Com alta de 52% no Rio, o tomate volta a ser um dos vilões da inflação do pais, que subiu a 0,57% em outubro, ante 0,35% em setembro
Preços salgados à mesa
Alimentos voltam a pressionar a inflação, que sobe 0,57%. Tomate tem alta de 52% no Rio
Nice de Paula
BRASÍLIA- Com forte pressão dos alimentos, que subiram 1,03% e responderam por quase metade (44%) da inflação do mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usa- do nas metas de inflação do governo) encerrou outubro em 0,57%, alta de 0,22 pontos percentuais sobre os 0,35% de setembro. O tomate voltou a ser o vilão do orçamento com aumento de 18,62% e salto ainda maior na região metropolitana do Rio, onde o fruto ficou nada menos que 52,69% mais caro em apenas um mês.
A carne foi outro item que pesou a conta do supermercado, assim como o frango, o pão e as massas. — o tomate voltou à moda, o que está sendo atribuído à entressafra. A carne teve a maior contribuição individual para o índice, com a pressão do dólar e problemas de safra. O efeito câmbio também é visível em alimentos ligados ao trigo — disse Eulina Nunes do Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Entre os alimentos que registram queda de preço, os destaques foram a cebola (-10,71%), cenoura (-10,34%) e o feijão carioca (-9,31%).
— A curva dos preços dos alimentos do ano está muito parecida com a do próprio IPCA. Na maioria das regiões metropolitanas, a alta em doze meses está em 10%, comprometendo a renda do consumidor. Mas nem tudo subiu. A gente pode comer cebola com cenoura — brincou Eulina. No acumulado do ano, a taxa de inflação oficial do país está em 4,38% e o resultado dos últimos doze meses chega a 5,84%, exatamente o mesmo percentual da inflação de 2012 e ligeiramente abaixo dos 5,86% registrados até setembro.
Inflação mais espalhada em outubro
Apesar de ter vindo abaixo das previsões do mercado, que esperava taxa de 0,60% para outubro, deixando claro que o IPCA vai terminar o ano dentro dos 6,5% (teto da meta do governo), o resultado divulgado ontem pelo IBGE mostra uma piora no cenário da inflação no país, dizem os analistas. Entre os motivos, está o aumento do chamado índice de difusão, ou seja, a parcela de itens que sofreram aumento de preço. — o índice de difusão passou de 66,75% no IPCA-15 para 67,67% no fechado do mês, mostrando a dispersão da inflação por diversos setores.
A expectativa é de aceleração da inflação nesse último trimestre, com impacto do aumento da energia do Rio, dos cigarros e dos combustíveis, que, acreditamos, deve ser anunciado dia 22 de novembro, junto com a decisão sobre a nova política de reajuste da Petrobras — diz Adriana Molinari, analista de inflação da Tendências Consultoria.
A economista Priscilla Burity, do Banco Brasil Plural, acha provável que o governo adie o aumento dos combustíveis para dezembro, para que seu impacto sobre o IPCA de 2013 seja parcial e a inflação deste ano fique menor do que do ano passado, como quer o governo: —Sem combustível, a inflação do ano fica em 5,75%, com combustível integral encosta nos 6%. Mas o fato é que há vários anos estamos fechando acima do centro da meta (que é 4,5%) e, este ano, só não estouramos muito o teto por medidas artificiais de controle de preços administrados. Os preços livres estão com alta de 7,4% e os administrados rodando a 1%, situação que não se sustenta.
O cenário para inflação piorou e a tendência é de alta de juros e inflação maior, em tomo de 6,4%, em 2014. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou positivo o resultado do IPCA de outubro. — Está menor do que se esperava. Significa que é um bom resultado e esperamos continuar assim nos próximos meses — disse Mantega.
Os preços dos serviços perderam fôlego, passando de 0,63% em setembro para 0,52% em outubro, por causa da redução das passagens aéreas, mas a maioria dos itens do grupo se manteve em alta. Os aluguéis residenciais subiram 1,08% no mês e 10,62% no ano, assim como os serviços domésticos, que ficaram mais caros 0,70% em outubro e 9,25% no ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com renda de até 12 salários mínimos, subiu 0,34% em outubro, contra 0,27% em setembro e acumula alta de 4,25% no ano e 5,69% nos últimos 12 meses.
Colaborou Martha Beck
Fonte: O Globo
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