O governo de Dilma Rousseff cortou ontem de 6% para 5,5% a taxa de juros do BNDES para investimentos e ampliou para R$ 8,4 bilhões os gastos que pretende fazer até dezembro com a compra de equipamentos para impulsionar a economia - desse total, R$ 1,8 bilhão já estava previsto no Orçamento. O pacote ajuda segmentos industriais específicos, mas, na avaliação do mercado e da indústria, será insuficiente para alterar o quadro de baixo crescimento econômico previsto para este ano. "Temos de continuar com as políticas de estímulo", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante apresentação do "PAC equipamentos", como foi denominado o conjunto de medidas. "Já estamos crescendo", afirmou Mantega, negando o cenário de desaceleração da atividade econômica
Governo lança pacote, mas mercado prevê pouco impacto na economia
Além de cortar a taxa de juros para investimentos, governo amplia para R$ 8,4 bilhões as compras de equipamentos até dezembro
Lu Aiko Otta
BRASÍLIA - O governo cortou a taxa de juros para investimentos e ampliou para R$ 8,4 bilhões os gastos que pretende fazer até dezembro com a compra de equipamentos para impulsionar a economia. O pacote ajuda segmentos específicos da indústria, mas será insuficiente para alterar o quadro de baixo crescimento econômico previsto para este ano.
"Temos de continuar com as políticas de estímulo" disse nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante apresentação do "PAC equipamentos", como foi denominado o conjunto de medidas. O pacote foi lançado pelo Planalto às vésperas da divulgação da nova projeção do Banco Central para o crescimento da economia. A expectativa no mercado é que a estimativa ficará abaixo dos 3,5% de expansão previstos até agora. "Neste momento, é importante estimular investimentos, pois são mola mestra do crescimento", defendeu o ministro.
Para tentar convencer as empresas a tirar das prateleiras os projetos de investimento, a presidente Dilma Rousseff determinou à equipe econômica que cortasse de 6% para 5,5% a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza os empréstimos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concede para as companhias. A taxa não era alterada desde 2009. Mantega era contrário ao corte, que foi defendido pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e pelo presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho.
Dilma expressou, mais uma vez, preocupação com os desdobramentos do quadro financeiro internacional. Segundo ela, a crise na Europa é mais complexa do que a que levou à quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em 2008. "Isso nos preocupa, mas não nos amedronta", afirmou.
A indústria de transportes será a principal beneficiada com a ampliação das compras governamentais. A lista inclui a aquisição de 8 mil caminhões, 3 mil patrulhas agrícolas, 3.591 retroescavadeiras, 1.330 motoniveladoras, 2.125 ambulâncias, entre outros equipamentos. Em ano eleitoral, a maior parte dos equipamentos será distribuída a prefeituras, mas Mantega garantiu que a lei eleitoral será respeitada.
Insuficientes
Para os especialistas, o pacote será insuficiente para alavancar os investimentos, porque os juros do BNDES já são baixos e porque o volume de compras de equipamentos envolvidos não é tão expressivo.
Nas contas de Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, se todas as aquisições forem realmente realizadas até o fim do ano, o pacote elevaria a taxa de investimento do País em apenas 0,2% do PIB. "O pacote é bom porque estimula o investimento e não o consumo, mas esperávamos algo mais ousado para incentivar o setor privado a investir", disse.
"A longo prazo, as medidas podem estimular a economia, sendo uma tentativa de melhorar a infraestrutura. Entretanto, o PIB deve fechar no máximo em 2,5%", disse o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que as medidas são "importantes para os setores envolvidos", mas não vão alterar a expectativa de crescimento da indústria em 2012. A expansão estimada para este ano é de algo entre 2% e 2,5%.
Do total a ser gasto com compras, R$ 1,8 bilhão já estava previsto no Orçamento deste ano. Os restantes R$ 6,6 bilhões serão complementados por uma Medida Provisória. O dinheiro integrará o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujo orçamento passará de R$ 42,6 bilhões para R$ 51 bilhões. Ainda assim, o governo mantém a determinação de cumprir a meta fiscal deste ano sem usar a prerrogativa de descontar os investimentos do PAC do total de despesas.
Colaboraram Renata Veríssimo, Francisco Carlos de Assis e Raquel Landim
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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