Bolsonaro continua encarcerado em sua bolha, e foi para agradá-la que marcou certa presença cautelosa nos atos. Mas sabe que precisa avançar ao centro para ter alguma chance de chegar mais perto de Lula na eleição, e a narrativa golpista de colocar as Forças Armadas para contar votos só conseguiu assustar esses setores. Foi lembrado que, na última investida antidemocrática, no 7 de setembro, amargou o crescimento de sua rejeição nas pesquisas por quatro meses.
Não
por acaso, a frente democrática que Lula tenta construir em torno de sua
candidatura avançou nos últimos dias, quando vimos personagens como João Doria
defender o diálogo com o petista e como Armínio Fraga declarar voto nele num
segundo turno. Mesmo setores antipetistas do establishment já admitem, nas
conversas, que diante de um presidente que prega o golpe – e que tem grandes
chances de desferi-lo se for reeleito – e Lula, não há alternativa a não
ser ficar com o segundo.
É
por aí que as tentativas de comparar Lula e Bolsonaro, como fez parte da mídia
nas manifestações de 1 de maio, vão ficando cada vez mais sem sentido. Dizer
que os atos sindicalistas dos aliados de Lula foram tão esvaziados quanto as
manifestações golpistas de Bolsonaro é comparar laranja com abacaxi.
Uma
coisa não tem nada a ver com a outra. Há muitos anos as centrais sindicais
fazem atos e reúnem sindicalistas e simpatizantes – às vez mais gente às vezes
menos, mas são manifestações desse público, que não atraem e nem convidam
outros grupos. Lula tinha que estar lá, mas o ato do Pacaembu não era, e não
foi planejado para ser um comício do petista. Não serve de medida política para
nada.
Manifestantes
saem às ruas em 26 capitais em atos de apoio ao presidente Bolsonaro e contra
STF – Foto Reprodução Tv Globo
Já
os atos convocados para bater no STF e pregar o golpe tiveram a clara intenção
de reunir muita gente e amedrontar a população e as instituições da
democracia. Não conseguiram. Seu esvaziamento, sim, serviu de
medida para alguma coisa: o esvaziamento de Bolsonaro e sua bolha golpista, e a
configuração que começa a se consolidar no quadro eleitoral: de um lado, o
risco à democracia; de outro, todos os que são contra o golpe, que representam
a ampla maioria.
A novidade é que Lula, cada vez mais, agrega essas forças em torno de sua candidatura.
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