quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ameaça aos paulistanos - Fernando Rodrigues

Dilma Rousseff gravou depoimentos a favor dos petistas Fernando Haddad e Patrus Ananias, candidatos a prefeito em São Paulo e em Belo Horizonte. O que ela ganha? Saberemos depois da eleição, mas trata-se de aposta de alto risco.

Se a presidente conseguir seu objetivo, ocorrerá uma grande reviravolta nos cenários paulistano e belo-horizontino. Hoje, tal desfecho é improvável -para dizer o mínimo.

Mas mesmo as vitórias de Haddad e Patrus não serão um sucesso absoluto para Dilma. Provocam feridas na aliança que sustenta a presidente no Planalto. Ao fazer propaganda dos petistas na TV, ela comete dois atos temerários em política: 1) despreza adversários locais que a apoiam no plano federal e 2) faz uma ameaça velada aos eleitores nas cidades.

Tome-se o caso de São Paulo. A presidente afirmou na TV que Fernando Haddad é "a pessoa certa" para a cidade "consolidar projetos fundamentais do governo federal". Com Haddad, os paulistanos terão "muitas creches" e "novas moradias".

Por analogia, se Haddad é "a pessoa certa", as outras são as erradas. A mensagem é quase explícita: "Não vote em Celso Russomanno nem em José Serra. São Paulo só terá dinheiro federal se Haddad for eleito".

Já seria um despautério antirrepublicano a presidente pronunciar tal ameaça até contra um adversário direto (o tucano José Serra). O surrealismo aumenta quando se trata de um aliado. Russomanno é do PRB, um partido que apoia Dilma no Congresso, em Brasília, e tem sob seu comando o Ministério da Pesca.

Em Minas Gerais é a mesma coisa. Patrus faz oposição a Márcio Lacerda, do PSB -um aliado de primeira hora do PT em Brasília.

Tudo considerado, se Dilma ganha com Haddad e Patrus, ficará com os aliados PRB e PSB emburrados ao seu lado. Se perder, estará desmoralizada, pois os eleitores de São Paulo e de Belo Horizonte terão simplesmente ignorado a sua ameaça.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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