quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Em crise com o governo, PSB ataca PT e flerta com tucanos

Cúpula socialista liga petistas a "fogo amigo" contra ministro da Integração

Às vésperas da reforma ministerial, Eduardo Campos diz ver dedo do PT em denúncias para desestabilizar afilhado

Maria Clara Cabra, lAndréia Sadi, Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Em crise com o governo, o PSB traça planos para se descolar do PT e reforçar os laços com a oposição tucana nas eleições municipais.

A relação entre socialistas e petistas se deteriora em meio ao tiroteio contra o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), que depõe hoje no Congresso sobre as acusações de nepotismo e favorecimento a Pernambuco na liberação de recursos federais.

O governador Eduardo Campos, presidente do PSB, tem dito a aliados estar certo da participação do PT no bombardeio ao afilhado.

Cotado para disputar a Presidência em 2014, ele articula a montagem de chapas com o PSDB, principal partido de oposição a Dilma, em diversas capitais do país.

Os socialistas planejam ter candidato próprio a prefeito em 12 capitais e outros 1.537 municípios -mais que o dobro das eleições de 2008.

Em Belo Horizonte, por exemplo, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) se afastou dos petistas e já garantiu apoio tucano para disputar a reeleição. O PT local, que indicou seu vice há quatro anos, agora resiste em repetir a chapa e o acusa de privilegiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), amigo de Campos.

Outro exemplo do distanciamento ocorre em Natal. Em 2008, os dois partidos se uniram para lançar a petista Fátima Bezerra a prefeita. Este ano, Vilma Faria (PSB) concorrerá sem apoio do PT.

"O PT é um aliado histórico, mas não precisamos da autorização de ninguém para fechar alianças com quem quer que seja", afirma Carlos Siqueira, da executiva do PSB.

Petistas e socialistas devem se enfrentar em pelo menos outras sete capitais. Apenas em Salvador o apoio do PSB a Nelson Pellegrino (PT) é dado como certo.

Em Curitiba, Luciano Ducci (PSB) disputará a reeleição com apoio dos tucanos e em oposição ao PT. Em São Paulo, os socialistas integram o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e planejam apoiar um aliado dele na capital.

Além da crise na Integração Nacional, dirigentes socialistas apontam mais dois motivos para o distanciamento: a suposta preferência de Dilma pelo PMDB e o ensaio de "voo solo"" de Campos em 2014. "Nossa intenção sempre foi crescer, e o Eduardo é um nome que há muito tempo o partido trabalha", afirma Carlos Siqueira.

Anteontem, em reunião com a cúpula de outra sigla governista, o governador disse estar certo da ação de petistas nos bastidores para desestabilizar Bezerra, seu principal aliado na Esplanada.

Ele ligou o "fogo amigo" à disputa pelo Ministério da Ciência e Tecnologia após a mudança de Aloizio Mercadante (PT) para a Educação.

O PSB tenta retomar a pasta, que comandava no governo Lula, mas os petistas querem indicar o novo ministro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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