domingo, 20 de fevereiro de 2022

Cidadania aprova federação com tucanos

Em votação apertada, diretório decide pela aliança com o PSDB, em vez do PDT, e rompe o isolamento da candidatura Doria

Gustavo Côrtes, Pedro Venceslau,colaborou Jander Porcella / O Estado de S. Paulo.

“Essa decisão é um sinal de que as forças políticas do centro estão se unindo e saindo do isolamento. Pode haver um candidato único desse campo e o partido acha isso fundamental”. (Roberto Freire, Presidente do Cidadania)

O diretório nacional do Cidadania aprovou ontem a formação de uma federação partidária com o PSDB e, com isso, tirou a pré-candidatura presidencial do governador João Doria (PSDB) do isolamento. “Essa decisão é um sinal de que as forças políticas do centro estão se unindo e saindo do isolamento. Pode haver um candidato único desse campo e o partido vê isso como fundamental”, disse o ex-deputado Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania.

A decisão foi comemorada no grupo de Doria no PSDB, que vive um momento interno turbulento. Um grupo de tucanos abriu uma dissidência pública contra a candidatura do governador, que venceu as prévias em 2021 contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

Em nota, a assessoria tucana disse que o acordo é o primeiro movimento formal em volta do nome de João Doria, mas Freire ressaltou que ainda é cedo para falar sobre quem será o candidato, lembrando que o senador Alessandro Vieira, do Cidadania, também é pré-candidato ao Planalto.

Presidente do PSDB em São Paulo, o deputado estadual Marco Vinholi comemorou a decisão no Twitter. “Belíssima notícia a aprovação do Cidadania para a federação com o PSDB! Vamos apresentar um caminho de desenvolvimento para o Brasil.”

A aliança com o PSDB não foi unanimidade no encontro do diretório nacional do Cidadania. A votação final foi apertada: 56 votos a favor da federação com os tucanos e 47 votos por uma união com o PDT, do pré-candidato Ciro Gomes. Havia também no evento uma ala que defendia uma aliança com o Podemos do ex-ministro Sergio Moro.

Houve sete abstenções. Uma delas é a do senador Alessandro Vieira, pré-candidato do Cidadania ao Planalto, que já manifestou oposição à união com os tucanos. “(A federação) não é fundamental para o Cidadania, é fundamental para deputados que não fizeram trabalho de base e têm medo de não se reeleger. E é fundamental também para quem quer manter um cartório partidário.”

Segundo Vieira, a negociação para decidir quem será o candidato da federação, Doria ou ele, “virá mais adiante”. Antes, é necessário aprovar um estatuto comum e registrar oficialmente a aliança. “Não é uma coisa simples”, enfatizou.

VICE. Já a assessoria do governador disse, em nota, que o acordo foi costurado em torno do nome de Doria, que é um dos maiores entusiastas da federação entre PSDB e Cidadania. O governador se reuniu duas vezes com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), cotada para ser vice na chapa do tucano. No PSDB, contudo, há preocupação com o fato de Doria não decolar nas pesquisas. Além disso, tucanos da velha guarda, como o ex-senador Aloysio Nunes, têm feito acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao Estadão, Aloysio disse que o PSDB não é mais uma referência nacional e afirmou que as movimentações de Lula são legítimas. O senador José Serra, por sua vez, classificou o diálogo de seu partido com o petista como “natural”.

Em levantamento da Genial/Quaest, do dia 9, Doria está em quinto lugar, com 2% de intenção de voto para o Planalto. Lula, com 45%, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%, lideram a pesquisa.

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