domingo, 2 de outubro de 2022

Merval Pereira - Voto a voto

O Globo

Tempo é curto para mudanças, mas não se pode dizer que a eleição acabará no primeiro turno

A onda vermelha, que já foi reincidente nas campanhas eleitorais do PT, parece estar atrasada ou já passou, como o trem das onze no samba de Adoniran Barbosa. O ex-presidente Lula caminha para ir para o segundo turno com a mesma votação que sempre teve, por volta de 48% dos votos válidos, o seu melhor resultado em 2006.

Se a tal onda estiver atrasada, porém, pode ser que dê as caras nas urnas amanhã, especialmente porque as votações tanto de Simone Tebet quanto de Ciro Gomes estão decepcionantes. O eleitorado, depois do debate da Globo na quinta-feira, não mudou sua percepção de que a disputa está entre Lula e Bolsonaro, assim como aconteceu em 2018, transformando em nanicos os demais competidores.

Não haveria, portanto, razão para que os indecisos busquem neles uma alternativa, que já não existe. E não há também grupos políticos que tenham força eleitoral para forçar uma negociação num eventual segundo turno. Dificilmente se repetirá o fenômeno de 2006, quando Geraldo Alckmin, então candidato do PSDB, teve menos votos que no primeiro turno. A estabilidade dos votos dos dois líderes foi mais uma vez confirmada pelos institutos de pesquisa, o que deixa uma margem estreita para uma reviravolta que nunca aconteceu nas disputas nacionais.

Nas disputas estaduais já houve casos, e pode haver este ano mais um vez. A confirmarem-se as pesquisas, Bolsonaro é o incrível candidato que encolheu, exatamente porque esteve no governo nos últimos quatro anos e mostrou-se inepto e danoso. Sua última chance, porém, é levar a disputa para o segundo turno, aguardando que a recuperação do emprego e a queda da inflação levem a um crescimento do PIB que se reflita no bem-estar do cidadão.

O tempo é curto para a mudança da percepção popular, mesmo que as promessas de Lula de voltar a um passado que nem foi tão glorioso assim possam ser fantasiosas. A visão de um passado teoricamente melhor tende a ser mais agradável para o cidadão do que o presente desafiador. Mesmo que se lembre que se passaram 20 anos do último mandato de Lula, com um mundo diferente, longe de guerras e pandemias, com um boom das comodities que privilegiou países como o Brasil.

Bolsonaro só encontrou espaço para surgir do nada para alcançar a presidência porque o então presidente Michel Temer envolveu-se naquela conversa com Joesley Batista, que revelou compromissos antigos nada republicanos, mesmo que dela não tenham havido consequências legais.

Com relação a Lula, é natural que defenda a tese de que foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal, mas ela não é verdadeira. Ser inocentado não é a mesma coisa de “ser inocente”. Tecnicamente Lula é “inocente” porque não há mais condenações contra ele. O problema é que, desde que o juiz Sérgio Moro foi considerado parcial no julgamento do caso do triplex do Guarujá, todos os demais julgamentos, mesmo os sem a participação do Moro, foram na maioria simplesmente anulados, sem que novos julgamentos fossem realizados.

Alguns na presunção de que prescreveriam, outros porque prescreveram mesmo. O STF não anulou todos os julgamentos, ainda faltam respostas às acusações. Mas os crimes não podem ser esquecidos. A devolução de bilhões em dinheiro roubado é um fato inescapável. O próprio Lula admitiu, na entrevista da bancada do Jornal Nacional, que não era possível dizer que não houve corrupção, pois houve confissões e devolução de dinheiro.

Ele exige para si uma absolvição que não pode pedir para seu governo. Isenta-se de culpa do mensalão ou do petrolão como Bolsonaro isenta-se do orçamento secreto. Ambos utilizaram-se do poder do incumbente para tirar do Estado recursos para controlar o Congresso, o que é antidemocrático por si só.

Não há duvidas, porém, que os governos de Lula foram mais eficientes que os de Dilma e o de Bolsonaro. Uma vitória de Lula hoje ou no segundo turno, o que parece mais que provável, mudará imediatamente a percepção do mundo de nosso país, que está no chão desde que Bolsonaro implementou uma política externa lunática e errática, sob a orientação do falecido guru Olavo de Carvalho. O meio-ambiente voltará a ter um protagonismo a que o mundo já estava acostumado, especialmente se as diretrizes da ex-ministra Marina Silva forem seguidas. Os programas sociais estarão garantidos, não apenas nos momentos eleitorais, e a economia, se distanciada da “nova matriz econômica”, poderá ser pelo menos mais sensata. Sem falar nos ataques à democracia, que nunca foram tão diretos e ameaçadores.

 

6 comentários:

Anônimo disse...

"Bolsonaro é o incrível candidato que encolheu, exatamente porque esteve no governo nos últimos quatro anos e mostrou-se inepto e danoso"

INEPTO E DANOSO.
Com seu apoio, Merval.
Vida q segue.

LULA PRESIDENTE HOJE!
Ou no 2o turno, mas urge tirar o palerma-presidente inepto e danoso, CLARO!

Anônimo disse...

Palerma é o candidato palhaço Kelmon... Jair Bolsonaro é muito esperto e mente muito melhor, é um autêntico e violento genocida! Defensor da tortura e dos torturadores, é tão fingido que ainda se diz religioso e cristão... Diabólico, demoníaco, isto é que é o miliciano mentiroso!

Anônimo disse...

"Não há duvidas, porém, que os governos de Lula foram mais eficientes que os de Dilma e o de Bolsonaro"

Claaaaaro!

LULA PRESIDENTE HOJE!
Pra continuar melhor.

Anônimo disse...

Espero que no próximo governo os militares voltem a fazer o serviço que lhes cabe, proteção do Amazônia . Participei do Projeto Rondon 3 vezes: Integrar para não Entregar. Os militares deveriam se envergonhar de em vez de cumprir suas obrigações com o país ficam se misturando com política. O exemplo vem da Rússia e as guerras tem ensinado que o homem jamais deixará de invadir países soberanos a qualquer pretexto. Amazônia está desguarnecido à espera desses invasores. Com a mudança climática, ao problema da água e dos alimentos que o Exército está esperando? Todo mundo ataca a Dilma nas foi ela que comprou o primeiro submarino para o Brasil. Dinheiro para a corrupção, principalmente do centrão tem, mas para a defesa do país não, essa incoerência vai nos levar um dia a perda de território e a culpa, desde já , podemos dizer que cabe as. Forças e a esses políticos que vão ser políticos somente para roubar. ETA povo irresponsável.

Anônimo disse...

Idiotas panfletário 30% da urnas apuradas Bolsonaro com 48% a 43 %
do Lula , todos vocês nesse complô pra eleger o Lula estão desmascarados, a realidade está sendo cruel para esses institutos de esquerda, Datafolha e tech e IPEC, que mentem pra iludiu eleitor e toda vez a mesma coisa dos mesmos institutos
A ressaca vai ser forte tem gente que vai chorar no escurinho hoje

ADEMAR AMANCIO disse...

Aconteceu o que eu temia,abstenção em masssa,mesmo assim o Lula saiu na frente.