelo Congresso. Criado em 1999, esse mecanismo que inibe aposentadorias precoces gerou, em dez anos, economia de R$10,1 bilhões ao governo. A estimativa é que o fim do fator previdenciário poderá ter um impacto financeiro, no primeiro ano, de R$2 bilhões.
Colaborou: Gerson Camarotti
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