O Globo
Ele reciclou a usina de besteiras de
Bolsonaro
Ao mandar Jair Bolsonaro para casa, o Brasil
parecia ter se livrado de um encosto. Durante a pandemia, esse espírito
duvidava da vacina, sugeria que o vírus da Covid-19 havia sido fabricado
na China e
exaltava a cloroquina. Lula recolocou
o Brasil nos eixos na questão ambiental e atravessou o mundo para resgatar o
encosto, escorregando na casca de banana de Gaza.
Nesta semana, em Adis Abeba, ele disse que “o
que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum
outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os
judeus”. Com isso, abriu uma crise e foi declarado persona non grata pelo
governo de Israel.
Lula já havia costeado o alambrado dias
antes, no Cairo,
com duas frases:
— O Brasil foi um país que condenou de forma
veemente a posição do Hamas no
ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos
o ato de “ato terrorista”.
Falso. O ataque do Hamas aconteceu no dia 7 de outubro. Cinco dias depois o Itamaraty informou que a classificação do Hamas como organização terrorista competia à ONU. Posteriormente é que falou em terrorismo.
Lula acrescentou:
— Não tem nenhuma explicação o comportamento
de Israel. A pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças,
coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento.
Ressalvada a falta de conhecimento, essa
afirmação foi um exercício de retórica amparada na ignorância.
A fala de Adis Abeba teve a ver com a
classificação do comportamento de Israel em Gaza como “genocídio”. Que as
tropas de Benjamin
Netanyahu cometem crimes de guerra, é certo. Genocídio é outra coisa,
é um ato deliberado de exterminar um povo, esteja ele onde estiver.
Em junho de 1944, com a guerra perdida, os
alemães capturaram os 400 judeus que viviam na Ilha de Creta. Naquele mês, o
brasileiro Benjamin Levy, a mulher e a filha foram presos em Milão e deportados
para o campo de Bergen-Belsen.
Lula já disse que Napoleão foi à China e que
os americanos derrubaram Dilma
Rousseff de olho no petróleo do pré-sal:
— É preciso que [o petróleo] esteja na mão
dos americanos porque eles têm que ter o estoque para guerra. A Alemanha perdeu
a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter
acesso à gasolina.
A Batalha de Stalingrado terminou em
fevereiro de 1943, quando os alemães já haviam sido contidos em Moscou, os Estados Unidos estavam
na guerra e haviam quebrado a perna da marinha japonesa. Se os alemães
chegassem a Baku, pouca diferença faria. Eles não perderam a guerra por falta
de gasolina.
Vale lembrar que a Segunda Guerra também não
acabou porque os americanos tinham mais gasolina. Ela acabou depois das
explosões de bombas atômicas em Hiroshima e
Nagasaki, que ficaram prontas em 1945.
De onde Lula tira essa ideias, não se sabe,
mas, em seu terceiro mandato, ele se move na cena internacional com uma
onipotência aplaudida por áulicos e venenosa para a diplomacia brasileira.
Durante seu primeiro ano deste mandato,
firmou-se como um chefe de Estado excêntrico. A fala de Adis Abeba temperou a
ignorância com irresponsabilidade.
2 comentários:
Sei.
"Lula recolocou o Brasil nos eixos na questão ambiental"
?????????????????????????????????????????????????????????????
Gaspari se esmera na arte de morder e assoprar.
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