quinta-feira, 3 de maio de 2018

Temer e FHC falam em união para evitar radicalização

Por Folhapress | Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer conversou na terça-feira com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a necessidade de unir o centro político e tentar impedir que a atual radicalização entre forças de esquerda e de direita domine o debate eleitoral no país.

Com baixíssima popularidade e sem um candidato que defenda seu legado na ponta das pesquisas, Temer tem medo que uma candidatura governista imploda antes mesmo do início oficial da campanha, em agosto, e imponha uma derrota acachapante para a coalizão que o levou ao poder em 2016.

Segundo a reportagem apurou, este foi o primeiro de uma série de encontros que Temer pretende estabelecer com FHC. A ideia é que o ex-presidente José Sarney (MDB-MA) também participe das discussões - na terça-feira ele estava em Nova York, onde acompanhou sua mulher, a ex-primeira-dama Marly, em uma cirurgia no joelho e, por isso, não poderia comparecer à reunião na casa do presidente, em São Paulo.

A conversa entre Temer e FHC, de acordo com aliados, ainda não traçou um plano objetivo para a sobrevivência do chamado centro político, mas diagnosticou dois de seus principais problemas: a radicalização do cenário eleitoral, da qual o centro tende a não participar diretamente, e a grande quantidade de candidatos que se dizem deste campo, sem proposta única e que disputam entre si.

Além do próprio Temer, que já mostrou desejo de concorrer à reeleição, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), tentam se viabilizar ao Planalto no campo governista - ambos não passam de 2% nas pesquisas -, enquanto o tucano Geraldo Alckmin aparece mais bem colocado, mas, mesmo assim, ainda no segundo pelotão de candidatos. Ele tem apenas 8% das intenções de voto.

Temer e FHC miraram a necessidade de unir este centro fragmentado e evitar que o campo perca apoio expressivo diante da polarização entre a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e nomes de esquerda, como o do ex-presidente Lula (PT) e o de Ciro Gomes (PDT).

Os três despontam nas pesquisas, mesmo com a possibilidade de o petista ser impedido de concorrer em outubro. Condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro - e preso em Curitiba -, Lula deve ficar inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.

Temer e seus principais assessores ainda relutam em ter Alckmin como o ponto de união do centro - e procuram construir uma alternativa. Uma das opções seria asfixiar a candidatura de Alckmin que, sem conseguir empolgar, obrigaria o PSDB a substitui-lo, por exemplo, pelo ex-prefeito de São Paulo João Doria, mais simpático ao presidente.

O próprio Alckmin também não gosta da ideia de firmar acordo com Temer, um presidente impopular e alvo de investigações por corrupção, mas sua dificuldade em decolar - e o medo de não ser derrotado precocemente - pode forçá-lo a fazer uma escolha mais pragmática.

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