A nova legenda será anunciada amanhã pela ex-candidata a presidente. Uma das metas é disputar o governo nos principais centros. O DF é um desses colégios eleitorais.
Estratégia montada
Integrantes da legenda que será lançada amanhã por Marina Silva avaliam que terão palanque forte em oito dos principais colégios eleitorais
Paulo de Tarso Lyra
Os integrantes do novo partido que será lançado amanhã em Brasília tendo como principal estrela a ex-candidata do PV à presidência, Marina Silva, apostam em palanques fortes em pelo menos oito unidades da Federação nas eleições para governador em 2014: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Ceará e Rio Grande do Sul. Em todos eles, a futura legenda espera lançar candidatos ao governo local para pavimentar a provável candidatura nacional de Marina no ano que vem.
Somado, o eleitorado desses estados, de acordo com números oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), chega a aproximadamente 88,3 milhões de eleitores — ou 65% dos votos nacionais. Eles representam sete dos oito maiores colégios eleitorais do país, além da capital da República, onde Marina teve uma expressiva votação na disputa pelo Palácio do Planalto dois anos atrás. “São lugares onde ocorreram mais do que mobilizações nas redes sociais. Em todos eles foram organizados encontros presenciais com Marina Silva”, disse o coordenador jurídico do futuro partido, André Lima.
Esses polos eleitorais foram costurados pela própria Marina logo após 2010, quando terminou as eleições presidenciais com um capital político de aproximadamente 20 milhões de votos. Ainda filiada ao PV, ela começou a arregimentar forças locais para endossar o movimento de mudança. “Nós continuamos sendo uma opção àqueles que buscam algo além da polarização atual entre PT e PSDB”, afirmou o deputado federal Walter Feldmann (PSDB-SP), principal nome do futuro partido em São Paulo.
No Rio de Janeiro, Marina preservou-se dos ataques e usou Alfredo Sirkis para defender o rompimento com o PV. Segundo apurou o Correio, os marineiros convenceram Sirkis de que a legenda que ajudou a construir tinha se transformado em partido de aluguel. A tese foi reforçada quando, no segundo turno das eleições presidenciais, parte do PV defendeu apoio à candidatura de José Serra (PSDB) em troca de quatro ministérios: Cidades, Integração Nacional, Educação e Meio Ambiente. Sirkis acabou por aderir ao movimento mudancista.
Embora tente adotar um discurso de que o partido não está sendo criado exclusivamente para dar condições à Marina de candidatar-se novamente à presidência, ninguém esconde que não faria sentido tanto esforço para deixar escapar a oportunidade de um nome próprio ao Palácio do Planalto no ano que vem. Os próprios estados eleitos como chave pelos sonháticos, além do alto número de eleitores, foram escolhidos por representar redutos eleitorais dos prováveis adversários de Marina.
Votação
Dois deles encaixam-se com exatidão nesse perfil: Minas Gerais, do senador Aécio Neves (PSDB), e Pernambuco, do governador Eduardo Campos (PSB). Além disso, São Paulo é reduto tucano; Ceará é governador pelos socialistas; e Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que são comandados respectivamente por PMDB e PT, devem despejar votos a granel para a presidente Dilma Rousseff.
Os críticos do movimento dos “sonháticos” afirmam que Marina ainda dorme embalada pelos 20 milhões de votos que recebeu há dois anos. Emendam que eles não são capital próprio, mas sim, fruto de uma descrença em Dilma e Serra, os dois adversários do pleito presidencialista de 2010. Além disso, há quem diga que no ano que vem Marina poderá dividir o rótulo de novidade com Eduardo Campos.
Nada que assuste os “sonháticos”. Mas para que a opção de mudança deixe de ser apenas um sonho, contudo, é preciso a coleta de pelo menos 500 mil assinaturas, o que representa 0,5% do eleitorado nacional, em pelo menos nove estados. De acordo com Feldmann, a expectativa é que esse número seja atingido com certa facilidade. Só em São Paulo o ainda tucano estima em 200 mil apoiadores. A legenda ainda terá que lutar no Tribunal Superior Eleitoral, caso consiga o número mínimo de assinaturas, para ter tempo de televisão e fundo partidário, requisitos essenciais para atrair parlamentares de outras legendas.
As apostas
Confira as unidades da Federação onde os sonháticos acreditam que estarão bem em 2014
São Paulo
» Principal estado do país, tem Walter Feldmann (PSDB) como principal nome
Minas Gerais
» Segundo maior colégio eleitoral do país, pode surgir como um contraponto ao PSDB de Aécio Neves
Distrito Federal
» Foi uma das votações mais marcantes de Marina Silva na campanha presidencial de 2010
Pernambuco
» O partido surge embalado na força de Sérgio Xavier, ambientalista histórico e com bom diálogo com o PT pernambucano. Pode ser contraponto a Eduardo Campos
Bahia
» Maior colégio eleitoral do Nordeste, estado considerado chave fora do eixo Sudeste
Ceará
» Partido também pretende rivalizar com o PSB, desta vez com o clã Gomes.
Rio Grande do Sul
» Estado comandado pelo PT e berço político de Dilma Rousseff, o novo partido pode roubar votos dilmistas
Rio de Janeiro
» Marina também foi bem votada, além de ser o estado de Alfredo Sirkis, um ex-verde histórico, provável candidato do partido ao governo localfalsefalsetrueEstratégia montadaIntegrantes da legenda que será lançada amanhã por Marina Silva avaliam que terão palanque forte em oito dos principais colégios eleitorais
Fonte: Correio Braziliense
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