Correio Braziliense
O PSDB anunciou entendimentos
com o MDB para formar uma federação que envolveria ainda o Cidadania, na linha
de articulação de um bloco político capaz de pôr de pé a chamada terceira via
A estrada que liga São Paulo ao Palácio do
Planalto é tortuosa e cheia de obstáculos. Para o governador tucano João Doria,
os problemas começaram na Marginal Tietê, onde um acidente supostamente
provocado pelo “tatuzão” das obras do metrô abriu uma enorme cratera, ao romper
uma galeria de esgoto ao lado do poço de ventilação construído entre as futuras
estações de Santa Marina e Freguesia do Ó.
Não houve feridos, mas as obras foram
interrompidas, o esgoto invadiu o túnel do metrô, o equipamento de escavação
foi seriamente danificado e a marginal acabou bloqueada, no sentido Ayrton
Sena. Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, a
galeria de esgoto que passava 3 metros acima do “tatuzão” se rompeu e a pista
desmoronou, por volta das 9h de ontem. O presidente Jair Bolsonaro, que na
véspera havia visitado Franco da Rocha, ironizou a situação: “Semana que vem a
gente conclui a transposição do São Francisco. Em São Paulo, eu vi a
transposição do Tietê”, afirmou à saída do Palácio do Alvorada, ontem.
O acidente é tudo o que Doria não precisava num momento delicado de sua pré-candidatura. O governador tucano está sendo pressionado pelos correligionários a deixar o Palácio Bandeirantes mais cedo e andar pelo país, mas não haveria momento pior do que esse para se desincompatibilizar do cargo.
Nas últimas 24 horas, a variante ômicron
registrou 17 mil casos e 209 mortes em São Paulo. Vencer a nova onda, vacinando
as crianças paulistas, continua sendo um grande ativo eleitoral para Doria, mas
isso ainda está distante.
A nova onda de covid-19 é uma externalidade
negativa. O acidente do Metrô, não — esse é um problema de sua administração.
Deixar o cargo com as obras interrompidas, em vez de inaugurar duas novas
estações do metrô num dos bairros mais icônicos de São Paulo, não rende um bom
card de campanha, mas “memes” negativos nas redes sociais.
Como sempre faz, Doria não fugiu do
assunto. Em entrevista, anunciou que a empresa responsável pela obra, a
Acciona, terá que arcar com os prejuízos e reiniciar os trabalhos de construção
das novas estações o mais rápido possível
Federações
Antes que o acidente contaminasse o noticiário
político sobre a candidatura de Doria, a cúpula do PSDB criou um fato novo para
compensar o desgaste momentâneo da não aprovação do indicativo de federação
pela Executiva do Cidadania, na terça-feira. Bruno Araujo, presidente do
partido, anunciou entendimentos com o MDB para formar uma federação que
envolveria os três legendas, na linha de articulação de um bloco partidário
capaz de pôr de pé a chamada terceira via.
Não é uma tarefa fácil, porque o acordo
envolveria mais dois pré-candidatos à Presidência, Alessando Vieira (Cidadania)
e Simone Tebet (MDB), e administrar um complexo xadrez eleitoral nos estados. O
problema da precedência dos governadores que correrão à reeleição e dos
senadores que pretendem disputar governos estaduais está instalado em muitos
estados, além da delicada engenharia de formação de chapas proporcionais, nas
quais os candidatos de ambos os partidos possam ser competitivos.
Nos três partidos, há resistências
regionais robustas, que precisariam ser vencidas com muita negociação para
evitar rupturas. A ênfase de Doria na articulação de uma grande coalizão
política de centro, por meio da formação de federações, é uma resposta também
às tentativas de “cristianização” de sua candidatura.
O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) não esconde
de ninguém o desejo de que Doria desista de concorrer à Presidência. Alega que
o pré-candidato tucano não emplacou, devido aos persistentes 2% nas pesquisas
de intenção de voto. Líderes tucanos como os senadores Tasso Jereissati (CE) e
José Aníbal (SP), apoiam a candidatura de Simone Tebet. Uma ala do MDB deseja
embarcar na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A formação
da federação com o MDB, anunciada por Bruno, por hora, é um bom factoide
eleitoral. Se vingar, porém, será uma proeza política.
Congresso
O Congresso retomou os trabalhos, ontem, em
solenidade que contou a participação de Bolsonaro e do presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Em sua mensagem na reabertura do ano
legislativo, o presidente pediu que os parlamentares aprovem a reforma
tributária. “Diversos projetos legislativos merecem atenção e análise do
Congresso Nacional, neste ano de 2022, para a consecução dos programas e das
políticas públicas em curso. Aqui, destacamos o da Portabilidade da Conta de Luz,
o do Novo Marco Legal das Garantias e o da Reforma Tributária”, disse.
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG) defendeu a ciência e as vacinas e classificou como “um desafio” a
defesa da democracia no ano eleitoral de 2022.
Um comentário:
Doria teve muita sorte ao se eleger prefeito e governador,para ser presidente são outros quinhentos.
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