A
reabertura virá, só não se sabe quando
Ideias,
princípios e valores que catapultaram Jair Bolsonaro para o cargo que ocupa
foram convalidados na eleição municipal deste ano que deu a vitória às forças
da direita e do centro, e outra vez assim será em fevereiro próximo quando a
Câmara dos Deputados e o Senado escolherem seus novos dirigentes.
Candidatos
a prefeito e a vereador apoiados por Bolsonaro podem ter sido derrotados, mas
ele não foi. E disso também informam as pesquisas mais recentes de avaliação do
governo, do presidente, e de intenção de votos para 2022. Com mais de 180 mil
mortos pela pandemia, a aprovação de Bolsonaro permanece estável.
Os que apostam no seu eventual fracasso nas urnas daqui a dois anos argumentam que a economia em 2021 atravessará seu pior momento. Aumentará o número de desempregados e faltará dinheiro para quase tudo, inclusive para o pagamento do auxílio emergencial contra o vírus, tenha ele o nome que tiver.
De
resto, de acordo com os mais otimistas, emergirão os dispostos a enfrentar
Bolsonaro, o que fará muita diferença. Por ora, ele galopa sozinho sem que
ninguém o acosse. O distinto público observa à distância e de maneira
desinteressada. Quando os demais cavaleiros entrarem na raia, tudo mudará. A
ver.
O
raciocínio pode até fazer algum sentido, mas está longe de enfraquecer a
condição de favorito de quem se candidata à reeleição. Dizia-se que Bolsonaro
não sobreviveria a sua trágica performance durante a fase mais assassina do
coronavírus. Pois sobreviveu sem que se registrassem danos à sua imagem.
Diz-se,
agora, que corre o risco de ir para a estrebaria se a vacinação em massa, sem
data marcada para começar e sem meios adequados para ser aplicada, frustrar a
expectativa da população ansiosa por virar a página do ano mais sofrido de sua
vida. Não é o que parece. O vírus ideológico joga a favor de Bolsonaro.
A
resiliência do brasileiro é notável, o que significa sua capacidade de
assimilar golpes sem reagir à altura. É o que explica o fato de o Brasil ser um
dos países de maior concentração de riquezas do mundo. Explica porque nele
dá-se o nome de “bala perdida” aos projéteis que matam inocentes, e fica tudo
por isso mesmo.
O
general Golbery do Couto e Silva, um dos arquitetos do golpe militar de 64 e,
mais tarde, do processo de abertura política do regime, valeu-se de termos da
cardiologia para ilustrar o que acontece também com a política. Sístole
quer dizer fechamento. Diástole, distensão. São dois estágios do ciclo
cardíaco.
Entende-se por sístole a fase de contração do coração, em que o sangue é bombeado para os vasos sanguíneos. Diástole é a fase de relaxamento, quando o sangue entra no coração. A ascensão de Bolsonaro ao poder é mais uma fase de sístole do processo político. A diástole virá, só não há sinais dela no horizonte. Isso é ruim.
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