Folha de S. Paulo
Eduardo Pazuello está à mão para qualquer
eventualidade
O general Eduardo
Pazuello é tão logístico que precisou de apenas algumas horas
para investigar a suspeita envolvendo a compra da vacina Covaxin. Usando o
axioma filosófico segundo o qual um manda e o outro obedece, ele fez uma
leitura dinâmica do contrato e concluiu que não havia irregularidades.
Foi isso que o ex-ministro da Saúde
declarou em manifestação entregue à Procuradoria-Geral da
República. Segundo Pazuello, a análise relâmpago foi feita no dia 22 de março
de 2021, a pedido do presidente Bolsonaro, que no dia 20 se encontrou com o
deputado federal Luis Miranda e ouviu dele a denúncia de corrupção na pasta.
Como prêmio por ter feito o trabalho com prontidão, no dia 23 Pazuello foi exonerado. Mesmo sendo um general da ativa, aceitou fazer um bico como cabo eleitoral, participando de passeios de moto a favor do coronavírus e discursando em palanques bolsonaristas. Depois passou a despachar no Palácio do Planalto, a um lance de escada do gabinete do chefe político. Ganhou um cargo na Secretaria de Estudos Estratégicos, recebendo quase R$ 40 mil.
O importante era ter a expertise de
Pazuello à mão para qualquer eventualidade. A qual surge agora, quando a
ministra Rosa Weber, do
STF, autorizou a abertura de inquérito para investigar Bolsonaro por
prevaricação no caso da vacina indiana. Já na mira do Ministério Público
Federal por falhas e omissões no combate à pandemia, o general está com a
cabeça na fritura para ser servida na bandeja.
Resta saber se Pazuello aceitará o
sacrifício calado. Ele parece ter elementos escondidos no bolso da gandola para
usar contra a própria tropa a que pertence. Envolvem dinheiro, como tudo na
ordem do dia do governo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o
ministro Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) teriam-no pressionado a distribuir
verbas da Saúde para o centrão. Há mais a se descobrir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário