sábado, 21 de agosto de 2010

Estratégia de Serra tem "prazo de validade"

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Sob fortes críticas dos aliados, campanha do tucano pede 15 dias para avaliar êxito da tática de grudar em Lula

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos mais insatisfeitos; Jefferson também ataca a propaganda de Serra

Catia Seabra


DE SÃO PAULO - Apesar da reação de tucanos e aliados, está mantida a linha de comunicação da campanha de José Serra à Presidência, incluindo o eventual uso de imagens do presidente Lula na TV.

A estratégia tem, no entanto, prazo de validade: a Semana da Pátria.

A menos que haja grave turbulência até lá, a campanha trabalha com um prazo de até 15 dias para avaliação da eficácia do programa.

Haverá correção de rota se a candidatura não apresentar, até o feriado de Sete de Setembro, fôlego para chegada ao segundo turno.

Serra avaliza o trabalho do coordenador de comunicação, Luiz Gonzalez. Mas já dá sinais de desconforto, consultando aliados sobre a qualidade dos programas.

"Precisamos de pelo menos 10 dias para que haja uma maturação", afirma o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), escalado para pedir um voto de confiança aos aliados.

Inconformados, tucanos alertam para o risco de exaltação da imagem de Lula, patrocinador de Dilma Rousseff (PT). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos mais insatisfeitos.

"O programa homogeiniza todo mundo: "Somos todos herdeiros de Lula". Não sou filho de Lula. Nem a Dilma é minha madrasta", protestava Roberto Jefferson (PTB).

A intenção, porém, é persistir no confronto de biografias, o que inclui a associação com a trajetória de Lula.

O ex-prefeito Cesar Maia (DEM) confirma que a disposição é "checar o resultado em duas semanas mais". Segundo ele, a intenção de Gonzalez é mostrar que "Serra e Lula são "estadistas"". Mas que Dilma não está no mesmo patamar.

"Se o eleitor entender isso, será que ele quer um novo "estadista" ou exatamente o contrário, um pau mandado do Lula? Se for a segunda hipótese, é bumerangue. Se for a primeira, será um gol do Gonzalez."

A dificuldade, porém, será conter o PSDB. Ministro do governo FHC, Sérgio Amaral afirma que Serra tem sensibilidade social, mas lamenta que a candidatura não seja capaz de vocalizar esse compromisso para além das fronteiras de São Paulo.

O ex-ministro José Gregori defendeu a estratégia. Mas usou a expressão "esperança" para se referir às chances de Serra. "Minha esperança é que possamos desmontar o marketing de Lula."

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