• Tucano condena ataques de Dilma a Marina e nega que tente "desconstruir imagem" da ex-senadora
Silvia Amorim – O Globo
MONTES CLAROS (MG) - De fora da polarização que se estabeleceu entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, classificou ontem como "vale tudo" o embate nos últimos dias entre as duas primeiras colocadas nas pesquisas de intenções de voto. O tucano, procurando demonstrar que reage à candidatura de Marina de uma forma diferente da do PT, saiu em defesa da ex-senadora e disse que são "inaceitáveis" os ataques feitos pela presidente à candidata do PSB.
Antes de uma carreta em Montes Claros, Minas Gerais, Aécio afirmou que não entrará nesse jogo para ganhar eleição.
- Estamos vendo ataques pessoais na televisão comparando Marina a outros ex-presidentes da República. Eu não faço esse tipo de ataque pessoal. Eu não entro nesse vale-tudo para ganhar a eleição Acho absolutamente inaceitável o tipo de acusação que ela (Marina) recebe hoje da presidente Dilma. Não entro nesse campo político.
Aécio referiu-se à propaganda que a campanha de Dilma veiculou na TV comparando Marina aos ex-presidentes Fernando Collor e Jânio Quadros. O tucano disse que vai manter a estratégia de mostrar as contradições da ex-senadora, o que, para ele, "não é ataque":
- É apenas permitir ao eleitor tomar a decisão sabendo o que está querendo para o Brasil.
Mais tarde, ao saber das críticas que Marina fez a ele na sabatina do GLOBO, Aécio reagiu nas redes sociais:
"@silva_marina na verdade, estou fazendo o debate político. Fundamental para a democracia. Não desconstruindo sua imagem", escreveu o candidato, em resposta à declaração da adversária de que ele estava com crise de consciência e que fazia falsos elogios a ela.
A defesa feita por ele a Marina em Montes Claros foi, segundo integrantes da campanha, uma estratégia para "furar" a polarização do debate entre as duas adversárias. A iniciativa estava sendo planejada há alguns dias e esperava-se apenas uma oportunidade. Por outro lado, a defesa também foi um gesto de não agressão com vistas ao segundo turno, seja qual for a posição em que estará o tucano - pedindo ou oferecendo apoio. Aécio seguirá focando o discurso contra o PT e tentando associar Dilma e Marina ao partido para tentar recuperar o eleitor antipetista.
Banco de empregos
As críticas ao PT continuaram em discurso para militantes. Aécio disse que, se o PT vencer em Minas, o estado vai se transformar num "bancão de empregos para a petezada":
- O PT está perdendo a eleição em todos os estados que governa. Está perdendo na Bahia, Rio Grande do Sul e vai perder no Brasil também. Uma vitória, que eu não posso acreditar que vai acontecer, em Minas Gerais, podem ter certeza, que aqui vai virar um balcão de emprego para essa petezada que vai perder a eleição no Brasil inteiro. Eles vão vir para Minas Gerais salvar o seu. É isso que acontece quando eles perdem as eleições.
Em relação a Dilma, que também intensificou suas visitas a Minas - amanhã, ela e Aécio cumprirão agenda em Belo Horizonte - , o presidenciável disse que a adversária não trabalhou pelo desenvolvimento da região norte do estado, a mais carente, quando impediu a instalação de uma montadora de veículos em Minas e, com ela, a vinda de muitos empregos ligados ao setor automobilístico.
- A presidente Dilma Rousseff, que vem aqui com um sorriso pedir o voto de vocês, vetou o único artigo da medida provisória, e os fornecedores de autopeças estão em outro estado já se instalando. Eu estou aqui para dizer que, ou nós vamos nos juntar e sair daqui compreendendo que somos um time a favor de Minas, ou então os nossos adversários vão comemorar. Eu não posso acreditar que vamos deixar isso acontecer.
Aécio permanece estagnado no terceiro lugar na eleição nacional e, em Minas, o candidato do PSDB, Pimenta da Veiga, está 11 pontos atrás do ex-ministro Fernando Pimentel (PT), segundo pesquisa Datafolha.
- Houve uma estabilização do quadro depois de uma mudança muito rápida nas ultimas três semanas. Agora, é preciso que as pessoas conheçam em profundidade quem são os candidatos.
Sobre o cenário em Minas, Aécio disse que o eleitor mineiro é diferente dos demais e defendeu que a eleição no estado está começando agora.
- Primeiro, ele escuta, depois dá uma agachada para olhar para ver se enxerga um pouco mais longe. Depois dá uma espiada e aí começa a decidir - disse Aécio.
Vitória em Minas
Para animar a militância, o senador disse que havia reafirmado à imprensa que venceria em Minas e que, portanto, o povo mineiro não poderia deixá-lo ficar com a pecha de mentiroso.
- Eu falei um negócio que o Brasil inteiro vai estar repetindo nas televisões e nos jornais, você não podem me deixar passar por mentiroso. Eu falei para o Brasil inteiro há pouco que vou ganhar as eleições em Minas Gerais, sim, e o Pimenta vai ganhar para governador e o Anastasia vai ser o senador mais votado do Brasil.
O ex-governador de Minas Antonio Anastasia recebeu, no palanque, a sinalização de que tem lugar entre os ministros, caso Aécio seja eleito:
- Imagina que privilégio cada um de vocês, daqui a três meses, baterem lá na porta do Palácio do Planalto e quem vai estar atendendo vocês não é um desconhecido, é o Anastasia com a caneta na mão para ajudar o norte mineiro a fazer o que precisa ser feito. Sou eu quem vou estar lá.
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