Folha de S. Paulo
No palanque, velhos caciques, bolsonaristas
e quem sabe até petistas
O repórter Italo Nogueira revelou o método
de apadrinhamento do qual se nutre a política fluminense desde eras imemoriais
e cujo elo atual é Cláudio Castro. No resistente cabide de
empregos, que de maneira alternada ou simultânea tem funcionado por
mais de 17 anos em gabinetes da administração estadual e municipal e também em
cargos da Assembleia Legislativa, estão dependurados o pai, a mulher e dois
filhos da madrasta do governador.
O maior parceiro nas nomeações é o deputado Márcio Pacheco, eleito no mês passado conselheiro do Tribunal de Contas. O governador atuou como chefe de gabinete de Pacheco durante 12 anos e tentou empregar seis parentes dele, mas uma reportagem da TV Globo atrapalhou a jogada. Ambos são da Renovação Carismática, movimento católico que adota modelos evangélicos. Como orador, Castro é um excelente cantor gospel.
O compadrio estende-se à campanha de
reeleição, apoiada por velhos caciques com extensa ficha criminal —Sergio
Cabral, Luiz Fernando Pezão, Jorge Picciani. Marcelo Crivella, representante do
projeto de poder dos evangélicos, e o infalível Garotinho ainda barganham, mas
devem ceder à aliança. O mais surreal é a chance de uma união só possível no
Rio: candidato ao senado, o petista André Ceciliano sente-se mais próximo do
bolsonarista Castro do que de Marcelo Freixo, aposta de Lula ao governo.
No saco de gatos, o ex-prefeito de Caxias
Washington Reis ganhou a vaga de vice. O detalhe que não parece incomodar
ninguém é que Reis, típico político populista da Baixada Fluminense, está
inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
Não por último, um dos trunfos da campanha
é o legado de Wilson Witzel. Sob Castro, o estado se transformou no campeão de
chacinas em favelas. Apesar da máquina mortífera, não está sendo
fácil. Segundo o Datafolha, o governador tem 23% das intenções de voto, contra
22% de Freixo. Nulos e brancos, 22%.
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