- Folha de S. Paulo
Há uma relação direta entre dois anúncios cheios de significado: a produção da indústria caiu em 21 de 26 setores em junho; a arrecadação da campanha de Dilma Rousseff caiu em relação a 2010.
A lógica é elementar, comprovando que, se o mar não está para peixe, o ambiente industrial não está muito animado com a reeleição e isso reflete nas doações de campanha.
No primeiro mês oficial da eleição, a arrecadação de Dilma foi bem menor do que a do mesmo período de 2010 e está equiparada à do tucano Aécio Neves --que foi mais que o dobro do que José Serra recebeu quatro anos atrás. Aécio, aliás, foi o que mais atraiu recursos na largada. Campos não está mal, mas tem o fantasma de Marina.
O empresariado aposta suas fichas e dá o troco em Dilma pelo desempenho industrial, que embicou para baixo, e pelos indicadores da economia, um pior que o outro.
Só na semana passada: 1) o governo gasta demais e está muito longe de cumprir a própria meta de economia para o ano; 2) as exportações melhoraram em julho, com as tais plataformas de petróleo, e nem isso reverte o déficit comercial no ano, de US$ 916 milhões; 3) o IBGE detecta o recuo da indústria pelo quarto mês seguido. Pobre PIB...
Quem pode estar feliz? Sem felicidade, não há ânimo para a reeleição.
Dilma saiu da condição de "poste" para a vitória de 2010 embalada por uma popularidade recorde de Lula e por um crescimento econômico de 7,5%. Tudo fazia sentido.
Em 2014, Lula anda meio sumido, a popularidade da presidente é sofrível, a previsão de crescimento é de mísero 1% e o efeito da política econômica desses três anos e meio desaba no empresariado e no eleitorado na pior hora.
O dia 19 vem aí e a proporção do tempo na TV é bem mais favorável a Dilma do que a das doações de campanha. Mas para falar da era Lula e esquecer a era Dilma. Com a TV, ou vai ou racha --inclusive os aliados.
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