Quando uma consultoria britânica informou, em dezembro de 2011, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil medido em dólar havia superado o do Reino Unido e se tornado o sexto maior do mundo, o governo petista não conteve seu entusiasmo. O então ministro da Fazenda, Guido Mantega, vaticinou: “O Fundo Monetário Internacional prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes”. Mantega disse considerar “inexorável” que o País superasse a França e, “quem sabe”, até a Alemanha.
Na época, o País vinha de um crescimento de 7,5% em 2010 e, mesmo diante da crise que abalava a Europa, o governo estimava uma expansão entre 4% e 5% em 2012. Consolidava-se no imaginário lulopetista a sensação de que bastava o voluntarismo estatista, tão caro ao PT, para impulsionar o desenvolvimento brasileiro como “nunca antes na história deste país”, conforme gabava-se o messias Lula da Silva.
Hoje, ruiu o edifício sobre o qual se assentavam as certezas da turma petista. Não passou de uma miragem a perspectiva, tantas vezes anunciada por Lula nos palanques dos quais nunca desceu, de que o Brasil estava finalmente prestes a atingir o Primeiro Mundo – e ainda, de lambujem, promover a “justiça social”. Esse fracasso da política econômica lulopetista ficou ainda mais evidente quando a agência de classificação de risco Austin Rating informou, há dias, que o Brasil, hoje a oitava economia do mundo, passará a ser a nona no ano que vem.
Pode-se explicar essa queda no ranking das maiores economias como consequência da forte desvalorização do real ante o dólar, reduzindo o PIB medido na moeda americana. Mas essa é apenas a causa imediata. A razão de fundo, salientada pela Austin, é que ficou claro que o Brasil “não consegue sustentar seu crescimento econômico”.
Mesmo a alta do dólar não é apenas conjuntural. Ela se dá em razão, principalmente, da grave deterioração das contas nacionais, cuja origem está no segundo mandato presidencial de Lula, agravando-se no primeiro mandato de sua pupila, Dilma Rousseff. O desastre causado pela irresponsabilidade fiscal da dupla Lula-Dilma ainda está por ser inteiramente contabilizado, mas é certo que a ilusão da época em que tudo era possível, desde que houvesse “vontade política”, já pode ser medida pela decadência do Brasil entre as maiores economias do mundo.
O País deverá ser ultrapassado pelo Canadá, que, embora também esteja em recessão, certamente não é visto pelo mercado com a mesma desconfiança reservada ao Brasil. O problema brasileiro é que o crescimento, quando houve, resultou muito mais de uma conjuntura externa favorável do que dos méritos da administração petista. Ficou claro que o Brasil não aproveitou as chances que teve para transformar aquela expansão episódica em crescimento sustentável, especialmente por causa das idiossincrasias de Dilma em relação aos investimentos privados e ao apego da petista à ideia de que o Estado deve ser o motor do desenvolvimento.
O fim do “milagre petista”, que não durou nem três anos, terá especial impacto justamente sobre os mais pobres. A violenta deterioração da economia, traduzida pela desvalorização do real, eleva a inflação, reduz a atividade produtiva e aumenta o desemprego, fatores que afetam mais aqueles que não têm reservas. Uma pesquisa recente da Federação do Comércio de São Paulo informou que, nos últimos 12 meses, 2% das famílias brasileiras regrediram socialmente – ou passaram da classe C para a D, ou da classe D para a E.
Mesmo que o PIB brasileiro se mantivesse entre os maiores do mundo, isso não significaria necessariamente que as grandes deficiências do País estariam superadas, pois a concentração da riqueza ainda é muito acentuada. No entanto, quando o PIB despenca, as chances de resgatar os mais pobres ficam ainda mais remotas. Esse é o grande legado do modo petista de governar.
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