Em votação apertada, diretório decide pela aliança com o PSDB, em vez do PDT, e rompe o isolamento da candidatura Doria
Gustavo Côrtes, Pedro Venceslau,colaborou Jander Porcella / O Estado de S. Paulo.
“Essa decisão é um sinal de que as forças políticas do centro estão se unindo e saindo do isolamento. Pode haver um candidato único desse campo e o partido acha isso fundamental”. (Roberto Freire, Presidente do Cidadania)
O diretório nacional do Cidadania aprovou
ontem a formação de uma federação partidária com o PSDB e, com isso, tirou a
pré-candidatura presidencial do governador João Doria (PSDB) do isolamento.
“Essa decisão é um sinal de que as forças políticas do centro estão se unindo e
saindo do isolamento. Pode haver um candidato único desse campo e o partido vê
isso como fundamental”, disse o ex-deputado Roberto Freire, presidente nacional
do Cidadania.
A decisão foi comemorada no grupo de Doria
no PSDB, que vive um momento interno turbulento. Um grupo de tucanos abriu uma
dissidência pública contra a candidatura do governador, que venceu as prévias
em 2021 contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o
ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Em nota, a assessoria tucana disse que o acordo é o primeiro movimento formal em volta do nome de João Doria, mas Freire ressaltou que ainda é cedo para falar sobre quem será o candidato, lembrando que o senador Alessandro Vieira, do Cidadania, também é pré-candidato ao Planalto.
Presidente do PSDB em São Paulo, o deputado
estadual Marco Vinholi comemorou a decisão no Twitter. “Belíssima notícia a
aprovação do Cidadania para a federação com o PSDB! Vamos apresentar um caminho
de desenvolvimento para o Brasil.”
A aliança com o PSDB não foi unanimidade no
encontro do diretório nacional do Cidadania. A votação final foi apertada: 56
votos a favor da federação com os tucanos e 47 votos por uma união com o PDT,
do pré-candidato Ciro Gomes. Havia também no evento uma ala que defendia uma
aliança com o Podemos do ex-ministro Sergio Moro.
Houve sete abstenções. Uma delas é a do
senador Alessandro Vieira, pré-candidato do Cidadania ao Planalto, que já
manifestou oposição à união com os tucanos. “(A federação) não é fundamental
para o Cidadania, é fundamental para deputados que não fizeram trabalho de base
e têm medo de não se reeleger. E é fundamental também para quem quer manter um
cartório partidário.”
Segundo Vieira, a negociação para decidir
quem será o candidato da federação, Doria ou ele, “virá mais adiante”. Antes, é
necessário aprovar um estatuto comum e registrar oficialmente a aliança. “Não é
uma coisa simples”, enfatizou.
VICE. Já a assessoria do governador disse,
em nota, que o acordo foi costurado em torno do nome de Doria, que é um dos
maiores entusiastas da federação entre PSDB e Cidadania. O governador se reuniu
duas vezes com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), cotada para ser vice na
chapa do tucano. No PSDB, contudo, há preocupação com o fato de Doria não
decolar nas pesquisas. Além disso, tucanos da velha guarda, como o ex-senador
Aloysio Nunes, têm feito acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Em entrevista ao Estadão, Aloysio disse que o PSDB não é mais uma
referência nacional e afirmou que as movimentações de Lula são legítimas. O
senador José Serra, por sua vez, classificou o diálogo de seu partido com o
petista como “natural”.
Em levantamento da Genial/Quaest, do dia 9, Doria está em quinto lugar, com 2% de intenção de voto para o Planalto. Lula, com 45%, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%, lideram a pesquisa.
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