No
mundo inteiro estão planejando a vacinação. O Brasil? Está pensando no caso
O
Ministério da Saúde comprou 23,5 milhões de testes para Covid-19. Recebeu 15,9
milhões e distribuiu aos laboratórios estaduais 8,8 milhões, tudo em números
arredondados.
Logo,
tem uma sobra, de posse do ministério, de 14,7 milhões (os 23,5 milhões
comprados menos os 8,8 milhões enviados aos estados). Dessa sobra, mais ou
menos metade está estocada no aeroporto de Guarulhos. A outra metade, comprada
da Bio-Manguinhos/Fiocruz, não foi entregue pela simples e boa razão de que há
testes prontos e não utilizados.
Dos
estocados, 6,7 milhões, quase todos, têm prazo de validade vencendo em dezembro
agora e em janeiro de 2021.
Finalmente,
foram efetivamente realizados 7,3 milhões de testes até 22 de novembro. Ou
seja, há mais testes estocados do que utilizados.
Isso
tudo no setor público.
No setor privado, laboratórios e hospitais do Rio e São Paulo registram um aumento de 30% a 50% na demanda por testes. Mais efetivo, o PCR sai por uns R$ 500 — caro, mas acessível com facilidade a quem pode pagar. Não falta. É só ligar e agendar. Paga na hora. Aceita cartão de débito e crédito.
Eis
o ponto: quem não tem o dinheiro fica na fila do governo ou simplesmente
desiste.
Simples
assim: o governo, com sua falha, gera mais desigualdade e mais injustiça.
O
Ministério da Saúde solicitou estudos da Organização Pan-Americana da Saúde
para pleitear a prorrogação dos prazos de vencimento dos testes estocados. E
vai pedir essa ampliação à Anvisa.
Diz
ainda o Ministério da Saúde, que a culpa é dos governos estaduais e
prefeituras, que não solicitam os testes.
Mas,
embora haja mais de 7 milhões de testes em estoque, o diretor de logística do
ministério, Roberto Ferreira Dias, afirmou que a pasta possui apenas cerca de
600 mil kits para fazer a análise dos resultados.
Ou
seja, tem 7 milhões de kits para recolher o material e apenas 600 mil para
análise. Então, o disponível, na verdade, são apenas 600 mil testes completos.
Tem
outra falha de governo em andamento. As vacinas estão quase aí. Várias
concluindo a última fase de testes e já preparando pedidos de registro de
emergência. Governos no mundo inteiro já estão comprando vacinas — na verdade,
comprando o direito, a prioridade de adquirir as vacinas e preparando os
complexos planos de vacinação.
O
governo brasileiro? Está pensando no caso.
É
evidente, também aqui, que laboratórios e hospitais privados vão adquirir as
vacinas. De novo, quem puder pagar sai na frente. Ou seja, o governo deixa os
mais pobres para trás.
Correção
Na
coluna da semana passada, escrevi:
“A
Lava-Jato também perdeu. Não se viu nenhum grande portador de votos defendendo
fortemente a força-tarefa. Isso foi ruim. Deu mais espaço para o pessoal que
está tentando abafar a operação, grupo que inclui ministros do Judiciário,
parlamentares do Centrão e da esquerda (para livrar Lula) e a turma de
Bolsonaro (procurador Aras à frente).
Se
essa turma dominar a cena política, o retrocesso é certo.
Qual
a alternativa? Primeiro, uma nova esquerda, sem corruptos. Não custa lembrar
que o PSOL foi formado por parlamentares chocados quando ficou clara a
corrupção na campanha de Lula.
Se,
além de limpa, for uma esquerda mais inteligente e realista em política
econômica, melhor — mas aí talvez seja pedir demais.”
Tem
um erro grave aí, pelo qual peço desculpas. O PSOL não deixou o PT quando o
marqueteiro Duda Mendonça confessou, em CPI, que recebera pagamento pela
campanha de Lula em dólares, no exterior.
Ficou
marcada uma cena: o choro do deputado Chico Alencar.
Tendo
isso na memória, confundi a história. O pessoal que formou o PSOL saiu do PT
antes, quando o então presidente Lula aprovou uma pequena reforma da
Previdência do setor público.
Mas
é só ir ao site do PSOL para verificar que o partido se junta ao PT e ao
Centrão no ataque feroz à Lava-Jato.
Tem mais: na plataforma econômica de Guilherme Boulos surgiu a proposta de contratar mais funcionários públicos, numa prefeitura que tem um gasto enorme com pessoal e Previdência.
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