O Globo
Em ato do PL, prefeito chamou rival de
“invasor”, “vagabundo” e “sem-vergonha”. Só faltou fazer o gesto de arminha com
os dedos
No ato que lançou Guilherme Boulos à
Prefeitura de São Paulo, Lula olhou para o aliado e confidenciou: “Eu me sinto
tão candidato quanto ele”.
O presidente nunca escondeu o plano de
transformar a eleição paulistana num duelo particular com Jair Bolsonaro. O que
impressionou no último sábado foi o peso que ele resolveu dar à disputa.
Lula chegou à convenção com um séquito de
oito ministros. Depois de ouvir 12 discursos, pegou o microfone e se dirigiu ao
“querido companheiro”.
“Pode estar certo de que estarei com você em todos os momentos”, disse. “Quero que os eleitores saibam que você é o meu candidato. Temos que mostrar quem está com quem”, decretou.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já havia
chamado o prefeito Ricardo Nunes para o ringue: “Por mais que ele esconda que é
o candidato do Bolsonaro, ele é o candidato do Bolsonaro”.
A estratégia de Lula não poderia ser mais
clara. Ao nacionalizar a disputa, o presidente tenta antecipar 2026. O objetivo
é disputar a reeleição com um aliado no comando da maior cidade do país.
Pelo visto, Nunes já mordeu a isca. Na
segunda-feira, ele participou da convenção do PL, que indicou um coronel da PM
como seu vice.
Ex-comandante da Rota, Mello Araújo se
notabilizou ao dizer que a PM não deve tratar os moradores dos Jardins como
trata os moradores da periferia. “É outra realidade”, justificou.
Quem assistiu ao evento notou que Nunes
estava mais à vontade no figurino bolsonarista. Com agressividade inaudita, ele
foi ao ataque à moda do capitão. Chamou Boulos
de “invasor”, “vagabundo” e “sem-vergonha”. Só faltou fazer o gesto
de arminha com os dedos.
O prefeito é favorito, mas está sob pressão.
Teme uma debandada de eleitores para o nanico Pablo Marçal, que já entrou na
disputa com dois dígitos nas pesquisas. Para conter o coach, tenta abraçar o
bolsonarismo e imitar os modos da extrema direita.
O risco para os paulistanos é que os
problemas municipais sejam relegados a segundo plano. Até aqui, os principais
candidatos não esboçaram preocupação com isso. No sábado, Boulos exaltou o fato
de Lula ter recebido mais votos que Bolsonaro na cidade. “Agora o nosso desafio
é completar o serviço”, disse.
Um comentário:
Boulos também chamou Pablo de picareta,não gostei,apesar de torcer pra ele,claro.
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