Teste
paulista é seguro, dizem cientistas; Brasil e EUA são maiores campos de prova
João Doria disse
que a vacinação
contra a Covid começa no dia 15 de dezembro em São Paulo, desde que
seu governo tenha autorização da Anvisa. Em fins de março, a
população paulista inteira estaria vacinada.
Até
meados de dezembro, menos de dois meses, já será possível saber se a vacina é
mesmo segura e funciona?
Duas
pessoas envolvidas nos trabalhos dos testes científicos da Coronavac, a “vacina
chinesa”, da Sinovac, dizem que sim.
Pelo
menos em uma avaliação de uso emergencial, será possível ter dados para aplicar
a vacina com segurança, embora o estudo
de seu grau de proteção ainda vá depender de acompanhamento mais
demorado —pelo menos até meados de 2021.
Os
efeitos colaterais da vacinação com a Coronavac seriam raros ou leves, como os
de uma vacina de gripe ou ainda menos, dizem esses pesquisadores de São Paulo.
Na
opinião dessas pessoas, que não têm cargo político ou de direção superior, o
governador paulista não está atropelando a análise científica. Dizem que o
pessoal da Sinovac obviamente também não quereria colocar em risco sua
reputação comercial e o prestígio diplomático da China com um desastre em país
como o Brasil.
Observam
que Doria correria o mesmo risco, na
raia política, se avançasse o sinal.
Em
suma, o prazo seria bem apertado, mas não maluco. No entanto, ninguém quis
explicar quais são os critérios desse calendário da responsabilidade.
O
Brasil e os Estados Unidos são os campos de prova de vacinas mais importantes
do mundo, dadas a extensão e a gravidade da epidemia e o estágio em que estão
os testes em fase três (o último antes da aprovação para uso geral ou regular
da vacina).
Nos
EUA, os testes começaram no dia 27 de julho. No Brasil, no dia 21 do mesmo mês.
A
Coronavac está sendo testada apenas aqui, na Indonésia e na Turquia, que
começou os exames em setembro. Nas próximas semanas, começa a ser avaliada no
Chile. O acordo para o teste em Bangladesh deu chabu.
Logo,
São Paulo e, por tabela, o Brasil estão por sua conta e risco de pioneirismo.
Risco de grande sucesso inclusive.
Na
Indonésia, país de 270 milhões de habitantes e algo mais de 12.500 mortes pela
Covid, testes começaram em 11 de agosto.
A
universidade e a estatal farmacêutica que fazem a pesquisa esperam concluir o
acompanhamento das pessoas submetidas ao teste até o final de dezembro. O
governo quer começar a vacinar um pouco antes disso, o que a Sinovac acha
possível. Os indonésios também compraram vacinas de outras duas firmas
chinesas. Desenvolvem ainda um produto nacional, com apoio coreano, a “vermelha
e branca”, cores da bandeira do país.
A
China fez também seus testes da Coronavac, mas afortunadamente não deve ter
meios de verificar com facilidade o sucesso da vacinação em massa, pois o país
quase não tem casos da doença. A imprensa chinesa diz que mais de 350 mil
pessoas foram vacinadas no país até setembro. No final de junho, havia sido
autorizada essa aplicação emergencial de quatro tipos de vacinas em pessoas que
trabalham em situação de risco e nas empresas que desenvolvem os imunizantes.
Na
semana que passou, a província de Zhejiang começou a oferecer justamente
vacinas da Sinovac para a população em geral, com prioridade para profissionais
de saúde, funcionários de portos, aeroportos, alfândegas e trabalhadores de
serviços essenciais.
Se
houver mais vacina, o interessado pode pagar 400 iuans (cerca de R$ 330) pelas
duas doses, tomadas em intervalos de 14 a 28 dias.
Mas
não há liberação oficial para a vacinação em massa.
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