O Estado de S. Paulo
Lula errou diante de alternativas melhores e menos custosas à PEC da Transição
Baseado no empenho de Lula para aprovar a
PEC da transição, parece que resolveu governar antes mesmo de tomar posse. A
PEC libera R$ 145 bilhões para o novo governo, fora do Teto de Gastos, pelo
prazo de dois anos. A justificativa seria a necessidade de ser fiel à promessa
de campanha de manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600.
O risco de uma perda de popularidade no
início de mandato, especialmente diante de uma eleição vencida com margem de
votos tão reduzida, justificaria os custos políticos de apoiar a reeleição de
rivais, como Arthur Lira e Rodrigo Pacheco à presidência das casas
legislativas, via manutenção do orçamento secreto?
Governar é fazer escolhas diante de restrições. Não existe escolha ótima. É preciso saber identificar se tais escolhas geram retornos suficientes que compensem os custos.
Estudos do IPEA e da FGV IBRE mostram que o
Auxílio Brasil é um programa de transferência de renda ineficiente, caro, que
gera inúmeras distorções e é muito mais sujeito a fraudes do que o Bolsa
Família. Para além destes custos e dos riscos fiscais não triviais com a PEC da
Transição, será que a escolha de Lula valeu a pena?
No início do mandato, especialmente quando
existe um maior benefício da dúvida atribuído à elite política que chega,
governos têm que escolher onde e como alocar seu capital político, uma vez que
este não é infinito. Seria, portanto, mais racional iniciar por reformas
difíceis, aquelas que impõem custos concentrados a setores específicos da
sociedade e que tenderiam a se opor.
Baseado no desempenho extraordinário do
futuro governo na votação da PEC da Transição no Senado, não seria, pelo menos
para os legisladores, uma reforma difícil. Afinal de contas, qual legislador se
oporia a políticas de transferência de renda em um contexto de desigualdade
social e ainda durante a pandemia?
Ao que parece, o futuro governo Lula se
deixou aprisionar pela agenda populista do seu adversário derrotado. Gastou
muito capital político muito cedo com algo que não requeria tal dispêndio.
Poderia ter denunciado as fragilidades do
Auxílio Brasil e defendido o Bolsa Família, um programa mais modesto, mas muito
mais focado e eficiente. Provavelmente, desagradaria uma parte dos
beneficiários, que passaria a receber menos. Mas essas perdas seriam de curto
prazo e perfeitamente reversíveis.
Ao mesmo tempo, poderia estar gastando energias na montagem de uma coalizão com os partidos que já fazem parte do governo de transição, o que proporcionaria uma bancada forte o suficiente para não se tornar rapidamente refém do Centrão.
Um comentário:
Tem cada 'babaca'...
Esse, nem bem assumiu o Governo Lula, já escreve que errou...
Por acaso foi eleito, é juiz, ou é só a venal voz do dono?
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