Este
governo joga contra o Brasil
Um
bom governo depende do presidente usar sua vontade política e contar com a
competência de seus ministros, e realizarem os projetos que o país necessita
para caminhar com coesão e rumo. Esta combinação da vontade política com a
competência gerencial cria a sinergia necessária para fazer o país avançar
deixando legados dos presidentes.
O
atual presidente não demonstra vontade política nem conta com ministros que
permitam deixar um legado para o Brasil. Ele não se preparou para deixar legado
e se rodeou de ministros que se dedicam a bajular e atrapalhar. Estamos sem
propostas, sem liderança e sem competência.
O melhor exemplo é a saúde. Bolsonaro não se preparou. Não tinha projeto para superar as dificuldades que recebeu, e não sabe o que fazer diante da epidemia. Ele usa sua vontade política para negar o problema, para recusar o uso da ciência e substituiu os ministros competentes por um que deseja apenas agradar ao chefe e sem competência técnica, nem gerencial.
Em
vez de se ajudarem, se atrapalham, porque são atrapalhados. Em vez de sinergia
temos uma entropia: um governo autofágico e que engole o Brasil.
Para
ameaçar ainda mais o futuro do Brasil, esta situação não é apenas na saúde. Nas
relações exteriores tem um ministro antidiplomático, despreparado, capaz de
dificultar, no lugar de ajudar, inclusive com BRICS, aliança criada pela
vontade do presidente Lula e a competência do ministro Celso Amorim, que agiam
com a sinergia de um time Lulamorim, quando agora temos a entropia do
Bolsuello. Na economia, o Guedes diz coisas que não deveria e é obrigado a se
desdizer, ou a corrigir o presidente depois do estrago feito. No meio ambiente,
o ministro é anti-ecológico. Além de fazer o contrário do que o país precisa,
agrava as relações internacionais.
Este
governo joga contra o Brasil, tropeçando no presente, em vez de caminhar para o
futuro. Pior, aue não se vislumbra luz, nem sinergia no lado da oposição, onde
o Brasil também tem seus bolssuelos. No final do regime militar, assistiu-se
sinergia entre os líderes da época. Ulisses, Arraes, Brizola, Tancredo jogavam
com a vontade certa e a competência necessária. Apesar de visões e interesses
próprios, jogaram unidos a favor da democracia no país.
Nossos
líderes atuais ainda não demonstraram esta vontade, nem competência para o
diálogo. Não vemos Ciro, Marina, Lula, Huck, Dória, Dino lutando de forma
combinada para livrar o Brasil do governo entrópico dos bolsuellos. Cada um é
candidato a ser o próximo presidente, não a barrar os desastres do atual. O
resultado é que dificilmente o Brasil conseguirá o impeachment e possivelmente
a oposição chegará dividida no primeiro turno, repetindo 2018 e reelegendo um
governo sem vontade nem competência para deixar um Brasil melhor.
*Cristovam Buarque foi ministro, governador e senador
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