- O Estado de S. Paulo
Vai ficando difícil, de novo por iniciativa própria de um presidente que não para de se enrolar sozinho, defender o discurso de que a crise de Queiroz não tem nada a ver com o presidente
A crise de Fabrício Queiroz não tem nenhuma relação, por ora, com o governo federal. Ele é investigado por atos cometidos quando era assessor parlamentar de Flávio, e não de Jair Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio.
É o filho senador e ex-deputado estadual que está no epicentro da crise Queiroz.
Ao usar o Palácio do Planalto e o horário do expediente para se reunir com ministros de Estado e líderes governistas no Congresso para discutir a prisão do amigo e ex-assessor do filho, o presidente passa um imenso recibo, leva para o Executivo federal mais uma de “n” crises que tem para administrar simultaneamente, todas elas com potencial explosivo e em concomitância com uma pandemia que ainda ceifa milhares de vidas no Brasil.
Bolsonaro não tratou com esses ministros da demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, esse sim um tema de governo, nem da decisão, por 9 votos a 1, do Supremo Tribunal Federal de manter o inquérito das fake news, preocupação número 1 até quarta-feira.
Ao chamar para si a crise, Bolsonaro reforça aquilo que disse Sérgio Moro: que uma das grandes preocupações do presidente é usar as estruturas de Estado para proteger familiares e amigos, notadamente os filhos numerados e políticos.
Vai ficando difícil, de novo por iniciativa própria de um presidente que não para de se enrolar sozinho, defender o discurso de que a crise de Queiroz não tem nada a ver com o presidente. Ele mesmo tentou fazer isso depois da reunião, à noite, na live semanal nas redes sociais. Mas seu semblante catatônico, o corpo arqueado e o desânimo ao tratar do assunto, sem esconder o pavor, surtiram o efeito radicalmente contrário.
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