O Bangu se tornava o primeiro time fora do
G4 carioca a ser campeão e conhecemos Paulo Diniz, um negro cantando e
fazendo sucesso no ye, ye, ye que tinha em seu elenco, só garotos brancos.
Dançamos nos bailes do Olímpico, Bancrevea, CHEIK CLUBE as canções um Chopp
pra distrair e Pingos de Amor que embalaram o nosso romantismo. Sua composição
"eu quero voltar pra Bahia" e "debaixo dos Caracóis dos seus
cabelos "de Roberto e Erasmo Carlos faziam alusão ao exílio do ídolo
tropicalista Caetano Veloso. Sensibilizava-me, pois eu era adepto com Paulo
Graça, do grupo baiano. Após a edição do AI 5, em 1968, houve perseguição
a artista, políticos e intelectuais. A ditadura forçou o exílio de Caetano e
Gil, em Londres. Em Manaus, após a queda de líderes sindicais e estudantes,
segui, no início nos anos 1973 a 1975, numa clandestinidade, depois de ser
interrogado no exército, para Rio de Janeiro. Cantei nos bares entre muitas
canções, morando no Estácio com meu amigo, também clandestino o ator e poeta
Luiz Carlos Gomes Bahia: Vou-me embora e quero voltar pra Bahia, na
verdade soava como um mantra de saudade. Quero voltar pra Manaus.
Recebi a notícia da partida de Paulo Diniz,
através do amigo poeta livreiro o Lé, do sebo Alienista, e impactado,
pois recentemente Enne Rodrigues (cantora), minha mulher, ouviu o como? do
Paulo Diniz e me perguntou se ele ainda era vivo, pois gostava das melodias
dele, falei que não tinha certeza. Sabia que sofrera um AVC há alguns anos e
era cadeirante.
Hoje temos uma política cultural do
Alzheimer, Um governo insano que insiste em apagar a boa arte, a boa música a
literatura, o teatro, o cinema e despreza a tradição a cultura e incita assassinatos
e crimes hediondos a ambientalistas (Bruno e Phillips). Paulo Diniz, como
tantos outros artistas, foram lançados ao ostracismo e são vítimas dessa política
que despreza os nosso valores mais edificantes.
Quando musicou o José de Drummond, achei desnecessário pois o poema expressa uma melodia e cadencia próprias, hoje vejo que foi importante tornou o poema mais conhecido. E na sua partida vem na minha mente, a sua voz rouca: Você marcha José. José para onde?
2 comentários:
A melhor gravação de Paulo Diniz é justamente o ''José'' de Drummond.
Viva Guto Rodrigues 👏👏👏
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