Lula e Rui Falcão fazem articulações para manter aliança e evitar candidatura de Eduardo Campos em 2014
Tatiana Farah
O PT iniciou ontem uma força-tarefa para tentar reverter a cisão com o PSB e evitar a possível candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência em 2014. Enquanto o ex-presidente Lula se reunia em São Paulo com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, do PSB, o presidente petista, Rui Falcão,
disparava telefonemas paras as lideranças do partido em Recife para que não deixassem o governo de Campos. A presidente Dilma Rousseff também deverá ter nova conversa com Campos para tentar evitar a separação.
No encontro de Lula e Bezerra, que durou uma hora e 40 minutos, os dois opinaram que a saída dos socialistas do governo petista foi apressada e que teria faltado diálogo. Bezerra chegou a entregar o cargo à presidente Dilma, mas ela pediu que ele aguardasse até o fim do mês. O gesto da presidente, porém, não deve alterar a decisão do partido de sair do governo e da base aliada.
Apesar do tom elevado de vários petistas contra o governador pernambucano, Lula ainda não jogou a toalha. O ex-presidente e seus principais interlocutores defendem que Campos ainda pode compor o arco de alianças para as eleições de 2014.
— Há uma forte percepção (de Lula e Bezerra) de que foi difícil construir um bloco de esquerda como este. Eles trocaram a impressão de que é preciso conversar mais — disse uma fonte petista.
Por outro lado, fontes do PSB em Recife informaram que, com o pedido de demissão, Bezerra se fortaleceu junto a Campos para concorrer ao governo pernambucano e que dificilmente partirá para o enfrenta-mento com o governador.
Já Rui Falcão, que estava em Fortaleza, telefonou para o presidente da legenda em Pernambuco, o deputado Pedro Eugênio, e para outros parlamentares petistas para que não apoiem a saída do PT do governo pernambucano. Aos parlamentares, Rui avaliou que uma decisão desse tipo seria muito precipitada.
Em Recife, Campos afirmou que a posição do PSB não é verticalizada, e que os socialistas vão manter participação em governos petistas nos estados.
— Vamos continuar participando do governo de Marcelo Déda (Sergipe), de Jaques Wagner (Bahia). E vamos continuar tendo pessoas do PT no governo do Renato Casagrande, no Espírito Santo, e do Camilo Capiberibe, no Amapá. Essa participação é uma questão da dinâmica de cada local — disse Campos, acrescentando que cabe ao PT decidir se continua no governo de Pernambuco: — Convivemos aqui nas eleições de 2012, disputamos sem nenhum constrangimento. Então, essa é uma decisão que vai caber ao Partido dos Trabalhadores tomar. Da nossa parte, é um prazer permanecer com pessoas do PT no nosso governo.
Fonte: O Globo
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