Em política ou na vida, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. O PT está no poder há nove anos. Lula fez um governo próspero. Dilma teve um ano bom, criou para si a imagem de disciplinadora. Ganhou parte considerável da classe média.
Para 2012, há sinais de que alguns ajustes serão necessários nos dois pilares vitais de qualquer governo, a política e a economia. O anúncio de que o PIB do terceiro trimestre não cresceu já era até esperado, mas não há segurança a respeito do que poderá haver de inesperado ainda nas finanças internacionais.
Em 2009, a crise externa jogou o PIB do Brasil no chão. Em 2010, ano eleitoral, Lula abriu o cofre. É doce viver em autoengano. Agora os problemas vieram à tona para valer.
É impossível prever com precisão o estado da economia em 2012, embora os indicadores mostrem um ceticismo além do observado há seis meses. O clima mudou.
Essa incerteza sobre o crescimento do país é uma das duas luzes amarelas acesas à frente de Dilma. A outra é na política. Ninguém perde sete ministros impunemente. Há cicatrizes espalhadas na Esplanada. Sem contar as novas feridas abertas quase a cada semana.
O caso de Fernando Pimentel, titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é emblemático. Único entre todos os ministros bancado 100% por Dilma, ele pena para se livrar do papel de "Palocci 2", acusado de tráfico de influência.
As nuvens cinzas podem se dissipar. Claro. Não é um absurdo a economia brasileira se recuperar, apesar das dificuldades externas. Pimentel pode se explicar e convencer a todos sobre a lisura de seus negócios. Dilma então fará um governo mais azeitado, com ministros indicados por ela a partir de 2012. No momento, entretanto, as luzes amarelas impedem qualquer um de fazer vaticínios tão otimistas para a administração federal do PT.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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