- Folha de S. Paulo
Quando a presidente Dilma Rousseff anunciou Joaquim Levy como seu novo ministro da Fazenda, a escolha soou auspiciosa: encerrada a campanha eleitoral, Dilma parecia convencida da necessidade de tomar medidas duras para consertar o estrago feito na economia em seu primeiro mandato.
Os petistas resmungaram, mas logo os insatisfeitos pararam de questionar a indicação. É cedo para saber se Levy justificará tanta expectativa. O certo é que ninguém veio a público lançar dúvidas sobre o passado do novo ministro ou sua competência profissional.
Na semana passada, quando Dilma anunciou mais 13 ministros, o efeito foi outro. Soube-se que o novo ministro do Esporte, o deputado e pastor evangélico George Hilton, foi apanhado pela polícia há dez anos carregando caixas de dinheiro no aeroporto de Brasília. Indicado para a Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo foi recebido a pedradas pela comunidade científica.
Cinco novos ministros são políticos que ficaram sem emprego após as últimas eleições. Quatro foram derrotados nas urnas. Indicado para a Educação, o governador Cid Gomes passou semanas dizendo que não queria o cargo. Acomodado na Defesa, um ministério politicamente insípido, o petista Jaques Wagner se esforça para convencer a plateia de que nunca desejou outra coisa.
Os assessores de Dilma dizem que as mudanças mostram a disposição da presidente para se reaproximar do Congresso no segundo mandato, abrindo espaço no ministério para políticos influentes nas bancadas de seus partidos. Pode ser. Mas para aprovar o quê mesmo no Congresso? Ninguém tem a menor ideia.
Em outubro, após a confirmação de sua vitória nas eleições, Dilma disse que a reforma do sistema político brasileiro seria uma de suas prioridades. Com a chegada do pastor Hilton ao time, talvez tenha chegado a hora de a presidente esclarecer o que queria dizer com isso.
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