Sigla
ainda patina no eleitorado que era uma de suas principais bases políticas
No
início da última semana, Jilmar Tatto (PT) foi a uma igreja na zona sul de São
Paulo, seu reduto eleitoral. Era um ato de campanha, mas não apareceram
eleitores nem militantes na saída da missa. Horas depois, os dirigentes
da sigla reclamaram da falta de apoio da base petista ao candidato,
segundo relato da repórter Catia Seabra.
A
vida não anda fácil para o PT a menos de um mês das eleições municipais. Em 15
das 21 capitais em que tem candidato, a legenda não chegou a 10% das intenções
de voto nas últimas pesquisas. Só dois nomes disputam a liderança —Luizianne
Lins (Fortaleza) e João Coser (Vitória).
Os
dados do Ibope sugerem que o
partido enfrenta uma barreira inicial naquela que havia se tornado uma
das principais bases políticas da sigla: o eleitorado de baixa renda. Nesse
grupo, a corrida começou marcada pelo desinteresse e pela ascensão de outras
candidaturas.
Na
disputa paulistana, Tatto subiu na última pesquisa, mas só marca 6% entre os
eleitores mais pobres. Seu rival ali não
está na esquerda, com Guilherme Boulos (PSOL). Quem lidera é Celso
Russomanno (Republicanos), que anota 33% naquela faixa.
Nessas
eleições, não são raros os petistas que largaram com desempenho melhor entre os
mais ricos. No Recife, Marília Arraes marca 18% no topo da pirâmide e 12% na
base. O mesmo acontece em Manaus, onde Zé Ricardo aparece com 17% no primeiro
grupo e 8% no segundo. Em Salvador, Major Denice tem o triplo de intenções de
voto na alta renda.
A
situação é diferente em Fortaleza. Luizianne Lins aparece com 30% entre
eleitores com renda de até um salário mínimo. Mas na faixa seguinte, de um a
dois salários, a petista cai para 17% e é superada pelo bolsonarista Capitão
Wagner (Pros).
O desgaste do PT e a memória distante dos governos do partido explicam parte dos números. A apatia é outro fator relevante. No Rio, Benedita da Silva tem 9% entre os mais pobres, empatada com Marcelo Crivella (Republicanos). Outros 28% declaram voto em branco ou nulo.
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