• Durante a solenidade em Brasília, Dilma reclama do que chamou de 'derrotismo e pessimismo' dos meios de comunicação
Tânia Monteiro, Rricardo Brito, Daiene Cardoso, Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O comando da campanha da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff lançou ontem, em Brasília, o site "O Brasil da Mudança", que apresenta uma compilação de feitos dos 12 anos da era petista para fazer um confronto de informações com a oposição e com a imprensa - alvo preferencial ontem dos discursos da petista e de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Esse site vai ajudar a gente a enfrentar o derrotismo e o pessimismo que levaram parte expressiva dos meios de comunicação a dizer que a Copa ia ser o caos", disse Dilma em seu discurso. Salientou também que o novo site ajuda a enfrentar o "terrorismo".
Imprensa. Antes dela, Lula voltou a fazer críticas à imprensa. Afirmou que, em 2014, o Jornal Nacional apresentou uma hora e 22 minutos de notícias desfavoráveis contra o governo, contra três minutos favoráveis. Sem citar o nome do candidato do PSDB, Aécio Neves, o ex-presidente disse que o adversário teve sete minutos e 42 de noticiário positivo e cinco minutos de negativo.
Lula começou sua fala se referindo à presidente Dilma. Perguntou se ela tinha visto uma criança chorando na plateia. "Vi uma criança chorando e fiquei com medo de que algum setor da imprensa disse que é um protesto", afirmou ele, ao destacar que não estava pedindo aos meios de comunicação que falassem bem dos governos petistas. "Não é para pedir que falem bem. A gente só quer, pelo menos, que as pessoas sejam honestas no tratamento da cobertura."
O ex-presidente afirmou que em 2006, quando foi candidato à reeleição, tinha menos tempo na TV que o candidato que estava em quarto lugar nas pesquisas. Para Lula, isso piorou, se comparado ao tratamento dado a Dilma. "Eles me tratavam bem", disse.
Economia. Um dos principais objetivos da guerra de informações que o site pretende abrir é na economia. O portal, por exemplo, defende a "solidez fiscal" do Brasil, um dos pontos mais criticados na atual gestão por diversos setores da sociedade, como economistas, agências de rating e acadêmicos . O texto diz que as gestões Lula e Dilma enfrentaram "dois momentos distintos da grave crise internacional que ainda hoje assola grande parte do planeta".
"Mesmo assim, a solidez fiscal do Brasil criou o alicerce firme para os investimentos público e privado, o crescimento econômico e a geração de empregos", destaca um dos textos, que descreve a atuação macroeconômica dos governos.
No entanto, o superávit primário, melhor termômetro para avaliar o desempenho da política fiscal, não reflete isso. Usado por poucos países do mundo, esse resultado primário significa a poupança feita pelo governo, após coletar impostos da sociedade, para pagar os juros da dívida pública.
Durante o governo Dilma, o dado perdeu a importância. Em 2012, o governo recorreu a triangulações com o BNDES e lançou mão de recursos do Fundo Soberano do Brasil para atingir a meta.
O expediente, que não foi explicado ou divulgado pelo governo, foi classificado como contabilidade criativa pelo mercado, causando queda na confiança do governo. No ano seguinte, a meta só foi cumprida com o Refis e pagamento de dividendos das estatais. Neste ano, o mercado não acredita que a meta será cumprida.
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