Folha de S. Paulo
Em meio a mentiras, sobra pouco espaço para
Marçal falar da cidade
Numa eleição marcada por insultos e trocas de
acusações, alguns se sobressaem como especialmente precisos. É o caso da
comparação que Tabata Amaral lançou
sobre Pablo Marçal:
ele é o "jogo do tigrinho" da eleição.
Para quem não sabe, o "jogo do
tigrinho" é um jogo de azar eletrônico que promete altas recompensas em
dinheiro, mas que na verdade é programado para arrancar o máximo possível do
jogador.
Todos os sinais apontam que é uma furada: por que uma empresa daria dinheiro fácil assim? É óbvio que ela vive de tirar dinheiro de quem é tolo o bastante para acreditar na promessa. O influenciador que te garante que o jogo paga bem recebe altas cifras para fazer esta propaganda —o jogo paga bem a ele! Todo mundo sabe disso. E, no entanto, o jogador acredita e aposta. Nas condições certas, o salto de fé parece uma chance de salvação. O resultado é previsível.
O estado mental para acreditar em Marçal como
prefeito é o mesmo que nos faz acreditar no "jogo do tigrinho" como
opção de investimento. O que Marçal traz à campanha para nos persuadir de que
seria um bom prefeito? Sempre que pode, mostra que conhece muito pouco da
cidade e de seus problemas. Suas soluções —como o prédio de 1
km de altura e o teleférico como solução do transporte— se
desmontam em dois segundos de questionamento. E ele próprio mal fala delas: na
maior parte do tempo, o que vem dele é uma série de acusações, bravatas e
baixarias. Entre chamar Boulos de cheirador de cocaína, dizer que Tabata teria
abandonado o pai e a carta que Trump teria
mandado em seu apoio —tudo mentira—, sobra pouco espaço para falar da cidade.
Resta a fé no sucesso. Não tenho nada contra
ela. Pelo contrário: sem uma boa dose de fé, não se realiza nada. O problema é
que, sozinha, não basta. A diferença da trajetória profissional de Marçal e
Tabata, aliás, ilustra essa questão. Ambos podem ser vistos como candidatos que
representam o poder do mérito individual em chegar longe. Ela, por meio da
educação e do trabalho; ele, por meio da habilidade de vender a si mesmo.
Tabata sempre
enfatiza que seu sucesso não se deve ao mérito individual, mas a todas as
chances que teve ao longo dos anos. Claro que sua dedicação também foi
essencial, mas ela própria revela o entendimento de que, para que uma sociedade
toda melhore, não basta que cada um de seus membros "acredite em si
mesmo" e que o Estado "saia do caminho". É preciso inteligência,
trabalho e políticas bem pensadas. Fazer guerra verbal aos
"comunistas" e ter fé no próprio taco não resolve nada disso.
Marçal também é um caso de sucesso individual
vindo de baixo. Não, contudo, pelo caminho mais longo da educação, e sim pela
venda de si e da projeção do próprio sucesso a um público ávido por ser como
ele. Basta acreditar e se colocar do lado do bem que a realidade magicamente se
submeterá à fé. Conhecimento, experiência, técnica não são necessários. É
preciso um time de motivados pela sua própria crença no sucesso. O tigrinho
abrirá o pote de ouro para você.
Sim, o sistema bancário é cheio de problemas
e merece muitas críticas; nem por isso as promessas de dinheiro fácil que
chegam pelas redes sociais são uma alternativa melhor. Idem para a política.
3 comentários:
Marçal veio dar um nó na cabeça do sistema , veio denunciar esse teatro de faz de conta da campanha, em que no final de contaso povo é enganado e traído
O Boules é a grande ameaça pra São Paulo , radical de extrema esquerda , promove invasão de propriedade privada E prédios públicos , É esse o candidato que Lula e a mídia estão querendo para prefeito de São Paulo
Marçal vai ganhar para o bem de todos e felicidade geral da cidade
Não leu o texto. Rebata as alegações, Anônimo!
Marçal faz paralítico andar.
Sei.
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