• Tucano lembrou que Lula concedeu benefícios para levar fábrica da Fiat para Pernambuco, do aliado Eduardo Campos
Marcelo Portela - O Estado de S. Paulo
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou a criticar nesta tarde, após uma carreata do aeroporto de Montes Claros (MG) ao Automóvel Clube, o PT e a adversária Marina Silva (PSB) em ato com centenas de aliados e cabos eleitorais.
Em seu discurso, o tucano lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou medida provisória "no apagar das luzes" de seu governo concedendo benefícios tributários para que uma nova fábrica da Fiat, inicialmente prevista para ser construída em Minas, fosse transferida para Pernambuco - então governado por Eduardo Campos, que na ocasião era aliado do governo federal.
O presidenciável, que classificou a MP como uma "traição a Minas", ressaltou ainda que uma emenda estendia os incentivos fiscais para o norte mineiro e o Vale do Jequitinhonha. "A presidente Dilma Rousseff, que veio aqui com sorriso pedir o voto de vocês, vetou esse artigo", salientou, referindo-se a uma visita da petista e de Lula à mesma cidade em agosto passado.
Os ataques de Aécio podem ser considerados como uma tentativa de reverter o atual cenário mostrado pelas pesquisas eleitorais no Estado. Minas é o principal reduto eleitoral do tucano, mas pesquisa Datafolha divulgada ontem, com margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos, mostrou que ele tem 26% da preferência do eleitorado mineiro, em empate técnico com Marina, que tem 25%, enquanto Dilma aparece com 33%.
E não foi só ao PT que Aécio dirigiu ataques. Tanto em seu discurso quanto em entrevista concedida antes, o tucano fez questão de pontuar uma série de "incoerências" entre as posições adotadas por Marina Silva no passado e as propostas que apresenta atualmente. Para o senador, o eleitor tem "o dever e o direito de saber como pensa cada candidato". E ainda voltou a associar a socialista à presidente Dilma. "Vejo muitas semelhanças hoje no discurso da candidata Marina, que respeito pessoalmente, com o discurso da candidata Dilma quatro anos atrás. Até porque conviveram muito tempo juntas no próprio PT", concluiu.
Mais cedo, Aécio tinha classificado também como "absolutamente condenável" as acusações pessoais feitas por Dilma à Marina, e afirmou que não entrará num "vale tudo" para ganhar o pleito, fazendo apenas críticas no "campo político". "Essa eleição é diferente de tudo que vimos até aqui. Há 30 dias era outro cenário. Já tinha gente tomando uma porque nós íamos para o segundo turno e íamos ganhar a eleição. A coisa mudou e vamos reconhecer que mudou", disse.
O tucano atribuiu o desempenho de Marina a um "sentimento de comoção" com a morte de Eduardo Campos (PSB), que encabeçava a chapa hoje liderada pela socialista, além de "certa indignação com tudo isso que está acontecendo no Brasil", mas avaliou que já há uma "estabilização". "Eu acredito no lugar mais profundo da minha alma que o bem e a verdade vão vencer. E nós somos a verdade", declarou.
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