Poucas vezes um vice trabalhou tanto quanto Michel Temer agora, participando de reuniões com a presidente no Planalto, promovendo conversas com peemedebistas no Palácio do Jaburu e tentando neutralizar a força crescente do líder na Câmara, Eduardo Cunha, sobre o PMDB.
Há dois objetivos nesse ânimo participante de Temer: salvar Dilma e o governo dos seus próprios erros de articulação política e, principalmente, salvar a própria pele --e o nome na chapa da reeleição em 2014.
Faz sentido o socorro político de Temer, já que Ideli Salvatti parece perdida na grande confusão que virou o Congresso, Gleisi Hoffmann tem mais o que fazer tentando arrumar a casa e Aloizio Mercadante não tem boa interlocução nem no PT, imagine-se no resto.
Mas faz mais sentido ainda o instinto de autopreservação de Temer. Maior líder popular do país, Lula não deu um pio em público sobre as manifestações que mudaram o ritmo e, talvez, o rumo das coisas, mas tem falado e articulado um bocado a portas fechadas, quando não faltam críticas ao governo e à sucessora, essa "teimosa". Isso sobra para Temer.
Uma das articulações de Lula é para neutralizar e atrair de volta o governador Eduardo Campos e, assim, reduzir o número de candidaturas, garantir o apoio do PSB ao PT em 2014 e insistir em algo cada vez mais distante no horizonte da sucessão: a vitória petista em primeiro turno.
Campos dizia que só não seria candidato numa hipótese: se Lula fosse. E consta que uma moeda de troca da candidatura pela adesão era a vice, que sairia do PMDB para o PSB.
Além do "cadê o Lula?", pergunta-se em Brasília: "E cadê o Eduardo Campos?". Dizem que os dois andam negociando a mil, donde se deduz que a candidatura Lula ressurgiu das cinzas de Dilma e/ou a cadeira de Temer está balançando.
O fato é que, com a crise, tudo começa quase do zero. Todas de cabelo em pé e todos de barbas de molho.
Fonte: Folha de S. Paulo
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