O empurrão de Dilma
A convocação de 14 ministros para a reunião de hoje não fica apenas no balanço das obras e agilidade dos projetos governamentais. O que a presidente deseja é dar aquele ar de que está tudo sob controle e as obras seguirão seu ritmo, apesar do registro de um buraco de R$ 10,5 bilhões nas contas de setembro. A ordem para hoje é saber o que será entregue até o fim do ano, o que merece uma atenção maior e o que tende a ser adiado. A maior preocupação é o Nordeste, onde o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no papel de pré-candidato a presidente da República, tem se dedicado ao discurso de unir a região. E há o receio do governo de que, diante dos atrasos do PAC da estiagem, por exemplo, esse discurso "pegue".
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No Ceará, conforme constatou o deputado Danilo Forte, do PMDB, em suas andanças pelo estado, 21 municípios sofrem com a falta d"água em áreas urbanas. Até mesmo em locais onde o governo investiu milhões na construção de barragens. Um caso é Jaquaretama, cidadezinha que abriga no seu território a megabarragem do Castanhão. Se o governo não se agarrar no serviço logo, para ter o que apresentar no ano que vem, os políticos calculam que não terá sobrevoo presidencial pelas obras da transposição que tire a imagem da lentidão das obras. Por isso, a ordem de Dilma será freio no custeio e pé no acelerador dos investimentos.
Nem lá, nem cá
A presidente Dilma Rousseff não intervirá na briga entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a Petrobras, comandada por Graça Foster. Dilma está convicta de que ambos têm razão e vai tirar a média. Nem a Petrobras conseguirá colocar o preço nas alturas, nem Mantega conseguirá manter tudo congelado.
Mal-acostumados
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, decretou o fim do contrabando nas medidas provisórias, mas se esqueceu de combinar com os deputados. Entre as emendas apresentadas à MP que trata da dívida dos pequenos agricultores, por exemplo, tinha até proposta para mudanças no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Certezas comunistas
Foi-se o tempo em que os comunistas do PCdoB garantiam que Deus não existe. Agora, além de fazer o sinal da cruz quando passam em frente às igrejas, eles têm mais duas convicções: 1) Estarão com a presidente Dilma Rousseff na reeleição de 2014. 2) Nos estados, não têm o mesmo compromisso com o PT. Farão o que for melhor para o partido.
"A decisão do PMDB do Rio de Janeiro está tomada. Ou o PT retira a sua candidatura ao governo estadual ou o Pezão vai apoiar outro. Aqui não vai ter palanque duplo"
Do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, referindo-se à candidatura do vice-governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, à sucessão de Sérgio Cabral. A frase dita à coluna às vésperas do encontro de Cabral com Dilma ganha ares de "estou falando muito sério"
Tiques/ Dia desses, um ministro muito bem-humorado comentava as reações de seus colegas quando levam bronca da presidente Dilma Rousseff. Aloizio Mercadante, da Educação, mexe o bigode para o lado direito.
Por falar em Mercadante.../ Os petistas apostam que ele deixa o governo para coordenar a campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Só não será se o carioca-baiano Jaques Wagner vier.
Em tempo/ Ontem foi a sexta vez que a presidente foi à Bahia este ano e tem ainda dois eventos agendados por lá. E Sérgio Gabrielli, aquele que presidiu a Petrobras, faltou ao beija-mão.
Temer salva um/ O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, escapou por pouco do "broncão" da presidente Dilma hoje. É assim que, nos bastidores, os governistas bem-humorados se referem à reunião no Palácio neste sábado. Moreira embarcou para a China ontem à noite com o vice-presidente, Michel Temer.
Temer salva outro/ O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, também integra a comitiva de Temer e a essa hora está voando para a China. Coincidentemente, tanto Moreira quanto Toninho Andrade são do PMDB. Moreira fará uma palestra para o grupo empresarial Brasil/China sobre aviação regional, e Andrade estará nas rodadas do agronégócio a cargo da Confederação Nacional de Agricultura.
Fonte: Correio Braziliense
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