Folhapress – Valor Econômico
BRASÍLIA - - O secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB-MG), vai deixar o cargo depois de criticar a repercussão do massacre nos presídios do país, que deixaram 93 mortos na primeira semana do ano.
A informação foi confirmada pela assessoria da Presidência da República. A demissão deve ser publicada no "Diário Oficial" nos próximos dias.
A polêmica começou após ele declarar ao jornal "O Globo" que "tinha que matar mais" ao comentar ao a morte dos presos. "Tinha que fazer uma chacina por semana", afirmou, segundo o jornal.
Em entrevista à Folha de S.Paulo pouco depois, Júlio negou a frase e disse que sua opinião havia sido "deturpada".
Porém, o site Huffpost Brasil, que também esteve na mesma conversa do secretário com o "O Globo", publicou áudio da declaração, em que ele realmente afirma que "tinha que matar mais".
À Folha, criticou o destaque dado aos massacres nos presídios e disse que é um "acerto de contas de bandidos". "Eu fico triste porque não estão dando tanta importância para as pessoas de bem que morrem todo dia", afirmou à nesta sexta.
A Secretaria de Juventude é vinculada à Secretaria de Governo, da Presidência da República.
O presidente Michel Temer pretendia conversar neste sábado (7) com o secretário nacional sobre a polêmica declaração. Segundo assessores e auxiliares presidenciais, no entanto, a permanência dele no cargo tornou-se "insustentável" e o mais correto era que o presidente o demitiria.
Em nota, Bruno Júlio disse que "está havendo uma valorização muito grande, pela morte entre condenados, muito maior do que quando um bandido mata um pai de família que sai do trabalho ou a ele se dirige".
"Sou filho de policial e sei o dilema diário da família. Quando esses saem de casa sem a certeza de quer irão voltar; em razão do crescimento da violência", afirmou.
Bruno Júlio é filho do deputado estadual e ex-deputado federal Cabo Júlio (PMDB-MG). Foi nomeado pelo presidente Michel Temer ao cargo no Planalto por meio de indicação da bancada mineira do PMDB.
Massacres
Quatro dias após a morte de 60 detentos em duas penitenciárias de Manaus, outros 31 presos foram assassinados na madrugada desta sexta (6), desta vez na maior penitenciária de Roraima.
São as maiores chacinas em presídios desde o massacre do Carandiru, em 1992, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção, em São Paulo.
Nesses seis primeiros dias de janeiro foram registradas 93 mortes em presídios no Brasil. Esse número representa cerca de 25% do total de mortes registradas em todo o ano passado (372).
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