quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Ricardo Noblat - A grosseria do capitão com o embaixador

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Coisas da Nova Política
A vida dos dois jamais se cruzou. Nos últimos 30 anos, Jair Bolsonaro foi um deputado do baixo clero da Câmara, apenas isso até se eleger presidente. E Mauro Vieira, ministro-conselheiro das embaixadas do Brasil no México e na França, e depois embaixador na Argentina e nos Estados Unidos. Formalmente, ainda é o embaixador do Brasil junto à ONU em Nova Iorque.

Mas Vieira foi também ministro das Relações Exteriores do segundo governo Dilma. Lula, à época, indicou para o cargo o embaixador Celso Amorim. Dilma escolheu Vieira a quem mal conhecia só para não ter que engolir o pedido de Lula. Pois foi o que bastou: logo nos seus primeiros dias de governo, Bolsonaro decidiu que queria Vieira fora e longe do território americano.

Indicou-o para embaixador do Brasil na Croácia. Mas como a indicação teria de ser aprovada pelo Senado, e isso às vezes demora, o Itamaraty orientou Vieira a entrar de férias de modo a não estar em Nova Iorque quando Bolsonaro pusesse os pés por lá para falar na a Assembleia Geral da ONU. Só que nunca antes um embaixador deixou seu posto vago durante uma visita presidencial.

O que fez o Itamaraty? O ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, acionou David Alcolumbre (PMDB-AP), presidente do Senado. Que, por sua vez, pediu pressa à Comissão de Relações Exteriores do Senado. E assim, a sabatina de Vieira na Comissão foi marcada para o início desta semana, o que o forçou a se ausentar de Nova Iorque enquanto Bolsonaro estivesse por lá.

Ontem, por 15 votos contra 1, o nome de Vieira foi aprovado na Comissão. Desconfia-se que o único voto contrário possa ter sido o do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ou o de um vice-líder do governo. Flávio é membro suplente da Comissão. Bolsonaro não tem nenhuma viagem marcada à Croácia.

Tudo por um aperto de mão de Trump

Gols de placa
Assessores do presidente Jair Bolsonaro que o acompanharam na viagem a Nova Iorque comemoram o que apontam como gols de placa do seu chefe: pela ordem, o discurso incisivo feito na abertura da Assembleia Geral da ONU, e a foto onde ele aperta a mão do presidente Donald Trump.

Bolsonaro teve que suar e ter muita paciência para aguardar a hora de poder cumprimentar Trump. O encontro cavado por ele rendeu, além da foto, 17 preciosos segundos de vídeo. Ouro puro a ser usado na próxima campanha presidencial. Quer dizer: se Trump conseguir se reeleger.

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