A
Abin enviou quatro agentes secretos para espionar a última Cúpula do Clima das
Nações Unidas, em Madri. De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, a
caravana recebeu a missão de monitorar críticas ao governo Bolsonaro. Se o
objetivo era esse, os arapongas poderiam ter ficado em casa. Bastava ler os
jornais ou assistir às notícias na TV.
A
COP-25 deveria ter sido realizada no Brasil. Foi enxotada pelo capitão, que
nega as mudanças climáticas e trata os ecologistas como inimigos. Desde o ano
passado, o país é visto como um vilão ambiental. Ele trabalhou para isso:
desmontou os órgãos de fiscalização, facilitou a vida dos desmatadores e
permitiu o avanço das queimadas na Amazônia.
Segundo
a reportagem do “Estadão”, os espiões monitoraram organizações não
governamentais, integrantes da comitiva brasileira e representantes de
delegações estrangeiras. Isso mostra um triplo desrespeito: à sociedade civil,
aos profissionais do Itamaraty e à comunidade internacional.
Os
arapongas atravessaram o Atlântico à toa. Parte de sua tarefa era acompanhar
debates com transmissão ao vivo e ampla cobertura na imprensa. Os agentes
secretos usaram crachás e tiveram seus nomes publicados no jornal. Tudo seria
engraçado se o contribuinte não tivesse bancado os gastos com passagens e
diárias.
O
caso expõe mais um desvio de função da Abin sob o comando do ministro Augusto
Heleno. Antes do passeio em Madri, a agência já havia espionado padres e bispos
que prepararam o Sínodo da Amazônia. O general deve ver o Papa Francisco, que
convocou o encontro, como um perigoso comunista infiltrado no Vaticano.
A
Abin é uma instituição de Estado, criada para zelar pela segurança do Brasil e
dos brasileiros. Não deveria ser usada para estimular paranoias ou atender aos
caprichos do governo de plantão.
Se
estivesse mesmo preocupado com a imagem do país, Bolsonaro poderia acionar a
agência para saber quem põe fogo na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado. Mas o
capitão parece mais interessado em proteger amigos e caçar fantasmas.
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