E o pior: nada indica que tenhamos condições de mudar esta realidade triste no curto, médio e até no longo prazo. Para isso, o povo precisaria ter consciência da necessidade urgente de esta aliança – Congresso/poder econômico – ser desmontada. Todos estão atuando para sedimentar a volta dos conservadores ao poder em 2026.
As eleições de 2024 se aproximam. Nelas serão
eleitos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O cenário que se apresenta é
bastante preocupante. E os resultados delas são fundamentais para as eleições
de 2026. O risco de retrocesso é imenso.
Os partidos de centro, direita e extrema
direita estão unidos, no chamado Centrão, comandado pelo Arthur Lira, com os
bolsos cheios de dinheiro público e com todo o poder. Vão lutar para eleger o
maior número de aliados possível e, assim, já ir pavimentando as suas próprias
reeleições em 2026.
Os prefeitos aliados destes parlamentares
foram beneficiados com uma avalanche de recursos, provenientes das emendas
parlamentares, que alcançaram no orçamento da União para 2024 valores
astronômicos: R$ 44,7 bilhões (Individuais: R$ 25,0 bilhões; Bancadas: R$ 8,5
bilhões; e de Comissões (substitutas do antigo orçamento secreto): R$ 11,0
bilhões. Estes recursos, por imposição do Congresso, já foram quase
integralmente disponibilizados aos parlamentares para serem usados nas eleições
desse ano.
Somem-se, ainda, os valores do Fundo
Eleitoral (R$ 4,96 bilhões; na eleição de 2020, R$ 2,0 bilhões) e do Fundo
Partidário (R$ 1,2 bilhão).
Apesar de o povo ter elegido o presidente
Lula, que sinalizava avanços, este está inteiramente refém do Centrão e com
grande risco de repetir na próxima eleição o fiasco de Bolsonaro. A correlação
de forças continua extremamente favorável ao Parlamento corrupto que a ele se
opõe. O Congresso continua apropriando cada vez mais fatias do orçamento da
União, em benefício principalmente dos partidos fisiológicos. O “orçamento
secreto” mudou somente de nome e no modo de distribuição dos recursos, agora alocados
nas comissões.
Os atuais prefeitos, com os cofres cheios, estão muito bem avaliados pela população e, portanto, com amplas possibilidades de serem reeleitos. O índice de reeleição tem chance de alcançar valor jamais antes visto.
Infelizmente, a população não percebe que estes
recursos são aportados a determinados municípios por critérios exclusivamente
políticos: enquanto alguns nadam em dinheiro, outros continuam com suas
demandas essenciais desatendidas.
Os recursos são aplicados sem nenhum
planejamento, critério técnico ou de prioridade. A seleção das obras/serviços
visa dar visibilidade política e a possibilidade de retorno, em forma de
propinas, para os políticos que os disponibilizaram. Assim, se uma empresa da
área de pavimentação tem um bom esquema de retorno - é informalmente do próprio
político ou de aliado de confiança -, o asfaltamento passa a ser a “grande
prioridade” do município.
Além de serem mal selecionadas, as obras são
também mal executadas, visando o aumento dos lucros.
Não é possível que continuemos assistindo
passivamente este assalto aos cofres públicos e o desperdício dos recursos,
pela ação nefasta de políticos corruptos e descompromissados com os interesses
do povo brasileiro.
O perigo de retrocesso é imenso! Vamos sair da letargia?
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