- O Globo
Marina Silva critica Bolsonaro e pede o fim da “insanidade” na área ambiental. “Em apenas oito meses, este governo destruiu décadas de trabalho”, diz a ex-ministra
O Brasil está no caminho para voltar a ser visto como um pária ambiental. O alerta é de Marina Silva, que acusa o presidente Jair Bolsonaro de incentivar as queimadas e enfraquecer a proteção da Amazônia.
“O país fez um esforço hercúleo para reduzir o desmatamento, e agora estamos vendo tudo ser desmantelado. Em apenas oito meses, este governo destruiu décadas de trabalho”, diz a ex-ministra. “O Brasil tinha deixado de ser considerado um vilão e está voltando à condição de pária. É preciso dar um basta a essa insanidade”, afirma.
Para Marina, as declarações do presidente sobre os incêndios na floresta misturam “reacionarismo” e “má-fé”. Ele tem insinuado, sem provas, que ONGs ambientalistas estariam por trás das queimadas. “É um discurso totalmente fora do eixo. Bolsonaro tenta atribuir aos outros o que é de responsabilidade dele”, acusa a ex-ministra. “Foi o presidente quem nomeou um ministro antiambientalista. Ele concorda com essas políticas e ainda faz apologia delas”, reforça.
Ontem a Rede Sustentabilidade pediu o impeachment do ministro Ricardo Salles. O partido o acusa de cometer crime de responsabilidade ao fragilizar os órgãos de fiscalização. “O Brasil não tem condições mínimas de restaurar sua credibilidade com este ministro. A permanência dele vai aumentar prejuízos que são irreparáveis”, diz Marina.
“É incalculável o prejuízo com o aumento das queimadas. A biodiversidade de uma das florestas mais ricas do planeta está sendo reduzida a cinzas”, alerta.
Sem esperanças no governo, Marina diz que é hora de o Congresso agir. Ela quer convencer os presidentes da Câmara e do Senado a suspender todos os projetos que enfraquecem o licenciamento e a fiscalização ambiental. Para isso, busca o apoio de outros ex-ministros, da CNBB e dos setores mais modernos do agronegócio.
Nos últimos dias, a ex-ministra viu dois antigos desafetos, Kátia Abreu e Blairo Maggi, apontarem o risco de um boicote internacional às exportações brasileiras. Ela se diz satisfeita com a mudança de discurso dos ruralistas. “Quem não se movia pelo coração agora está se movendo pela razão”, observa.
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