domingo, 11 de fevereiro de 2024

Eliane Cantanhêde - Taí, uma boa pergunta de Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

Nos palácios, viagens e ruas, Bolsonaro só conspirava. A que horas governava?

Dúvida atroz após repassar vídeos das reuniões ministeriais, das viagens e dos quatro anos de Jair Bolsonaro na Presidência da República: Quando ele estudava e discutia os planos para economia, educação, saúde, segurança pública, meio ambiente? Quando analisava gráficos e estatísticas sobre as diferentes áreas do País? Quando identificava as emergências, especialmente em comunidades e regiões miseráveis? Afinal, quando o presidente Bolsonaro trabalhava?

Em Brasília, ele reunia ministros, assessores e até desconhecidos, como em 5 de julho de 2022, exigindo, aos gritos e palavrões, união, ação e pressa para desacreditar o TSE e as urnas eletrônicas, espionar adversários a la Watergate e “virar a mesa” – leia-se: dar um golpe – antes das eleições, porque, depois, seria “um caos”. Em meio a generais e civis expoentes do golpe, hoje já bastante conhecidos, como o então ministro da Justiça, Anderson Torres, destacava-se alguém totalmente inesperado: o “Posto Ipiranga” do governo, Paulo Guedes.

Em reunião dois anos antes, em 22 de abril de 2020, o presidente, também aos gritos e palavrões, exigia que a Polícia Federal e os órgãos de inteligência do Estado ficassem a serviço dele, seus filhos e aliados. Os ministros brilharam. O da Educação aproveitou para sugerir a prisão dos integrantes do Supremo; a da Mulher e da Família, a de governadores e prefeitos; o do Meio Ambiente propôs “passar a boiada” sobre a Amazônia. O intrigante é que as duas reuniões, ambas no Planalto, foram gravadas. E os conluios no Alvorada?

Fora dos palácios, Bolsonaro estrelava, até na pandemia, e sem máscara, as “manifestações pacíficas” – leia-se atos golpistas – que pediam fechamento do Congresso e do Supremo e volta da ditadura militar. Nunca saberemos quantos foram contaminados, ou até morreram de covid, naquelas farras antidemocráticas.

E, fora de Brasília, há profusão de fotos e vídeos do presidente em jet skis, cavalos, motociatas, carreatas, multidões, festinhas policiais e militares, especialmente no “meu exército”. E as reuniões de trabalho, para decidir estratégias, gestão, planos, inclusive na política externa? E as viagens para discutir prioridades e tomar decisões com governadores e prefeitos em favor da economia e da população?

Na reunião do golpe, Bolsonaro definiu sua eleição como “uma cagada” e perguntou: “Como é que alguém vai eleger um deputado fudido como eu? Um deputado de baixo clero, escrotizado na Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado?”. Boa pergunta. E com termos perfeitamente adequados.

 

3 comentários:

Daniel disse...

Excelente! E este PERFEITO IMBECIL teve a ousadia de atacar a OMS e médicos especialistas que recomendavam MEDIDAS CIENTÍFICAS na pandemia e o miliciano mentiroso combatia as máscaras, a vacina, o distanciamento interpessoal. Um GENERAL, Pazzuello ("um manda, outro obedece") militarizando e comandando o MINISTÉRIO DA SAÚDE durante quase toda a pandemia... Centenas de milhares de brasileiros morreram por causa destes CRIMINOSOS! Não teriam morrido se a política governamental fosse outra contra a pandemia! Se o presidente não desse os PIORES EXEMPLOS entre os governos do mundo todo! CANALHA!

ADEMAR AMANCIO disse...

Ave Maria!

ADEMAR AMANCIO disse...

''Escrotizado'',só ele mesmo para usar tal termo,rs.