Blog do Noblat / Metópoles
Nada indica que Bolsonaro tenha força para
dar um golpe, se perder no domingo, mas tudo indica que ele pode não reconhecer
o resultado
A resposta mais importante no debate da
quinta-feira é a que não foi dada. A enfática resposta não dada por Bolsonaro
ao ser questionado pela candidata Soraya se, caso derrotado, ele reconheceria o
resultado das eleições. Ao responder, ele nem tocou nesta questão. E ela não
cobrou a resposta. Nem os analistas que permaneceram debatendo até a madrugada
fizeram referência ao que significa este silêncio.
Nada indica que Bolsonaro tenha força para dar um golpe, se perder no domingo, mas tudo indica que ele pode não reconhecer o resultado e convocar sua tropa para ir às ruas, com consequências catastróficas. Seguir a receita de Trump, contando, no Brasil, mais milícias armadas, polícias e militares simpáticos. O silêncio dele é indicador do que pode tentar diante do silêncio das oposições divididas e confiantes em declarações recentes dos generais do alto comando.
O golpe pode estar em não usar as polícias
e as Forças Armadas para controlar a violência miliciana de milhares de
seguidores armados e fanatizados. As oposições confiam também na pressão dos
governos estrangeiros, mas estes nada poderão fazer para evitar o caos de
milicianos e população armada, sob o olhar passivo do golpe dos braços cruzados
dos militares e policiais. Confiam também nos ministros do supremo, mas eles
nada poderão fazer se forem os primeiros a serem atacados. Quanto ao Congresso,
impossível imaginar como reagirão. Muitos dos parlamentares voltarão
derrotados, mas ainda com meses de mandato. Os governadores que perderem a
reeleição seguirão comandando suas polícias.
A única tranquilidade para o processo
eleitoral se concluir democraticamente seria uma vitória acachapante no
primeiro turno, mas isto só seria possível se os candidatos democratas
estivessem unidos. Ao contrário, estão divididos e têm servido para
desacreditar ao candidato com chances de vencer. Usam o correto argumento de
que a democracia dá a cada eleitor a chance, até a obrigação, de, no primeiro
turno, votar no candidato que representa suas bandeiras sociais e ideológicas
para, no segundo, unir todos que defendem a democracia. Mas a primeira
obrigação do democrata é defender a democracia, e se ela está ameaçada, a
obrigação maior é votar contra quem a ameça. Deixar suas bandeiras sociais,
culturais e econômicas para a eleição seguinte.
Neste ano, temos um candidato que ameaça a
democracia, que tudo fará para inviabilizar o processo eleitoral entre os dois
tudos. Por isto, a maior obrigação dos democratas é evitar a ida de Bolsonaro
para o segundo turno, votando unidos no Lula. Adiemos o segundo turno para
2026.
*Cristovam Buarque foi
ministro, senador e governador
2 comentários:
"Nada indica que Bolsonaro tenha força para dar um golpe, se perder no domingo, mas tudo indica que ele pode não reconhecer o resultado"
Não gosto de linguagem chula, especialidade do biroliro.
Mas abro uma exceção agora, pela qual peço desculpas de antemão.
F*D*-SE se o BBCA não aceitar o resultado das eleições!
Será preso mais cedo.
Concordo com o colunista, a DEFESA DA DEMOCRACIA é a principal preocupação neste momento! Bolsonaro recuou em suas ameaças de golpe, mas nada garante que aceitará sua derrota pacífica e democraticamente. Isto não é da índole do genocida, especialista em matar gente, mentir e agredir. Derrotado e acuado, torna-se ainda mais IMPREVISÍVEL E PERIGOSO!
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