O Globo
Tanto o ocupante da Casa Branca quanto seu
antecessor parecem convencidos de que a comparação direta lhes será favorável
Vale acertar os relógios e calcular fusos horários. Na próxima quinta-feira, 9 da noite pelo horário local, Joe Biden e Donald Trump se enfrentarão no Q.G. da CNN em Atlanta, capital da Georgia. Será o primeiro debate eleitoral da História entre dois presidentes dos Estados Unidos — um titular e um ex —, ambos em busca de uma nova eleição. No cara ou coroa para definir o lugar de cada um no pódio, deu “coroa”, e Biden optou por ficar à direta do adversário. Em compensação, Trump ganhou o direito de ter a última palavra. Serão dele as conclusões finais do embate.
Pelas regras acertadas, será um mano a mano
de 90 minutos, sem público no estúdio. Durante os intervalos comerciais, não
deverá haver interação de assessores com os candidatos. Eles tampouco poderão
trazer pastas, documentos ou qualquer “cola” externa. Os dois terão como
companhia apenas uma garrafa d’água, um bloco e uma caneta para anotações ao
vivo. O microfone de cada debatedor será automaticamente desligado quando
expirar seu tempo de fala — compreensivelmente, primeiríssima exigência da
turma de Biden nas negociações com a CNN.
As tratativas começaram em meados de maio,
diante da evidência de que as convenções partidárias de 2024 seriam meramente
protocolares. O país não conseguira produzir qualquer alternativa para
aposentar o democrata Biden (81 anos) ou o republicano Trump (78). Os dois
passaram a se provocar.
— Sempre dissemos que o presidente Trump está
pronto para debater em qualquer data, a qualquer hora e qualquer lugar. A hora
é já. — postava um lado.
— A bola está com você, Donald — qualquer
data, hora ou lugar. Você perdeu os dois debates que fizemos em 2020. —
respondia o outro.
O primeiro desafiava o adversário sugerindo
debates mensais até a eleição de novembro. O segundo bateu pé em apenas dois —
o da próxima semana e outro em setembro.
Tanto o distraído ocupante da Casa Branca
quanto seu rombudo antecessor parecem convencidos de que a comparação direta
lhes será favorável. Biden, por acreditar que Trump não conseguirá manter sob
rédea curta sua índole agressiva, caótica e insolente. E Trump, eterno
apostador, por confiar tanto no próprio taco como num eventual escorregão ou
apagão mental do adversário. Teoricamente, é Trump quem entra em vantagem no
debate de quinta-feira. Todas as pesquisas de opinião recentes lhe são
favoráveis por estreita margem. Mas ainda faltam cinco meses até a terça-feira
5 de novembro — uma eternidade coalhada de percalços.
Por via das dúvidas, o candidato republicano
já começou jogando sujo. Passou a sugerir em sua rede social Truth Social que
Joe Biden estará “turbinado” para poder manter foco mental e vigor físico
durante a hora e meia no pódio. Relembrou a descoberta, pelo FBI, de uma
pequena quantidade de cocaína na Casa Branca, no ano passado, insinuando assim,
sem nada afirmar, que o adversário só se sairá bem com alguma ajuda química.
Segundo levantamento ABC News/Ipsos de dois
meses atrás, mais da metade dos americanos adultos considera os dois candidatos
velhos demais para um segundo mandato — acréscimo de 10 pontos em relação a
abril de 2023. Nesse quesito, a atenção maior se concentra em Biden, em seu
embaralhamento verbal, em sua fragilidade física e em suas desorientações
ocasionais. Nada, convenhamos, comparado a um delirante monólogo recitado por
Donald Trump durante recente comício em Las Vegas,
quando desembestou a contar uma longa história desprovida de qualquer nexo.
Relatou a hipótese de estar num barco movido a eletricidade que afundaria com o
peso da bateria. O que o colocaria diante de duas opções: permanecer no barco e
ser eletrocutado ou saltar dele e ser devorado por um tubarão de 9 metros.
Transcreve-se aqui um dos muitos parágrafos da fábula, para apreciação do
leitor:
— Aliás, tem havido um monte de tubarões
ultimamente, vocês têm percebido isso? (Trump estava em Las Vegas, não
exatamente à beira-mar.) Muitos tubarões. Eu vi uns caras justificando isso
hoje: “Eles não estavam tão ferozes assim, arrancaram a perna da jovem não
porque estavam com fome, mas porque não entenderam quem ela era.” Essas pessoas
são loucas...
Para quem não entendeu, a desvairada
narrativa era para ser um libelo do orador contra o uso de energia limpa
(elétrica) em barcos e veículos de carga. Mas, como foi encenada por Trump,
saiu barato. Seus seguidores ou acham graça ou aplaudem, seus adversários é que
arrancam os cabelos. O perigo chamado Donald Trump reside nisso, no excesso e
no extremo.
2 comentários:
O Congresso americano depois de receber inúmeras denúncias de parlamentares e jornalistas brasileiros que estão sob censura, enviou ao Brasil particularmente ao ministro Alexandre de Moraes ap ministro Roberto Barroso presidente do STF ministra CármenLúcia presidente do TSE, ao presidente da Câmara lira e ao presidente do Senado Pacheco solicitando esclarecimento sobre o ataque as liberdades democráticas e as censura prévia aos opositores do governo dando 10 dias para resposta, sob pena de sanções futuras
Eu posso dizer,cruzes?
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