O Globo
Urnas decidirão futuro da Constituição de
1988, que atravessou últimos quatro anos aos trancos e barrancos
O Tribunal Superior Eleitoral negou um
pedido do PL para restringir a oferta de transporte público neste domingo. Na
decisão de ontem, o ministro Benedito Gonçalves classificou a ideia como
“absurda”. O partido de Jair Bolsonaro queria usar o Judiciário para dificultar
o caminho dos pobres até a urna.
O capitão é o quarto presidente brasileiro
a disputar a reeleição. Nenhum outro usou a máquina pública de forma tão
ostensiva. Nenhum outro cometeu tantos abusos para tentar se perpetuar no
poder.
Eleito com discurso liberal na economia, Bolsonaro mudou a Constituição e implodiu o teto de gastos para injetar dinheiro na veia do eleitor. Em plena campanha, manipulou os preços dos combustíveis, distribuiu benesses a taxistas e turbinou o programa que substituiu o Bolsa Família — ao qual ele costumava se referir, num passado recente, como “esmola” e “farelo”.
Nada disso funcionou, e o capitão continuou
a enfrentar uma
muralha de rejeição entre os mais pobres. Num ato de desespero, ele agora
tentou cortar os ônibus para impedi-los de votar em seu oponente.
Bolsonaro pôs todo o aparato do Estado a
serviço da reeleição. Transformou os palácios em estúdios de gravação, fez da
TV pública um veículo de propaganda, recrutou os militares para animarem seus
comícios no Sete de Setembro. A delinquência eleitoral transcendeu as
fronteiras do país. Até
o velório da rainha Elizabeth II, em Londres, virou palanque para o
candidato da extrema direita.
Os crimes foram assistidos passivamente
pela Procuradoria-Geral da República, rebaixada à condição de escudo da família
presidencial. Além de sequestrar a PGR, o bolsonarismo se apropriou da Polícia
Federal, da Receita Federal e da Abin. O Ministério da Cultura foi extinto. Órgãos
como Ibama e Funai, encarregados de proteger o meio ambiente e as minorias,
sofreram um processo de desmonte.
O projeto de demolição não se esgota em
quatro anos. O capitão já deixou claro que seu próximo objetivo, se reeleito, é
domesticar o Supremo Tribunal Federal. Os governistas planejam ampliar o número
de cadeiras na Corte, imitando uma manobra da ditadura militar. A consequência
seria a criação de uma maioria instantânea a favor do Planalto.
A ameaça de captura do Supremo levou quatro
ex-presidentes do tribunal a declararem voto útil contra Bolsonaro. O ato é
inédito desde a redemocratização, o que reforça a gravidade do momento
brasileiro.
Em desvantagem nas pesquisas, o candidato a
autocrata ameaça
se insurgir contra uma possível derrota. Na reta final da campanha, ele
investiu no golpismo e elevou os ataques ao TSE, que foi obrigado a restringir
o porte de armas em seções eleitorais. Um eventual segundo turno premiaria o
capitão com mais quatro semanas para apostar na conflagração do país.
A escalada autoritária transformou a
eleição de 2022 num plebiscito sobre a Constituição de 1988, que faz aniversário
na próxima quarta-feira. A Carta atravessou os últimos quatro anos aos trancos
e barrancos. O que se define a partir de hoje, nas urnas, é a sua
sobrevivência.
4 comentários:
"A escalada autoritária transformou a eleição de 2022 num plebiscito sobre a Constituição de 1988, que faz aniversário na próxima quarta-feira. A Carta atravessou os últimos quatro anos aos trancos e barrancos. O que se define a partir de hoje, nas urnas, é a sua sobrevivência"
Isso diz tudo. Quem escalou foi o palerma-presidente. Portanto, NÃO SERÁ REELEITO.
LULA PRESIDENTE HOJE!
Ou no 2o turno, mas SERÁ.
Democracia X ameaça permanente de golpe e ataques ao STF - esta é a escolha de hoje!
Idiotas Bolsonaro está ganhando o primeiro turno os institutos de esquerda estão desmoralizados e vocês palhaços que ficam dançando essa música fajuta do Lula lá Hoje vou ficar de ressaca e vão chorar e ranger os dentes, muitos vão se descabelar por ter acreditado nesses institutos fajutas Datafolha e IPEC
Amanhã eu quero ver o que que esses jornalistas vão falar, chegou a minha hora , jornalismo panfletário!
Presidente reeleito
Vai ter segundo turno,torcemos para a abstenção ser menor.
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