sábado, 24 de março de 2012

Para fugir de polêmicas, Serra faz agenda interna

Na última semana antes da prévia, ex-governador desiste de participar de eventos externos para não falar da renúncia em 2006

Bruno Boghossian

Confrontado diariamente com o episódio de sua renúncia à Prefeitura de São Paulo em 2006, o ex-governador José Serra desistiu de fazer eventos abertos na última semana antes da prévia do PSDB. Sua equipe acredita que a exploração do tema criou constrangimentos para o pré-candidato nos eventos com militantes. Amanhã o PSDB escolhe o pré-candidato da sigla. Além de Serra, são candidatos o secretário José Aníbal (Energia) e o deputado federal Ricardo Tripoli.

O clima piorou na segunda-feira, depois que Serra chamou de "papelzinho" o documento que assinou em 2004 para prometer que não deixaria o cargo se fosse eleito. Ao longo desta semana, o ex-governador tentou explicar as circunstâncias que o levaram a renunciar e afirmou que o documento assinado não foi reconhecido em cartório por ele.

Aliados haviam programado uma extensa agenda na última semana de campanha antes da prévia, mas o plano foi abandonado por conta do episódio. Parte da equipe recomendou que ele se limitasse a pedir apoio por telefone a líderes locais do partido.

Apesar de se esforçarem para mostrar que Serra não perdeu eleitores após sua renúncia, os tucanos consideram prudente deixar que o assunto "morra" até a realização da prévia, amanhã. Eles acreditam que o tema permaneceria nas páginas dos jornais caso o ex-governador voltasse a comentar o episódio.

Os pré-candidatos Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Celso Russomanno (PRB) aproveitaram para criticar a renúncia. Serra diz que vai cumprir os quatro anos de mandato e que o debate é uma "pauta" levantada pela oposição.

Os tucanos passaram a repetir que a decisão foi tomada pelo bem do partido, para evitar que o PT chegasse ao governo do Estado. Dizem também que Serra fez obras pela cidade de São Paulo quando chegou ao Palácio dos Bandeirantes.

Oficialmente, o ex-governador afirma que desistiu de se reunir publicamente com militantes para cumprir "agenda interna" nos últimos dias. Na terça-feira, desistiu de visitar uma Fábrica de Cultura. Na quarta, cancelou dois eventos, incluindo um encontro com militantes. Quinta e sexta desistiu de pelo menos dois encontros.

Reta final. Aníbal e Tripoli mantiveram encontros com a militância. Hoje, Tripoli deve se encontrar com seis grupos de militantes. Nos últimos dias, os pedidos de voto se multiplicaram por telefone, SMS e e-mails. O ex-governador Alberto Goldman mandou e-mail para os assinantes de seu blog pedindo apoio a Serra.

O partido montou 58 locais de votação para receber seus filiados, a partir de 9h de amanhã. São esperados 6 mil eleitores, mas dirigentes admitem que o número pode ser de 4 mil. O resultado deve sair a partir de 16h.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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