As grandes cidades, onde a crise política e os casos de corrupção costumam influenciar mais o eleitor, assombram a cúpula do PT nas eleições de 2016.
Grandes centros assombram PT
• Para cúpula petista, desgaste eleitoral devido aos casos de corrupção será maior nessas cidades
Sérgio Roxo - O Globo
-SÃO PAULO- A cúpula do PT tem uma preocupação especial para a disputa eleitoral do ano que vem: as cidades grandes. A avaliação interna é que o impacto da crise que atinge o partido, causada pelo envolvimento de integrantes da sigla em escândalos de corrupção e pelo desgaste do governo Dilma Rousseff, influenciam mais os eleitores desses municípios do que os das pequenas cidades, onde prevalecem as questões locais. Para tentar atenuar esse cenário desfavorável, o partido pretende pôr as campanhas nas ruas o mais rapidamente possível.
O PT comanda 15 das 83 prefeituras do país onde as eleições são disputadas em dois turnos (cidades com mais de 200 mil eleitores). Vivem nesses municípios 15,1 milhões de eleitores.
A preocupação principal é com seis dos 15 municípios onde o prefeito já está no segundo mandato e não pode tentar nova reeleição. Decidir rapidamente um candidato é considerado fundamental para aumentar as chances de manter o comando dessas cidades.
Uma eventual perda de prefeituras em municípios grandes enfraqueceria o partido para a disputa presidencial de 2018, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode tentar voltar ao Palácio do Planalto.
Processo de impeachment prejudicou planos
Os planos petistas de antecipar o planejamento para as eleições municipais, porém, sofreram um revés coma decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de abrir o processo de impeachment contra Dilma.
— Estamos concentrando a nossa energia nessa luta contra o golpe — admite o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, um dos encarregados de monitorar as articulações das candidaturas pelo país.
A expectativa é que a batalha do impeachment se arraste, pelo menos, até março, mês que o Diretório Nacional do PT reservara para realizara conferência que definirá atática eleitoral e apolítica de alianças.
— Teremos que nos concentrar nas eleições também. Vai te releição independentemente de qualquer coisa — frisa Florisvaldo, ao ser questionado sobre o prolongamento do processo.
Debandada de prefeitos, outra preocupação
Há dúvida ainda sobre como o eventual impeachment de Dilma pode influir no pleito:
— A questão do impeachment é um tema nacional e não vai intervir nas eleições municipais porque, nessas disputas, você faz o debate local — minimiza Cida de Jesus, presidente do PT de Minas Gerais, onde a sigla comanda só uma cidade com mais de 200 mil eleitores: Uberlândia.
O PT terá outro problema para administrar em março: o risco de saída de prefeitos. Com a aprovação da reforma política, o prazo para mudança de partido para quem quer disputar as eleições municipais passou a ser o começo de abril. A legenda já sofreu uma baixa em cidades grandes, em setembro, quando Luciano Cartaxo, de João Pessoa, trocou o PT pelo PSD. Ele alegou “escândalos políticos” como justificativa. A capital da Paraíba tem 460 mil eleitores.
Com Cartaxo, deixaram o PT de João Pessoa dois vereadores e o presidente municipal do partido, Lucélio Cartaxo, irmão do prefeito, o que desestruturou o partido na cidade.
— Vamos disputar a eleição contra ele (Luciano Cartaxo), com uma candidatura do PT ou com aliança — garante Florisvaldo.
A saída de Cartaxo enfraquece o partido no Nordeste. Agora, a o PT comanda só uma cidade com mais de 200 mil eleitores na região: Vitória da Conquista (BA) — onde o prefeito Guilherme Menezes não pode tentar a reeleição. A avaliação interna é que a disputa na cidade será acirrada.
O presidente do PT da Bahia, Everaldo Anunciação, aposta nos temas locais para manter o comando do município, mas reconhece:
— Nas cidades grandes, é claro que a conjuntura nacional tem um impacto maior.
O PT tem outro problema: a maioria das cidades grandes administradas pelo partido está no estado de São Paulo, onde o desgaste da sigla é considerado maior. São oito prefeituras paulistas com mais de 200 mil eleitores, incluindo a capital do estado, administrada por Fernando Haddad. Em cinco, o prefeito poderá tentar a reeleição.
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